"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente armado em o Comentador, aparecer num causa nobre como é a da liga Portuguesa Contra o Cancro com o parlapié do "voluntariado, com tudo o que é dar mais do que receber significa, por tudo o que se dá se receber multiplicado", misturando tudo, causas sociais e ganância, na base do trabalho para aquecer que enche os bolsos dos Álvaros Covões dos Noses Alives, dos Paddys Cosgraves dos Webes Summites, dos Luízes Montezes dos Meos Sudoestes e Mecos, dos donos dos Lisboas Games Weeks e Iberes Animes desta vida, já depois de na Web Summit ter gozado com a inteligência dos portugueses ter atirado areia para os olhos dos portugueses com um "se fosse mais novo era voluntario, adorava ser voluntario num acontecimento mundial, estar de perto a ouvir grandes oradores mundiais" [a partir do minuto 04:50] como se o voluntário num evento desta natureza tivesse mais que uma jornada de sete horas de trabalho de pé, umas sandes como almoço, uma garrafa de água e nem tempo para se coçar quanto mais o "receber em triplicado" que fica nos bolsos de quem tem de ficar. Não ter a puta da vergonha na cara é isto.
António Costa, artista da rádio e da televisão, a enaltecer os méritos e a virtude de trabalhar de borla... err... do voluntariado e a dar como exemplo o ministro da educação na Expo 98 e os milhões que gera para os bolsos do Cosgrave, do Covões, do Montez, e da Medina filha, as outras Expos privadas desta vida. Muito bom. Trabalhar de borla. Um gajo de esquerda. Que se diz de esquerda. Não lhe ocorreu dar a Festa do Avante! como exemplo. Fica para a próxima. E os estagiários, uns porque estão habituados ao "voluntariado", outros porque estão habituados a deixar o cérebro em casa, caladinhos de microfone esticado e sorriso imbecil na cara. Ser de esquerda dá trabalho.
Álvaro Covões, da Everything Is New, a empresa que factura todos os anos milhões de euros em festivais de verão e outros concertos avulso, maioritariamente assegurados por mão-de-obra gratuita e sem direitos ou sindicatos, vulgo voluntariado, [há-de haver uma entrevista online onde o senhor se gaba à SIC Notícias de todos os anos recusar mais voluntários do que os que aceita], diz que "Se todos trabalhássemos mais uma hora se calhar este Portugal seria melhor". Não ter a puta da vergonha na cara é isto ou, se todos os totós, contribuidores voluntários para a engorda da conta bancária do senhor festivais, trabalharem ainda mais uma hora sem piar e a troco de um livre-trânsito que lhes permite voluntariar em todo o recinto do festival e almoçar uma sandes de ovo ou atum, se calhar um dia destes o Coachella vem da Califórnia para o Passeio Marítimo de Algés.
"Nós dissemos que o trabalho voluntário este ano não era admitido no festival. Pior que a fome é a falta de dignidade. E o que é a falta de dignidade? É o homem não ter trabalho. [...]. Temos 5 mil pessoas a trabalhar. [no recinto do festival NOS Alive]".
Ver um economista, professor universitário, ex-vice-governador do Banco de Portugal, ex-secretário de Estado, ex-ministro de Estado e das Finanças, ex-qualquer coisa em tudo o que é e foi banco, ignorante, que não percebe a diferença entre voluntariado - algo que se faz em prol do bem comum, de livre e espontânea vontade, um dever ético e moral, dependendo da formação humana de cada um, e subsídio de desemprego - um direito, adquirido pelo cidadão por via dos descontos sobre um salário, recebido em troca da venda do esforço de trabalho, uma espécie de mealheiro para fazer face a algum percalço ao longo da sua carreira profissional e contributiva, e dar como exemplo o pós-guerra na Europa, um lapso freudiano sobre o que o Governo do seu partido anda a fazer a Portugal e à economia, arrasar e destruir, causar o maior número possível de baixas, mortos e feridos, para depois começar do grau zero e então crescer alarvemente.
Desculpem mas não consigo dizer isto de outra maneira: João Maurício, vai trabalhar malandro! Limpar matas, ao invés de, ocioso, largar postas de pescada sobre como deve ser a nova ordem e o homem novo, e, de preferência, a troco do salário mínimo.
«O objetivo deste projeto de resolução […] é recomendar ao Governo que desenvolva mecanismos de valorização e e reconhecimento das competências adquiridas através da educação não formal […].
Cada vez mais, estas competências são hoje mais-valias reconhecidas pelo mercado de trabalho no recrutamento, sendo, por isso, importante credibilizar e certificar essas mesmas competências.»
Quem 'escreveu' o título do post, quem 'ditou' o seu conteúdo. Esta gentinha além de não ter vergonha nenhuma na cara ainda goza com a cara do povo. Depois do dô-tôr, e braço direito do primeiro-ministro, Miguel 'Novas Oportunidades' Relvas, Novas Oportunidades para as jotas, quiça pela militância nos escuteiros e no Banco da senhora Jonet.