"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E enquanto proferia esta genialidade era muito aplaudido no Parlamento pelas bancada do PSD e do partido que não existe enquanto o ministro da Habitação abanava a cabeça em sinal de concordância.
[Imagem poster de propaganda sovietico "Every kitchen-maid must learn how to rule a state (Lenin). Forget about your kitchen and join Soviet elections!"]
Não sabemos qual a margem de manobra de Ricardo Araújo Pereira no Isto É Gozar Com Quem Trabalha semanal, se tem liberdade total, se tem balizas, se obedece a guião, mas a verdade é que na entrada para a recta final da campanha tivemos Luís Montenegro na televisão do militante n.º 1, depois de uma peregrinação a Fátima, para se gabar de quão bom é, ele e o seu Governo e, para a reboque de perguntas para partir o coco a rir na assistência sem gargalhadas enlatadas, continuar a mentir com aquele característico sorriso cínico nos lábios, que o país é quase das maravilhas desde que está primeiro-ministro, e que o Serviço Nacional de Saúde está bem melhor do que "há um ano atrás" [nunca ninguém lhe pergunta se há "há uma ano à frente" ou "há um ano ao lado"], no tempo do "socialismo".
Por uma daquelas coincidências ditas do caralho, no dia a seguir o Correio da Manha fala em "ALARME", que a mortalidade infantil sobe 20% em ano de urgências fechadas, o de 2024, o dele, não se pode agarrar ao "socialismo", o do "farol" Montenegro, o da "montenegrização do país", o ano dos constrangimentos, nesta novilíngua que as televisões assumiram. Uma azar do caralho para o Governo com mestrado em propaganda, logo um dos indicadores sobre o estado de desenvolvimento do país, um dos apontados sucessos da democracia, e do Serviço Nacional de Saúde, contra a criação do qual a direita votou contra.
Deportações de estrangeiros, indocumentados e sem autorização de residência, sempre as houve, todos os governos as fizeram, a novidade é serem publicitadas e celebradas, usadas como arma de propaganda em campanha eleitoral. Daqui para a frente vai ser sempre a descer, quando a direita alegadamente do "sentido de Estado" começa a dizer em público e em voz alta aquilo que só se atrevia a pensar baixinho e em privado.
A genialidade da comunicação do Governo levou a que o cancelamento do 25 de Abril e transferência para o dia 1.º Maio tivesse como designação "São Bento em Família" sem que lhes ocorresse como subtítulo "Alegria no Trabalho". A questão que se coloca é se foi assim por ignorância da carga "em família" associada a qualquer coisa saída das traseiras da Assembleia da República ou se foi assim propositadamente pelo Governo do partido saído da União Nacional a encostar ao eleitorado do filho desavindo fundador do partido da taberna.
Tudo falhou, da internet à Protecção Civil. Safou-se quem tinha um velhinho rádio a pilhas e umas velas do chinês. Estudassem. Safou-se quem tinha no bairro uma loja do chinês ou uma lojeca de um árabe no lugar onde antes havia mercearias tugas. Estudassem. Só não falhou a propaganda. Propaganda contínua, perdão, um conselho de ministros contínuo para dizer nada e para os ministros terem acesso à net e à rede eléctrica a partir de S. Bento. Estudassem. "A culpa não foi nossa", Leitão Amaro. "A culpa não foi nossa", Luís Montenegro. "A culpa não foi deles", Marcelo não pareceu para dizer. Apareceu Montenegro em "trabalho de parto" na Alfredo da Costa. Mais propaganda. Estudassem. E ninguém lhe perguntou se tinha ido saber das mulheres que não deram entrada em Setúbal, Barreiro, Montijo, Almada, no Serviço Nacional de Saúde que está melhor que "há um ano atrás". Estudassem.
Agora imaginem os anos da pandemia conduzidos por este bando de incompetentes pantomineiros propagandistas...
No passado sábado entrei às 20 horas na urgência do S. Bernardo em Setúbal a acompanhar um familiar octogenário. Foi-lhe atribuída pulseira amarela, na "Triagem de Manchester" doente urgente, até 60 minutos de espera. Foi visto pelo médico às 5 da manhã, 9 - nove - 9 horas depois, saiu no domingo às dez da manhã. Diz Luís Montenegro, com aquele permanente sorriso cínico de quem está a gozar com toda a gente, que “há um ano atrás a Saúde estava pior do que está agora”. Tem razão Montenegro, um ano depois não há aberturas de telejornais com directos intermináveis na porta das urgências, com a prestimosa colaboração de familiares acompanhantes que andavam lá por dentro, de telemóvel na mão, a filmar à socapa para passar as imagens à televisão do Correio da Manha [sem til] ou aos sucedâneos Now e CNN Portugal. Um ano depois não há histerismo induzido. Um ano depois a última grávida que pariu numa ambulância ainda a Temido era ministra e, antes dessa, tinha sido no tempo do Correia de Campos. Um ano depois não há caos nas urgências, há "constrangimentos". Bem podiam os alegados jornalistas esmerar-se e perguntar a Luís Montenegro como é que a Saúde está em relação "há um ano ao lado" ou "há um ano à frente" porque em relação "há um ano atrás" só quem por lá passa sabe que o primeiro-ministro mente com quantos dentes tem na boca com a ajuda de quem trabalhou para o meter no cargo que ocupa.
