"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A muito custo e depois de muito barulho, político e mediático, finalmente encontrado o "momento processualmente adequado" para ouvir António Costa na casa dos segredos, de onde saiu como entrou, foi só a ocasião se propiciar ao futuro do ex primeiro-ministro para se propiciar às habituais fugas ao segredo de justiça, agora com imagens e tudo, para lembrar à turba que eles ainda ali estão, o Costa, e por sua pessoa o Escária, os polícias, guardadores e desvendadores de segredos, a república dos juízes em roda livre, Bruxelas e tudo o mais. Nunca falha.
"insultar os eleitores do Chega" por quem, com o chefe à cabeça, tem como desígnio principal insultar toda a gente, seja ela eleitora de que partido seja, e ainda se riem muito e batem muitas palminhas perante a genialidade imbecil, com redobrada força se for no Parlamento perante as câmaras de televisão. "insultar os eleitores do Chega" is the new awesome.
No país de Marcelo, com um ele, nomeado em homenagem a Marcello, o dos dois eles, ao domingo e em horário nobre, dois ex líderes dos dois partidos que constituem o Governo, explicam à bovinidade a bondade das políticas governativas.
Morder o isco do taberneiro: gritaria, falar por cima, responder às constantes interrupções, perder o fio ao raciocínio, ser direccionado para o sítio onde o outro o queria ver sentado, tentar responder no mesmo tom e ficar automaticamente em sentido perante um "não me interrompa" dito por quem não faz outra coisa que não interromper o tempo todo. Acordar para o jogo a 5 minutos do apito final e terminar penosamente nos descontos com "isso é mentira, isso é mentira" ainda assim em tom baixo e moderado. Escolher uma gravata cor Legião Portuguesa no lado esquerdo do ecrã perante um oponente de gravata laranja do lado direito, começar a falar e as pessoas instintivamente olharem para o lado direito, para o gajo que interrompia, fazia interjeições, largava dixotes, ninguém reter nada do que estava a ser dito. Há uns, antes de estar disponível no tubo, o The Independent ofereceu o Kennedy vs. Nixon com a edição em papel, mas no Rato ninguém fala 'amaricano' desde que Mário Soares começou a ler o Le Monde. Não há um segundo debate para Pedro Nuno Santos.
António Costa deu entrevista e espremido saiu em todos os jornais e televisões que o salário mínimo pode aumentar acima dos 810 euros até 2024 [e ainda dizem que o PS tem má imprensa], nada que a direita não reverta quando se alçar ao poder, mais cedo que tarde, com um congelamento a propósito das contas certas, da competitividade, do crescimento económico e o caralho, como já anteriormente o fez.
Entretanto a saúde está para lá do caos, e idem idem aspas aspas com a educação, num estado tal que quando a direita se alçar ao poder , mais cedo que tarde, pode entregar tudo de mão beijada tudo ao privado santo milagreiro e ainda leva aplauso da populaça que pelos cabelos está com paralizações de doutores, faltas de médicos para tudo e mais algumas especialidades, encerramentos a eito a pretexto da reestruturação, greves de stores, embeiçados que estão com as propostas do pantomineiro que foi líder da bancada para lamentar [não é gralha] de suporte ao governo do ministro Crato para reposição do tempo, faltas de stores em todo o lado, e a olhar para o ranking das escolas mais a "excelência do ensino privado", cof, cof, e com o PS a gritar "aqui-del-Rei!" que a direita está a desmantelar o Estado social, fazendo de conta que não teve nada a ver com isso, com todo um caminho que foi preparado. Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta", lá diz o pagode.
Mas fica para a História, com agá grande e tudo, o PS e António Costa e António Costa e o PS, mais o ministro das Finanças prémio de consolação por ter perdido a câmara da capital, por terem reduzido a dívida, em percentagem do PIB, que a dívida real, essa, continua lá e até a subir, fazendo de conta que os juros quando são pagos não o são em percentagem do PIB mas no seu valor nominal.
"Cristina quer Sócrates no próximo BB" ou a certidão de óbito na réstia de decência e credibilidade política e humana que só existe na cabeça de José Sócrates e de alguns indefectíveis, e que ainda lhe[s] alimenta alguma esperança num regresso ao activo. Dando como exemplo dois actores políticos que têm a imagem mais de rastos aos olhos da opinião pública, alguém imagina uma manchete qualquer com "Cristina que Durão Barroso no BB" ou "Cristina quer Paulo Portas no BB"?
