"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Assange, o da liberdade de expressão, pelos do partido único e do pensamento único pelos media controlados pelo partido. Assange, o desmascarador do império 'amaricano' no Iraque, pela esquerda que não vê diferença de por aí além entre Hilary Clinton e Donald Trump, tudo 'amaricanos'. Assange, a mão atrás do arbusto na eleição de Trump, o 'amaricano' inimigo da civilização e da democracia. O tempo de uns já passou, o de Assange e o dos outros, o do outro, o que não faz grande diferença de por aí além com a Hilary, esse continua. Há uma "esquerda" que nunca falha, o Assange é só um pretexto.
Aqueles que conseguem dizer e escrever que o affair Julian Assange serve de pretexto para Rafael Correa [re]lançar o discurso anti-americano, anti-imperialista, e anti-imperialismo americano, sem sequer tocar ao de leve em 50 anos de repressivas e sangrentas ditaduras militares sul-americanas, com o alto patrocínio dos Estados Unidos; que os actuais dirigentes sul-americanos sofreram na pele, são descendentes de assassinados e torturados, ou nasceram durante a repressão dos generais e coronéis; que os Estados Unidos continuam, com mais Hope menos Hope, mais Change, menos Chage, a olhar para sul como quem olha para o quintal da frente, sem que tenha sequer passado pela cabeça a um, um só, presidente amAricano pedir desculpas pelas políticas dos anos passados. Vamos todos fazer de conta que somos muuuuuito burros e dar a outra face como no Novo Testamento.
Em Inglaterra, a mais velha futura ex Democracia do mundo, só se for ao amigo Augusto, o Pinochet. Nos States só a torcionários amigos, os nossos [deles] torcionários. Ou então fora dos States, em países aliados, com o aval dos States. Enquanto forem úteis à causa.
[Imagem,U.S.Secretary of State Henry Kissinger visits Pinochet, June 8, 1976, autor desconhecido]
Os cables da Wikileaks Portugal são valiosos por mostrarem o país do ponto de vista de um estrangeiro - assim uma espécie de Byron do séc. XXI -, e por porem a descoberto o jornalismo “arejado” (obrigado Chico Balsemão) e em segunda mão do Expresso. É a nossa sina.
A instalar com urgência (até ver e enquanto se aguardam os loops dos editoriais nos jornais e dos posts nos blogues sobre "traição" e "irresponsabilidade" do senhor australiano ) no BCP e no Ministério dos Negócios Estrangeiros. (Download gratuito).
«Wikileaks é o ponto alto de uma guerra, surda e suja, que os velhos poderes do mundo conduzem contra a Internet. A Internet gerou uma nova cultura assente na liberdade e sobretudo na liberdade de expressão. Uma liberdade que não se fica pelos enunciados, como é corrente nos discursos do velho poder, mas que se pratica ativamente, se distribui, interage, evoluí, como um organismo vivo. Um verdadeiro vírus, perigoso e subversivo para aqueles que acima de tudo têm pavor da liberdade, da criatividade, da imaginação e do talento de indivíduos livres.
(…)
A velha cultura deste poder instalado à sombra de democracias formais, resistente à mudança, corrupto na sua essência, hipócrita e secreto nas suas práticas, tem pouca viabilidade numa sociedade cada vez mais transparente. A consequência é o descrédito absoluto em todo o planeta na classe política e também no modelo económico vigente que, em boa verdade, comanda as operações.»
Depois de Guantanámo e do Afeganistão, Obama, por manifesta nabice inabilidade, compra e fica com o nome associado a mais uma guerra que não (é)ra sua. Com a entrega a empresas privadas de serviços e funções, algumas cruciais para a defesa nacional, que antes eram desempenhadas por agências governamentais, cada vez mais cables e leaks vai surgir “do nada”.