"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Relvas era "licenciado" e chamou a despropósito para a conversa os filhos Sócrates que teve uma história mal contada com uma licenciatura. O PS teve como cabeça de lista a um cargo de que não reza a história "um doutor de Coimbra, meu Deus!". Telefonam para os fóruns de opinião nas televisões e nas rádios e entram a tratar o jornalista-moderador por doutor[a] que trata o convidado por doutor. A doutora Fátima do Prós e Contras trata os convidados por doutor que tratam a doutora Fátima por doutora que passa a palavra a doutores na assistência que tratam por doutor os convidados da doutora Fátima. Crónica do Vasco Valente Correia Guedes que não tenha pelo menos 10 vezes "doutor" ou "engenheiro" não é crónica e quando quer insultar trata o João Galamba por senhor, sem doutor. O "doutor" que podemos encontrar a eito nas crónicas do doutor Gonçalves, ex-arrastadeira do "doutor" Relvas. Até no futebol o mister às vezes é "professor" ou "engenheiro".
Um dia tratei por tu uma vizinha, cabeleireira, que vi crescer de alpercatas e com o ranho pelo nariz, e levei com "de onde é que você me conhece para me tratar assim?". Doutora cabeleireira, talvez.
Com dizia o outro, se os doutores são portugueses então eu quero ser espanhol, onde toda a gente é tratada por tu, Mariano Rajoy incluído, o senhor Rajoy em Portugal, mais a senhora Merkel, o senhor Hollande e o doutor Costa. Obama é só Obama, ou Barack, já que ninguém lhe conhece o título.
A verdadeira reforma estrutural deste Governo: transformar o desemprego de factor conjuntural para factor estrutural da economia.
«De acordo com a análise feita pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, considerando as diversas formas de desemprego, o subemprego e estimativas prudentes sobre a situação laboral dos novos emigrantes, a taxa real de desemprego poderia situar-se, no segundo semestre de 2014, em 29% da população activa, caso os trabalhadores emigrados tivessem ficado no país.
No entender do Observatório, em vez de uma descida do desemprego, "é talvez mais adequado falar-se numa situação de estabilização do desemprego em níveis bastante elevados e de uma estabilização do emprego num nível bem mais reduzido do que o estimado no início do programa de ajustamento".»
E depois ninguém ganhava dinheiro nenhum com isso e agora até já há a "economia social" e o "terceiro sector" e o caralho e quem receba subsídio para pagar a renda dos outros e o abono de família que os outros não recebem e pague ainda as próprias coisas:
«Diogo Leite de Campos, vice-presidente do PSD, quer «acabar com os benefícios sociais e fiscais para toda a gente» e defende a criação de um «cartão social de débito», um sistema no qual o estado presta serviços em vez de dar dinheiro.
Até porque não aparece nenhuma privada no ranking e isso parece mal aos ideólogos livre-escolhistas e cheque-ensinistas e societários-civilistas e libertários-estadistas do poder instituído.
Atendendo a que o campeonato se joga sobretudo ao fim-de-semana e que na quinta-feira, dia da Liga Europa, havia um estádio cheio e um estádio vazio na segunda circular em Lisboa, e que, manifestamente, não fica no caminho entre o Porto e Coimbra, a senhora Viviane:
a) Veio de avião e a voar baixinho para poder ver os estádios
b) Veio pela estrada nacional porque pagar portagens custa a todas as bolsas, e de caminho viu os estádios
c) Foi emprenhada pelos ouvidos pelo Espírito Santo de orelha
O que a gente dispensava era lições de moral e boa governação, do governo português por interposta pessoa, a vice-presidente de uma Comissão Europeia, presidida por um português que inaugurou estádios vazios, e surpreendida com a recessão e o desemprego em Portugal, provocados por um Governo, também ele surpreendido, e que lhe segreda ao ouvido as justificações para a austeridade ideológica, aplicada em nome de estádios vazios, e que já não convencem ninguém, além da Comissão Europeia, do fracasso da política governativa sancionada pela Comissão Europeia.
Não sei o que é de recear mais, se um bando de corvos «trajados a rigor» e subordinados ao que de mais retrógrado existe na Universidade – a tradição e a praxe, se um candidato a deputado da Nação que justifica o vandalismo dos seus aprendizes com o argumento da ditadura fascista. Aliás muito coincidente com o(s) fascismo(s), este princípio das coisas feias e do homem novo e da nova sociedade.
Uma lista candidata à Direcção da Associação de Estudantes da Universidade de Coimbra resolveu grafitar as Escadas Monumentais com palavras de ordem contra as propinas. E teve logo direito a tempo de antena. E dizia o cabeça da lista numa televisão que pagam 720 – setecentos e vinte – 720 euros por ano. Obviamente, do ponto de vista do n.º 1 da lista, uma enormidade. Eu diria mais: um atentado; um roubo; sei lá… um ataque à democracia!
Vou tentar ver a coisa de um ponto de vista simples. Alguns dirão simplista. Tanto se me dá; sou uma pessoa simples que faz uma análise simples das coisas. Tive um filho 5 anos num infantário, nada do topo ou de elite: uma IPSS. Porque, infantário público, ao contrário das universidades, é mentira. Pagava por mês 120 euros, com excepção do mês de Agosto que é mês de férias – o mundo para em Agosto, pelo menos em Portugal. Apesar de eu ter tido férias em Julho. E o puto não ter posto os pés no infantário; apesar de pago. E em Agosto tive de ir chatear os avós porque o infantário estava fechado, e é para isso que os avós servem, dizem-me alguns.
Cento e vinte euros por mês, vezes 11 meses (que na realidade são só 10), dá, se as contas não me falham, 1 320 euros por ano. Mais 600 euros que as ditas propinas universitárias e o puto ainda nem sequer sabe ler ou escrever. Vezes 5 anos que é o tempo normal para se andar na Universidade até terminar o curso… E ainda têm a lata de vir falar nas propinas!
Pelo menos o puto na IPSS não tem praxe ao caloiro, não falta às aulas – a menos que esteja engripado – e não apanha pielas na Queima das Fitas ao som do Quim Barreiros. Nem chumba o ano.
Não me fodam com a estória das propinas que, bem vista as coisas, no fim do curso ainda ficam a dever dinheiro ao contribuinte. Já me basta pagar pelo meu filho, quanto mais ter de pagar pelos filhos dos outros!