Uma casa na praia
Nos idos dos fundos comunitários de Cavaco Silva primeiro-ministro toda a clientela política melhorou a qualidade de vida, sua e dos descendentes, enquanto os espanhóis construíam transvases, por exemplo. Agora, depois de um período de seca, vão toneladas de decalitros de água para o oceano. E agora é igual ao litro. Ou a chorar no molhado. Ou a quanto mais choras menos mijas. E a haver transvases construídos toda esta águinha podia ser aproveitada para regar campos de golfe no Algarve, incluindo aquele que foi aprovado com o silêncio da nulidade política que ocupa o cargo de ministro do Ambiente, e que dá pelo nome de Matos Fernandes.
Por outro lado houve um tempo em que se aprendia na escola a lezíria ribatejana que no inverno ensopava de Tejo a servir de fertilizante para as culturas. E o Mondego dos arrozais, que está agora alagado com as cheias. Do que é que as pessoas que ficaram com a casa de molho se queixam concretamente?
E que o nome dos sítios e das localidades não era assim porque sim, mas porque havia uma razão para tal, uma razão que se perdia nos tempos e na experiência de gerações e gerações que ali tinha vivido antes de nós. Por exemplo, o Rio da Figueira e a Ribeira do Livramento, em Setúbal, com o rio e a ribeira hoje tapados por alcatrão e casas à volta. Também se queixam muito da água quando chove. Ambos, os clientes políticos do PSD de Cavaco Silva e os residentes nas zonas a que não ligam a ponta de um corno ao nome nem às regras da natureza e insistem em eleger executivos camarários que urbanizam por cima de toda a folha, caduca e persistente, têm agora casas na praia, os primeiros, os de Cavaco, com campo de golfe também. Do que é que se queixam concretamente?
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