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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Justiça por medida

por josé simões, em 21.06.07

O cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa apresentou uma queixa-crime contra o cidadão António Balbino Caldeira, enquanto dono e autor do blogue Do Portugal Profundo (http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/), responsável pela divulgação da notícia sobre os contornos da sua licenciatura na Universidade Independente. O cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa teve o cuidado de deixar bem vincado que, a queixa-crime, é feita enquanto cidadão no exercício dos seus direitos cívicos, e, que o facto de ser Primeiro-Ministro do Governo de Portugal, não é para aqui chamado. Só que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa faz-se de esquecido. Esquece-se que a notícia só é (foi) notícia porque o cidadão em causa é Primeiro-Ministro do Governo de Portugal. Caso contrário, o caso, nunca tinha despertado interesse.

 

Recentemente o PSarmou uma guerra”, porque o cidadão Alberto João Jardim enquanto presidente do executivo insular, de manhã procedia à inauguração de obras do seu Governo Regional, e, de tarde, participava enquanto cidadão líder do PSD Madeira na campanha eleitoral em curso.

O rescaldo

por josé simões, em 12.04.07

“Simplesmente patético! Um primeiro-ministro a defender-se como um arguido! Um primeiro-ministro a considerar insinuações as mais legítimas dúvidas da imprensa e da opinião pública!

Um primeiro-ministro que acha normal que um deputado, ministro depois, se matricule em curso superior e obtenha diploma académico de recurso (feito em três universidades diferentes), ainda por cima em estabelecimento não reconhecido pela respectiva Ordem profissional!

(…)

Um primeiro-ministro que considera normal e desculpável que os seus documentos oficiais curriculares sejam corrigidos e alterados ao gosto das revelações públicas!”

 

António Barreto

 

“ (…) Para começar, arrumou com brandura o caso da sua carreira académica, que afinal não é um caso. A Universidade Independente mandou e ele cumpriu. Quanto à burocracia, não sabe, nem se interessa. Quanto ao Dr. António José Morais, que lhe “deu” quatro cadeiras, não o conhecia antes. Quanto ao resto, toda a sua vida de estudante só revela “nobreza de carácter”, vontade de “melhorar” e de se “enriquecer” (intelectualmente). Um exemplo que ele, aliás, recomenda aos portugueses. Ponto final.

A minha ignorância não me permite contestar explicações tão, por assim dizer, “transparentes”. Claro que nunca ouvi falar de um professor que “desse” quatro cadeiras no mesmo ano ao mesmo aluno, nem um reitor que ensinasse “inglês técnico”, nem um conselho científico que fabricasse um “plano de estudos” para “acabar” uma licenciatura. Falha minha, com certeza. Se calhar, agora estas coisas são normais. (…) ”

 

Vasco Pulido Valente

 

“O único momento verdadeiramente surpreendente da entrevista do primeiro-ministro à RTP foi quando explicou que escreve o pronome seu no fim das cartas, para ser como o inglês yours. Isso e a ideia de que, afinal, o substantivo engenheiro não designa uma competência mas sim um rótulo social definiram uma entrevista que valeu pelo que não se viu. Desde logo não se viu o balanço dos dois anos do Governo, que era a justificação da entrevista. Ora, gastou-se mais tempo com a Independente. (…) “

 

Miguel Gaspar

 

“ (…) Conseguiu desmontar bem o alegado caso de assassínio de carácter, mas acabou por se atrapalhar nos pormenores. Ficou muito emperrado na questão da emenda dos documentos da Assembleia da República, bem como nas notas lançadas pela Independente a um domingo. As questões de facto foram remetidas para casos de secretaria. (…) “

 

Pedro Mexia

 

“José Sócrates não esclareceu porque falou tão tarde. Disse que estava à espera que decorresse o processo de investigação em relação à Universidade Independente mas este ainda está em curso. É uma falácia política. Qualquer cidadão colocado perante tantos factos – a questão da data de lançamento da conclusão do curso, estatísticas erradas que dizem que não houve licenciados no seu ano de curso – teria uma reacção: eu reconheço que a minha vida académica parece uma trapalhada, mas não é, porventura por culpa da instituição. Eu nunca vi um tão grande amontoado de factos erróneos, contradições. Não há como não admitir que a situação precisa de se explicar.”

 

António Lobo Xavier

 

“Há esclarecimentos que o primeiro-ministro não deu. Usou ou não de forma indevida títulos académicos a que não tinha direito? A resposta é sim, voluntariamente ou quanto mais não seja por omissão. Nenhum deputado permite que se reproduzam documentos que lhe atribuem títulos académicos que não tinha. Foi um jovem que se deixou deslumbrar. Quanto ao processo Universidade Independente caiu em contradições: hoje falou dos seus professores, ao Público disse que não se lembrava dos professores. Pode ser vítima de caos administrativo, mas isto tem de ser esclarecido. O caso não acabou.”

 

José Pacheco Pereira

 

O "Polvo" existe?

por josé simões, em 11.04.07

“Fomos surpreendidos pela profundidade das ligações, a profundidade das implicações. Hoje vemos que existem muitos interesses que procuram encerrar a nossa instituição de forma a calar a verdade e enterrar o passado. Para que nada se descubra. Outros querem apenas acertar contas e usam-nos como arma de arremesso.”

