"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Augusto Brinquete, reformado aos 61 anos de idade, não, não é gralha, é mesmo sessenta e uma anos de idade, com 5 mil euros mensais, merece, trabalhou para isso, a contar histórias de porcos e de lobos.
"É um pouco como a fábula dos três porquinhos. Isto é, se nos esforçarmos por construir uma casa de pedra, resiste mais ao sopro do lobo, do que se estivermos a construir uma casa de palha",
Vítor Bento não se esquece do Banco de Portugal que não se esquece de Vítor Bento que é promovido pelo Banco de Portugal, por mérito, após 8 anos de licença sem vencimento em que Vítor Bento não meteu os pés no Banco de Portugal.
"Há uma voz de sempre, Que chama por mim, Para que eu lembre, Que a noite tem fim".
E há quem viva acima das suas possibilidades e há quem viva dentro das possibilidades dos outros e não se iniba de evangelizar e moralizar, os outros, por viverem acima das suas possibilidades quando na realidade sustentam e suportam as possibilidades, deles próprios, dos evangelizadores.
"Ainda procuro, Por quem não esqueci, Em nome de um sonho, lai-lai-lai".
E bom é no privado onde não há a figura da "licença sem vencimento", que é coisa dos madraços do Estado, nem sequer a promoção presencial e por mérito que em períodos de resgate, ajustamento e crise não se limpam armas. Fica para a próxima homilia moralizante.
Competente e idóneo, acima de tudo idóneo, não se cansam nunca de repetir. É com estes adjectivos e substantivos que Vítor Bento aparece sempre embrulhado de cada vez que se fala de Vítor Bento.
E até pode voltar para o Conselho de Estado, dizem. Assim Cavaco Silva o queira porque o lugar continua vago. Isto não devia surpreender ninguém vindo de alguém que consegue ser promovido por mérito após 8 – oito – 8 anos de licença sem vencimento. "Licença sem vencimento", figura que não existe no privado. "Os manhosos do Estado". "A viver encostados". "A viver acima das nossas possibilidades". "No privado é que era". "Logo lhe contava um conto". "Blah-blah-blah". Competente, idóneo, amigo do seu amigo, um português à maneira antiga.
«Dois meses depois de ter sido cooptado e de ter assumido a liderança do BES, Vítor Bento está de saída do Novo Banco e não vai receber qualquer indemnização»
Os novos cartões de crédito do Novo Banco, com nova imagem, assim como o da imagem, só que no lugar do 'Pai dos Povos' as efígies dos 'Pais de Portugal', que os Donos caíram temporariamente em desgraça, e que insistiram com pagode ignaro para não confundir o Grupo Espírito Santo com o Banco Espírito Santo, sólido que nem o calhau Cabeça da Velha na Serra de Estrela e solvente como as pastilhas de Vitamina C com muitas borbulhas dentro do copinho de água.
Cavaco Silva – O Avisador; Pedro Passos Coelho – primeiro-pantomineiro; Maria Luís Albuquerque – Miss Swaps; Carlos Costa – Administrador Plenipotenciário do Governo da Banca no Banco de Portugal; José Gomes Ferreira – especialista em assuntos económicos não especializados e sub-director de informação na televisão do pensamento único, SIC.
Cada cartão com cada um. Ou todos juntos, de perfil, como nos murais dos grupelhos éme-éle a seguir ao 25 de Abril de 74.
Quando o "simbolismo" da imagem de seriedade que se quer passar para o eleitorado passa por convidar Vítor Bento para o palanque, assim de repente, o Vítor Bento trabalhador-invisível das promoções por mérito, o Vítor Bento da suspensão da democracia, estamos conversados.
Adenda: Ainda com uma secreta esperança de ser hoje o dia em que João Proença denuncia o acordo de concertação social por o Governo continuar a não cumprir e a adiar as medidas para o crescimento e emprego, esta parte foi copiada de um discurso de Pedro Passos Coelho, não foi?!
Entretanto o nomeado por Cavaco Silva Conselheiro de Estado Vítor Bento, chegado de uma licença sem vencimento de 8 – oito – 8 anos no Banco de Portugal em que foi promovido por mérito, pelo mérito de andar 8 anos a tratar da vidinha no privado, perdão, acabado de chegar de Marte, e sem ter a noção da crise económica e social em que o país se viu obrigado a mergulhar pela mão Governo de iniciativa presidencial, do Presidente que o nomeou Conselheiro de Estado:
E serviço público de televisão era, de cada vez que nos debates televisivos interviesse um paineleiro, passasse em rodapé o curriculum vitae do ilustre. Por exemplo, no Prós e Contras desta segunda-feira, falava António Borges e apareciam ali as letrinhas a correr devagarinho da direita para a esquerda:
Vice-Governador do Banco de Portugal, ex-Vice-Presidente do Conselho de Administração da Goldman Sachs, ex-Administração do Citibank, ex-BNP Paribas, ex-Petrogal, ex-Sonae, ex-Cimpor e ex-Vista Alegre, ex-qualquer coisa no FMI, actual conselho de administração da Jerónimo Martins e ministro do Governo PSD-CDS/PP para as privatizações.
Falava depois Vítor Bento e novamente o rodapé deslizante:
Conselheiro de Estado, director do Departamento de Estrangeiro do Banco de Portugal, ex-presidente do Conselho de Administração da SIBS, administrador da Galp.
E assim sucessivamente.
E desta forma o cidadão mais distraído destas coisas do debate da Economia ficava a perceber melhor o que é que querem dizer quando lhe falam em baixar salários e em cortar reformas e pensões.
Este tal de Vítor Bento, nomeado Conselheiro de Estado pelo Presidente da República, é o mesmo Vítor Bento que foi promovido por mérito no Banco de Portugal, apesar de estar há 8 – oito – 8 anos com licença sem vencimento, o que ainda assim não o inibiu de advogar a «redução dos salários reais» daqueles que efectivamente, e sem promoções e licenças, trabalham? Bem me queria parecer…
(Na imagem Speakeasy Type Peephole In Steel Door via Chicago Tribune)