"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Desde os idos dos PIN [Projeto Interesse Nacional] de José Sócrates, do saque ao património ambiental e natural para benefício de meia dúzia, a troco dos badalados magotes de empregos criados, directos e indirectos, mas nunca posteriormente escrutinados por quem fez primeiras páginas e abriu telejornais limitando-se a reproduzir notas de imprensa recebidas nas redacções, nem com os agentes políticos responsabilizados e penalizados em urna no dia das eleições. Parece que a propaganda ainda se mostra eficaz e produz resultados, agora na pele do futuro verde a fazer jus aos Expensive Soul, "Leça da Palmeira, a terra mais bonita de Portugal": despedir 120 para dar emprego a 25 mil. Como diz o povo, até o diabo se riu.
E não correm com este doido varrido à paulada do corpo docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto para fora? Afinal é de uma universidade pública que se trata, não uma de uma qualquer privada 'à lá César das Neves', há que zelar pelo bom nome e prestígio e uma coisa é a liberdade de expressão ou coisa completamente diferente é a expressão da imbecilidade.
Já houve um tempo em que estávamos todos calados, não eram divulgadas «coisas depressivas» nos jornais, nas rádios e, nos últimos anos, na televisão a preto-e-branco, não havia fome nem miséria, não havia crime nem violações nem pedofilia, havia uma guerra em África em que não morria ninguém, excepto para a família dos mortos, os maridos não batiam nas mulheres e as mulheres não abortavam e usavam saias, e toda a gente trabalhava, cantava e ria nos intervalos do futebol e das excursões a Fátima, porque não havia tempo para mais, que era o tempo para «inventar» protestos e reivindicações nos locais de trabalho e para discutir política a toda a hora e por dá cá aquela palha. Fomos deixando «as coisa correr» e evoluindo. Até fazer a bonita idade de 48 anos.