O bufo, o chibo, o garganta funda, o informador, pago ou por desporto, que viola o segredo de justiça e dá as primeiras páginas ao Correio da Manha [sem til] e aberturas de telejornais à televisão do dito, está dentro do Ministério Público. Não há notícias de jornalistas homem-aranha a escalar paredes e a arrombar secretárias, como nos filmes 'amaricanos', para obtenção de provas. E o que faz o Ministério Público? Persegue e fotografa jornalistas à socapa, vasculha o correio electrónico e as contas bancárias, também como nos filmes 'amaricanos', sem o crivo de um juiz. No Estado de direito democrático isto tem um nome: ataque à liberdade de imprensa.
"Tento dar o exemplo de respeitar os confinamentos". "Quero apelar aos portugueses que não estraguem aquilo que se está a fazer" e respeito pelo Serviço Nacional de Saúde.
Marcelo Rebelo de Sousa, que em Março se confinou 14 dias em casa a sete chaves havia meia dúzia de casos Covid-19 no país, vai agora, no pico da segunda vaga, alegremente saltitar de nenúfar em nenúfar a espalhar Covid por onde passa. O exemplo que o Supremo Irresponsável da Nação dá aos indígenas.
O líder do maior partido da oposição gastar vinte minutos de uma entrevista de quarenta e sete para se justificar justificar que um partido que vale 1% dos votos em urna, e do qual depende, qual Mephisto, para se alçar ao poder numa região autónoma, não é um partido neo-fascista e que até se modera quando chamado à razão.
Não é um subsídio é compra antecipada de publicidade. E além disso ainda não recebemos um cêntimo sequer, logo não conta. O Estado incumpridor a pôr em causa o salário dos estagiários e dos recibos verdes. Também não andamos aqui para perder o nosso rico dinheirinho e nunca contratávamos a Ronalda da televisão pimba se não tivéssemos o retorno do investimento proporcionado pelas audiências proporcionadas pelos palermas que se indignam muito no Facebook com as aquisições que fazemos.
Não ter a puta da vergonha na cara é isto: o canal, o Estado, e quem está no sofá com o comando da televisão numa mão e o android na outra, a meter likes no Facebook e selfies no Instacoise.
No dia seguinte nenhuma televisão se lembrou de convidar o Marega para dizer o que lhe ia na alma. Nem uma. A TVI, que se prepara para ser comprada pela Cofina, a do Correio da Manha [sem til], jornal e televisão, que promovem o Ventura e o Chaga [não é gralha] nas primeiras páginas, nos telejornais e nos programas do pontapé-na-bola, convidou o Ventas para uma peixarada de gritaria onde, em contínuo e em crescendo, gritou mais alto que Miguel Sousa Tavares, a quem coube o papel de idiota útil para o aprendiz de feiticeiro passar a sua mensagem racista e xenófoba. "Não sou racista, tanto aperto a mão a um branco como o pescoço a um preto, ou a um cigano".
Durante o debate #CatarinaBem #CatarinaMal na TVI, com Catarina Martins do Bloco de Esquerda, o Twitter esteve especialmente activo através de inúmeras contas falsas, com zero ou pouco mais que um ou dois seguidores, contas na sua maioria criadas nos últimos dias, a votarem desalmadamente #CatarinaMal ou com tweets negativos sobre a líder do BE. Nalgumas das contas que não apagaram posteriormente os tweets também é possível encontrar o mesmo tipo de actividade durante o debate com António Costa do Partido Socialista. E ainda só vamos no aquecimento.
O Tiago Teixeira deu-se ao trabalho de fazer aquele que devia ter sido o trabalho da TVI e identificou algumas das contas.
A casa da livre iniciativa privada e do empreendedorismo, com um corpo docente onde pontificam, entre outros, João César das Neves, João Carlos Espada, Vítor Gaspar, a ensinarem o Estado mínimo e que os subsídios, subvenções e rendas só minam a economia e só incentivam o cidadão a anichar-se nas zonas de conforto.