Luís Montenegro diz que partilhou valores universais no funeral do Papa. Tipo ser sonso e dissimulado, arranjar esquemas manhosos para ganhar a vidinha numa nebulosa entre poder político-partidário e empresas privadas, esquivar-se a dar respostas, mentir com quantos dentes tem na boca.
Marcelo, o parolo: fiquei ao lado deste, à frente daquele, atrás do outro. Marcelo, o chibo: pude ouvir a conversa entre Trump e o presidente da Eslovénia e falaram disto e falaram daquilo.
Para os partidos herdeiros da União Nacional do Estado Novo que se reclamam da "fundação do regime democrático" mas que sempre tiveram um problema com o 25 de Abril de 74, real e simbólico, o 25 é outro, o de Novembro de 75, todos os motivos são bons, óptimos, para ignorar a data e o artigo 41.º ponto 4 da Constituição da República Portuguesa, "As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado". Portanto dia 25 de Abril todos à Avenida!
Um partido de oportunistas, saudosos do antes do 25 de Abril de 1974, saídos de dois partidos da alegada direita democrática, herdeiros da União Nacional, o partido único do regime deposto no dia 25 de Abril de 1974 e que se reclamam da "fundação do regime democrático", infiltrado, com conhecimento e bênção do líder, por grupelhos fascistas e neo nazis com ampla aceitação nos fóruns e nas redes sociais das polícias, as polícias que carregam em ombros o líder da agremiação de oportunistas saudosos do antes do 25 de Abril. Obviamente que as polícias e um Governo liderado pelos partidos-mãe iam concordar em "martelar" o relatório. A notícia é dada pelo "jornal" que durante anos promoveu o oportunista na primeira página, por tudo e um par de botas. "No tempo do Salazar é que era bom" e do "o Salazar é que faz falta" esta conta de somar aprendiam-na com a Tabuada do Ratinho, com a escola publica democrática não é preciso tanto para contar os ratos que entram nesta soma.
Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar de suporte ao governo da Troika, que fez o pino, o flic-flac, e mortais encarpados a defender o roubo dos feriados, o aumento da carga horária, e o fim das tolerâncias de ponto no Carnaval e na Páscoa, principalmente para os funcionários públicos, e que ainda achou mal a sua reposição pelo governo da 'Geringonça', é o Luís Montenegro primeiro-ministro que dá tolerância de ponto aos trabalhadores do Estado na tarde de Quinta-feira Santa por causa da prática habitual de deslocação de muitas famílias para fora dos seus locais de residência. Deixem o Luís gozar com os portugueses.
Conselho das Finanças Públicas alerta para efeitos nas contas públicas da revalorização salarial em várias carreiras da função pública e avisa que regras orçamentais europeias podem não ser cumpridas.
António Costa, por ter menos de 41 mil euros no banco e por isso estar dispensado de declarar qualquer conta à ordem, foi alvo de uma ataque cerrado da parte de ilustres - anteriormente conhecidos por "barões, comentadeiros, conhecidos e anónimos do PSD. Um fartote nas redes.
Luís Montenegro usou cinco contas distintas, todas abaixo dos 41 mil euros, para comprar uma casa no valor de 116 mil euros, o silêncio total. Se calhar ainda é elogiado pela "engenharia financeira."
O Ministério Público, que avançou com uma investigação a Mariana Mortágua por alegadamente violar o regime de exclusividade pelos escritos que publicava num jornal, nunca ouviu falar da chico-espertice que é Luís Montenegro receber avenças de entidades privadas enquanto primeiro-ministro de uma empresa que não era dele por ter vendido a quota à mulher com quem vive em comunhão de adquirido.
Marcelo, que aparecia a cada 5 minutos em todos os telejornais para comentar todos os assuntos da governação em temas onde nem sequer o ministro da tutela aparecia e que achou gravíssimo um assessor ter atropelado um vidro no ministério com uma bicicleta, acha agora natural Luís Montenegro ter na folha o pagamento de várias empresas para a sua morada e número de telemóvel.
Luís Marques Mendes, o candidato presidencial de Luís Montenegro, na calha para suceder a Marcelo, que enquanto comentadeiro na televisão do militante n.º 1 do PSD nunca se coibiu de surfar e amplificar a onda anti-Costa com origem na Santa à Lapa, agora acha uma irresponsabilidade a queda de um governo minoritário por causa do PRR e da "incerteza europeia e mundial", questões que não se colocavam ao governo de maioria absoluta PS, sem PRR para executar e sem guerra na Ucrânia, só certezas.
Marcelo, que na falta de tocar às campainhas andava feito criança pelo beco dos Távoras, pela máquina multibanco na Rua de Belém, a calcetar a esquina dos pasteis de Belém com os calcanhares, fez saber à televisão do militante n.º 1 que está irritadíssimo com Luís Montenegro, não pelas trafulhices que todos os dias vêm a público mas por não lhe ter comunicado que ia falar ao país. O nome do meio de Marcelo é Cardinali.