"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Liberalizaram totalmente o mercado, sem exigências de segurança social, pensões, subsídios de desemprego, salário mínimos, sindicatos, horários de trabalho, dias de descanso e de férias, na esperança de 1 500 000 000 de consumidores para as marcas e corporações da "economia ocidental" e, quando lá chegaram, apanharam pela frente com um 1 500 000 000 produtores, sem quaisquer regras ou controlos de qualidade, laboral, individual, familiar. Argumentam agora, os liberais de pacotilha, que a globalização contribuiu para retirar 1 500 000 000 da miséria quando a globalização se limitou a meter 1 500 000 000 de miseráveis ao mesmo nível dos miseráveis ocidentais, ainda assim uma subida de rating. É o que o povo na sua imensa sabedoria chama de "ir à lã e sair tosquiado".
[Ursula von der Leyen] "instou Xi Jinping a tomar medidas para controlar a superprodução de bens industriais chineses que inundam o mercado europeu". "Uma China que joga limpo é boa para todos nós". LOL.
Cartilheiros militantes e militantes cartilheiros nas "redes", mais paineleiros e comentadeiros avulso com lugar cativo remunerado no prime time das televisões, que em 8 - oito - 8 meses de guerra mais que recusar condenar o fascismo russo justificaram a invasão e o genocídio na Ucrânia pelas tropas e mercenários de Putin, muito indignados pela saudação institucional da presidente da Comissão Europeia à neo-fascista eleita chefe do governo italiano.
[Na imagem de autor desconhecido tattoo de soldado soviético]
Depois do sucesso que foi a gestão da crise das dívidas soberanas, com contas de merceeiro a pensar nos "mercados", na salvação dos bancos e na nacionalização da dívida privada, ignorando que com pessoas empobrecidas e sem consumo não há capitalismo que resista, de onde nunca saíram regressam os mesmos de sempre com o sucesso anunciado da vacinação europeia, delineada a pensar nas multinacionais farmacêuticas, outra vez sem perceberem que se sem pessoas não há economia que resista e que as economias que primeiro conseguirem alcançar o objectivo imunidade de grupo são as que vão partir à frente na recuperação à escala global. São sempre os mesmos os mesmos de sempre, não é "a Europa", não é "a Comissão Europeia", nem tão pouco "os países do Norte" ou "os frugais", é o Partido Popular Europeu, desde 1999 à delinear os destinos da União Europeia. Até podíamos argumentar, como os minions da direita - PSD e CDS de plantão às "redes", que se fosse uma empresa privada a doutora Ursula Gertrud von der Leyen já há muito tinha sido despedida por incompetência, não se desse o caso de que a sua competência para governar para os grandes grupos económicos é que motivou a sua eleição e a mantém no cargo.
Quando era de esperar uma reacção coordenada e conjunta à "crise Covid-19" a Comissão Europeia anuncia que "vai suspender as regras impostas aos orçamentos dos países da União Europeia", que é como quem diz "amanhem-se, é cada um por si", que é como quem diz está outra vez em cartaz o filme de 2009, quando a ordem foi endividar e injectar dinheiro na economia como reposta à crise de 2008 provocada pela falência da Lehman Brothers, para depois virem os países do norte da Europa, de dedo em riste apontado ao sul, despesista, que vive acima das suas possibilidades e ainda gasta o pouco dinheiro que tem em putas e vinho verde. NÃO!
Mais uma vez a extrema-direita a cumprir a função para a qual foi criada: perpetuar no poder a direita do "sentido de Estado", com o voto da "aliança europeísta" constituída para derrotar a extrema-direita e salvar a Europa. Se o ridículo matasse...