||| Truca-Truca
Como é por todos sabido um verdadeiro católico, temente a Deus, crente em Nosso Senhor Jesus Cristo e obediente ao Santo Padre e à Santa Madre Igreja, só "lá vai" para fazer filhos.
O que os meritíssimos juízes do Supremo Tribunal Administrativo nos estão a dizer é que 50 anos e já passou o prazo, fechou a fábrica. Temos pena. E temos Fátima todos os anos duas vezes por ano, e o casal debaixo dos lençóis, e o pudor de ver o cônjuge nu, e o prazer vedado à mulher, e o prazer é fora de casa. Mantêm-te no teu lugar. Cala-te!
Pare os meritíssimos juízes do Supremo Tribunal Administrativo o poema do “Truca-Truca” que Natália Correia dedicou em 1982 ao deputado do CDS, João Morgado, durante o primeiro debate parlamentar sobre a interrupção voluntária da gravidez após ter afirmado que "o acto sexual é para fazer filhos".
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.