Pode ser lido em carta entregue pela SIDES – entidade gestora da Universidade Independente – ao ministro Mariano Gago.

 

Se assim é, o que é que falta saber? Que interesses são estes? Que “ligações” são estas? Qual, ou de quem é o passado que interessa “enterrar”?

Simples “teoria da conspiração”, ou acusações bastante graves a exigirem uma rápida investigação e um cabal esclarecimento?

Ou será que, como já por aí li algures, o ministro Mariano Gago limitou-se a varrer o lixo para debaixo do tapete?

A aguardar esclarecimentos...

por josé simões, em 10.04.07

Depois do blá-blá-blá de ontem do ministro Mariano Gago, o que falta esclarecer, retirado do Público de hoje:

 

Licenciatura

As perguntas mais importantes que esperam uma resposta do primeiro-ministro

 

1 Por que razão José Sócrates deixou o ISEL para acabar o curso na UnI?

 

2 José Sócrates pediu equivalência a 25 cadeiras das 31 que completavam a licenciatura na UNI. Acabou por receber equivalência a mais uma disciplina, ou seja, a UNI deu-lhe equivalência a 26 cadeiras. Por que motivo no ISEL teria de completar mais 12 cadeiras para se licenciar e na UNI apenas teve que fazer mais cinco?

 

3 António José Morais, então director do Departamento de Engenharia Civil da UNI, leccionou quatro das cinco cadeiras concluídas na Independente. Segundo o próprio, este grupo de disciplinas, algumas do 3º ano, outras do 5º, representava todas as cadeiras leccionadas por aquele professor na UNI. António José Morais foi, simultaneamente ao período em que lhe deu aulas, adjunto do secretário de Estado da Administração Interna, Armando Vara, colega de Governo de Sócrates, e mais tarde director do Gabinete de Equipamento e Planeamento do Ministério da Administração Interna.

3. 1 José Sócrates já conhecia António José Morais antes de este ser seu professor na UNI?

3. 2 António José Morais já havia sido seu professor no ISEL?

3. 3 Por que razão José Sócrates não identificou António José Morais como tendo sido seu professor, nas conversas que manteve com o Público, ao longo de uma semana?

3. 4 Quantas horas de aulas por semana compunham o horário curricular?

 

4 Nessas conversas que manteve com o Público, antes da publicação da primeira peça sobre o caso, Sócrates afirmou-se “insultado” pelas perguntas que lhe foram feitas, disse ter frequentado as aulas e concluído os exames com aproveitamento, mas nunca forneceu provas sobre o que afirmava.

4. 1 José Sócrates não guardou nenhuma prova documental da sua carreira académica? Nunca levantou nenhum dos diplomas?

4. 2 Qual o motivo que levou Sócrates a delegar no reitor da UNI todos os esclarecimentos, documentais ou testemunhais, sobre o caso, sabendo-se que Luís Arouca já havia estado na origem de indicações erradas sobre o seu currículo publicadas no jornal 24 Horas, em que terá referido cadeiras que não existiam no seu plano de curso?

4. 3 Por que razão Sócrates se recusou sempre a responder por escrito às perguntas formuladas, também por escrito, pelo Público?

4. 4 Como é que, durante quase uma semana, não foi capaz de citar um seu colega ou um dos seus dois professores na UnI?

4. 5 Qual o motivo por que não apresentou, por exemplo, a sua monografia de Projecto e Dissertação, tese final de curso?

 

5 Da matrícula de José Sócrates na UnI consta que não apresentou qualquer documento de prova das cadeiras já feitas no ISEC e no ISEL e só apresentou o atestado das 12 cadeiras concluídas no ISEL, em Julho de 1996, ou seja, quando estava praticamente a concluir o curso na UnI.

5. 1 A que se deveu este atraso?

5. 2 Como pôde a UnI aceitar a inscrição, aprovar um plano de equivalências, permitir a frequência de aulas e a realização de exames sem o documento que atestava as cadeiras finalizadas no ISEL?

 

6 Quatro notas das cadeiras concluídas na UnI foram lançadas em Agosto e o diploma tem data de 8 de Setembro de 1996.

6. 1 Sabendo-se ser anormal o lançamento de notas em Agosto, bem como a passagem de diplomas ao domingo, que justificação é dada para isso?

 

7 Numa das folhas consultadas pelo Público aparece a palavra “isento” no topo da página.

7. 1 Sócrates pagou propinas?

7. 2 Que valor foi fixado?

7. 3 A despesa entrou no IRS?

 

8 O reitor Luís Arouca disse por várias vezes que só conheceu Sócrates quando este ingressou na universidade. No entanto, em trocas de correspondência anteriores, Sócrates despedia-se “… do seu, José Sócrates”.

8. 1 Quando é que Luís Arouca e José Sócrates se conheceram?

 

9 A que se referia José Sócrates quando, num fax enviado a Luís Arouca que está no seu dossier de licenciatura, escreveu: “Caro Professor, aqui lhe mando os dois decretos (o de 1995 fundamentalmente) responsáveis pelo meu actual desconsolo.”

 

10 Por que motivo não foram corrigidos todos os erros constantes da biografia publicada no Portal do Governo, mantendo-se a referência errada a uma pós-graduação em Engenharia sanitária e continuando a ser omitido o MBA em gestão já depois do termo “engenheiro” ter sido substituído pelo de “licenciado em Engenharia Civil”?