É amanhã
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Este fim-de-semana foi assim.
Se Me Amas ~ Xutos & Pontapés
[7" vinyl]
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Da música de Pedro Abrunhosa, morte-lenta a embalar os adeptos e o futebol da Selecção, já ninguém se lembra. Nunca ninguém se lembrou. Apesar da insistência com o tema, nos écrans dos estádios em karaoke, antes, depois e em todos os intervalos possíveis dos jogos e com o próprio, em tournée de playback, aos saltos pelo relvado da Luz num amigável de goleada. Isso agora também não interessa nada, os milhares de euros metidos pela Federação Portuguesa de Futebol no bolso do homem que fala sobre músicas já lá estão. "Vamos lá cambada, todos à molhada", isto é business total, a vidinha custa a todos e os últimos discos têm sido um flop de vendas. Ter amigos é isto.
[A imagem é a primeira página do diário i]
Depois do chamado boom do também chamado rock português, quando o mercado saturou devido à aposta das editoras em toda a merda que alinhavasse 3 acordes numa guitarra e dissesse yeah baby em mau português, que coincidiu com o também chamado boom das rádios piratas, em que qualquer maluco das engenhocas electrónicas num qualquer sótão tinha uma rádio e emitia para o seu bairro, e até para a sua cidade, quando bandas, como por exemplo os Xutos & Pontapés, não consigam gravar uma merda dum singlesito que fosse em vinil, porque o mercado estava saturado devido à ganância das editoras pelo lucro fácil, atrás do filão, foram essas mesmas rádios piratas, sempre um passo à frente das rádios mainstream, que se começaram a aperceber do sucesso que bandas, como por exemplo os Xutos & Pontapés, tinham, mesmo já fora do chamado circuito alternativo e, munidos de um gravador de cassettes roskof, começaram a gravar os concertos por esse país fora, que depois passavam nas suas rádios de sótão, e que fizeram que bandas, como por exemplo os Xutos & Pontapés, fossem talvez triplo disco de platina mesmo sem o terem alguma vez gravado, e que serviu como forma de pressão sobre as editoras, que tinham saturado o mercado e o ouvinte com a aposta em qualquer merda que alinhavasse 3 acordes numa guitarra e dissesse yeah baby em mau português, se vissem na obrigação de recomeçar a gravar bandas em português, como por exemplo os Xutos & Pontapés, para não perderem o filão que se adivinhava, assim a modos que uns Arctic Monkeys à dimensão nacional e antes da net.
Foi esta parte que o gordo pançudo Tim, de pantufas enterrado no sofá, se esqueceu de contar no ponto 8 de uma merdice que escreveu no Feiçe Coiso. Moral da história – o Tim não tem moral, tem uma conta choruda no banco, apesar de ser pobre e mal-agradecido.
Cheguei a esta pérola, escrita ao xuto e ao pontapé, via Jonas no Tuita.
[Imagem]
Adoro ver a praia dourada , O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar , Procuro o fundo pra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada dizer , Sorriso aberto de puro prazer
O que eu acho estranho é nunca ninguém ter achado estranho, ou sequer alguém alguma vez ter levantado a hipótese de haver um complô contra os ouvintes das rádios, por uma banda de rock-pimba manhoso passar a vida no éter 24 horas por dia 365 dias por ano, Natal e outras festividades incluídas, na maior campanha promocional orquestrada alguma vez em Portugal.
E são contra as playlists; dizem. Curioso… da parte de uma banda que de há 30 anos (pelo menos) a esta parte não sai das playlists… Agora sim, quer-me parecer que as coisas entraram na normalidade, se bem que, alegadamente, - o que eu gosto deste termo! - por motivos diversos dos que seriam exigidos para o caso: qualidade.
Escusava era José Marinho de, na ânsia de justificar as opções condicionadas da Antena 3, acabar a confirmar o que se mais temia: a música foi varrida da rádio:
Ai não fazia?! Mas faz todo o sentido ser a Antena
Adenda: se bem que tarde demais, finalmente os Xutos sentem na pele o que a generalidade dos músicos - que são engraçados mas não caíram em graça – sente, pela ausência duma máquina promocional de suporte no backstage.
(*)
(Na imagem Plummie by Mark Johnson)
Eu queria escrever qualquer coisa sobre a tal da música-de-intervenção-dos-Xutos-&-Pontapés-contra-o-Sócas, mas deparei-me com vários handicaps.
Primeiro, ainda gosto menos dos Xutos que de José Sócrates, segundo a música é uma merda e a letra… prontes, tá bem, consideremos “aquilo” uma letra. And last but not least, à época, apesar de puto, conheci e era amigo do Zeca Afonso.
Desculpem lá, mas não é por má vontade.
Com excepção talvez para os próprios e para a multidãozinha de fiéis seguidores, a importância dos Xutos & Pontapés na música moderna portuguesa, e particularmente no rock cantado em português, é igual a zero.
Uma carreira bem construída e alicerçada numa teia de amiguismos e cumplicidades, envolvendo editoras, media, e outros primos e parentes, mais ou menos chegados, no ramo musical. Nada de novo e nada que não se faça noutras latitudes onde os comércios musicais envolvem números com muitos mais zeros à direita. Não descobriram a pólvora; nem sequer a roda.
Num futuro próximo, quando se fizer a história da rock ’alhada lusa, fica um rodapé para uma banda que durou mais de 30 anos e cujos músicos morreram gordos e ricos.
O que (ainda!) me surpreende é a ausência de imunidades à teia; era para ter escrito “a amplitude do polvo”, mas achei que era forte demais, que leva a que, com uma véspera recheada de acontecimentos, que vão desde a polémica envolvendo os medicamentos genéricos e a Ass. Nacional de Farmácias, passando pelas declarações de Mário Soares e Vital Moreira sobre Durão Barroso, a prescrição pelo Fisco de 3, 7 milhões de euros, ou até Obama na Europa, o Público tenha optado por escolher preencher a coluna Blogues em Papel com o tema “Os Xutos & Pontapés Têm Um Novo Disco”. Dois blogues num happy Rejoice in the Lord, como não podia deixar de ser.
Mais um a juntar aos companheiros de longa data, Blitz e RFM.
Prognósticos para a próxima etapa: o dj Vibe (outro escorregadio destas andanças promocionais) remistura um tema dos Xutos. Aceitam-se apostas.
(Foto de Maciej Dakowicz via Daily Telegraph)
Adenda: 30 anos a ressacar (capitulo I)