"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Justiça é passar de tempo parcial a "tempo completo" alguém que durante quase cinco anos nos andou a dizer que não tinha um modelo de baixos salários para o país enquanto indirectamente baixava os salários por via de sobretaxas, eliminação de subsídios de férias e Natal, aumento da carga horária, diminuição dos dias de férias e eliminação de feriados.
Justiça é passar de tempo parcial a "tempo completo" alguém que durante quase cinco anos nos andou a dizer que não tinha um modelo de precariedade para o país enquanto assinava contratos de formação profissional com a McDonald's, aumentava o tempo de duração da contratação a prazo, aliviava as fiscalizações da inspecção do trabalho, punha os organismos do Estado a subcontratar por intermédio de empresas de trabalho temporário.
Justiça é uma universidade pública contratar alguém que durante quase cinco anos nos andou a badalar a excelência do ensino privado e o mérito, o mérito de ser contratado por um presidente militante do partido, uma coincidência de certeza, longe de mim levantar suspeitas ou calúnias, esclareço já.
Justiça é o ensino público, do Estado, pago com o dinheiro dos contribuintes, contratar para docente pela experiência adquirida alguém que durante quase cinco anos andou a denegrir o Novas Oportunidades que certificava competências pela experiência adquirida.
Justiça é o ensino público, do Estado, pago com o dinheiro dos contribuintes, contratar para docente alguém que durante quase cinco anos andou a resmorder quem vivia na sombra do Estado, não saía da zona de conforto, os professores que podiam muito bem deixar de ser piegas, fazerem-se à vida, não faltava trabalho nos PALOP's.
Isto vale o que vale mas com determinados personagens vale mais, muito mais
Alguém vai deixar de ir estudar em Lisboa e no Porto para ir estudar para a Covilhã ou para Bragança ou para Évora ou para Castelo Branco ou para Beja? Sim e não.
Sim, os filhos das famílias das classes médias, médias-baixas das zonas industriais do Porto e Lisboa que, com mais ou menos sacrifício, passes sociais, alimentação,manuais e sebentas, conseguiam meter os filhos a tirar um curso superior na grande metrópole agregadora da região.
Não, os filhos das classes médias-altas e altas das zonas industriais de Lisboa e Porto que, com mais ou menos esforço, metem um filho a estudar a muitas centenas de quilómetros de casa, mais casa alugada, mais deslocações ao fim-de-semana, mais alimentação, mais sebentas e manuais escolares.
Salazar nunca se lembrou desta, um numerus clausus que permite aos filhos dos ricos continuarem a ser filhos dos ricos e assim sucessivamente.
Dando como exemplo ele próprio – que não é político, nunca foi político nem nunca será político, e o mal-baratar de milhões e milhões em fundos comunitários – o novo ouro do Brasil, como lhe chamaram; uma rede de compadrio e corrupção, a destruição do tecido produtivo do país, com o sector da agricultura e o das pescas à cabeça – pagar para abater e não produzir; a aposta no betão em detrimento do caminho-de-ferro; o investimento massivo em infra-estruturas no litoral do país e o abandono do interior; a criação e a engorda do "monstro". Realmente é preciso ter uma lata tamanho do mundo...