Por unanimidade e aclamação
Muito mais interessante que o barulho fomentado, por quem não viu a pela Fórmula 1 no Algarve nem as romarias a Fátima, sobre se o PCP deve ou não realizar o seu congresso, e amplificado por uma comunicação social que olimpicamente ignorou os jantares de Verão do Chaga com 800 e muitas pessoas, todas muito aconchegadinhas, é a discussão que não há, e estas coisas passam pelos pingos da chuva com uma total indiferença e até uma aceitável normalidade, sobre a redução do número de delegados ao congresso dos comunistas. Qual o critério para a redução? Porque é que vai este e não vai aquele? É por número de militante com direito a xis votos como nos clubes de futebol? Há militantes mais militantes que os militantes? Há organizações mais organizações dentro da organização? Quem decidiu e quem escolheu quem? O que é que pensam os delegados que viram a sua presença cancelada enquanto ao camarada do lado a ida era confirmada? Tanto faz a presença de 600 como a de 1200? Qual o papel de um delegado no congresso do PCP, aprovar por unanimidade e aclamação e no final cantar três hinos - Avante Camarada, Internacional e Portuguesa, a balançar o corpo compassadamente da direita para a esquerda?
Importante para a qualidade da democracia é ter o líder do maior partido da oposição, que ostenta "social-democrata" no nome, a tresler uma Lei, coadjuvado por um militante ex-juiz do Tribunal Constitucional, e um partido que realiza congressos com delegados por atacado para a coreografia nas televisões, e nas bancadas em tempos de normalidade.
[Na imagem "A general view of the 27th Congress of the Communist Party of the Soviet Union (March 1986)". RIA/ Novosti]