"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E, como já estamos no século XXI e já somos todos crescidinhos com as lições da História, que tal deixarmos de lidar com a questão em modo Frankie Goes To Hollywood, Two Tribes lyrics – "When two tribes go to war, a point is all that you can score", de dividir o mundo entre os bons e os maus, estar com um pé atrás com tudo o que vem ou possa vir da Mãe-Rússia imperial, saudosa do império perdido com a implosão da União Soviética, de andar com os dois pés atrás, e a reboque, da Alemanha do lebensraum, e onde não cabe a Europa toda, de estar de braços abertos à espera que venha o amigo amaricano fazer prova de vida fardado de polícia do mundo, e perguntar à parte interessada, os cidadãos da Crimeia, da Crimeia que já anda em bolandas há mais de 300 anos, o que é que querem fazer da vida deles, como consta no Artigo 7.º, Relações Internacionais, 3. "Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão", e com isto encostar todas as partes interessadas, e menos interessadas, à parede e, em menos de um fósforo, descobrir quem está e quem não está de boa-fé?
Isto acontece na Galícia, ou na URSS, consoante o ponto de vista, dos 23 milhões de mortos na II Guerra Mundial, quase, ou só, também dependendo do ponto de vista, 70 anos depois. Deve vir dali grande democracia, deve…
Ver Durão Barroso na televisão, blah-blah-blah, "de muitos, muitos ucranianos verem o seu futuro na Europa", blah-bla-blah, "dentro de um espírito que seja bom para a Ucrânia", blah-blah-blah, com a cúpula do Reichstag e a cruz de ferro de Friedrich Wilhelm III com a águia prussiana no topo, como pano de fundo ambiente de trabalho. Sim, é mesmo disso que a Ucrânia está à espera, isso é música para futuros candidatos.
Nas notícias substituir União Europeia por Lebensraum e à frente de Ucrânia abrir parêntesis, Galícia, fechar parêntesis. A "mãe" Rússia está onde sempre esteve, a Europa tem dias, e tanto pode estar hoje dentro do Limes como amanhã já não estar. E a Alemanha também tem o "colo" da Rússia sempre garantido. Ferreira Fernandes tem razão, Viktor Ianukovich está a ver mais longe.