"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Até os vermes, que têm como objectivo único a supressão da democracia e a destruição do Estado de direito, podem recorrer das decisões judiciais em pé de igualdade com os outros seres humanos e com quem aspiram liquidar, e serem julgados, com isenção, por aqueles que seriam as suas primeiras vítimas [ver "Justiça Nazi, a lei do holocausto", Richard Lawrence Miller, Editorial Notícias, ou até mesmo Sebastian Haffner em "História de Um Alemão", Dom Quixote].
Em memória dos 77 assassinados, pelo activista de extrema-direita e fundamentalista cristão Anders Behring Breivik, na ilha de Utøya, Noruega, em 22 de Julho de 2011.
Era a única decisão possível. Como disse um dia o capitão Kurtz «It's impossible for words to describe what is necessary to those who do not know what horror means. Horror... Horror has a face...». E os batalhões de psicólogos a fazer pela vida. Desta vez ganhou a razão.
O Estado de Direito, e as instituições que criámos para o regular, têm destas coisas: um assassino confesso de 70 pessoas pode ir a tribunal, com orgulho, defender a sua “obra” e apregoar uma ideologia de ódio que, em última instância, visa a destruição desse mesmo Estado de Direito, ao passo que o juiz encarregue de o julgar não pode publicamente defender a aplicação de uma pena que nem sequer consta no ordenamento jurídico do país.
Terminada a II Guerra Mundial, o jeito que tinha dado aos criminosos nazis uma lavagem, carga completa e programa pré-definido com selector de temperatura para alterar em função das características da roupa, na máquina de lavar da Psicologia.
«Dificilmente alguém doente com uma psicose poderia ter planeado e executado um ataque terrorista com um tão elevado grau de precisão […]»
«... não entendo o que quer dizer com ficar perturbado com estas coisas porque eu, pessoalmente, não assassinei ninguém. Eu era apenas o director do programa de extermínio em Auschwitz». Rudolf Hoess, 11 de Abril de 1946, in As Entrevistas de Nuremberga de Leon Goldensohn.
Este "I have a message to those who attacked us. A message from the whole of Norway. You won’t destroy us. You won't destroy our democracy. We are a small but proud nation. No one will bomb us to silence. (…)" trouxe-me a memória a Table Talk de S. T. Coleridge em 1884:
«O direito à tolerância parece-me uma contradição. Algum critério deve em todo o caso ser adaptado pelo Estado; de outro modo será compelido a admitir todas e quaisquer doutrinas e práticas, por mais horrendas, que qualquer homem possa proclamar.
O único argumento verdadeiro a favor de uma tolerância discriminatória é que não adianta deter a heresia através da perseguição, a menos que, talvez, ela seja conduzida segundo planos de guerra directa e de massacre.»