"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Morder o isco do taberneiro: gritaria, falar por cima, responder às constantes interrupções, perder o fio ao raciocínio, ser direccionado para o sítio onde o outro o queria ver sentado, tentar responder no mesmo tom e ficar automaticamente em sentido perante um "não me interrompa" dito por quem não faz outra coisa que não interromper o tempo todo. Acordar para o jogo a 5 minutos do apito final e terminar penosamente nos descontos com "isso é mentira, isso é mentira" ainda assim em tom baixo e moderado. Escolher uma gravata cor Legião Portuguesa no lado esquerdo do ecrã perante um oponente de gravata laranja do lado direito, começar a falar e as pessoas instintivamente olharem para o lado direito, para o gajo que interrompia, fazia interjeições, largava dixotes, ninguém reter nada do que estava a ser dito. Há uns, antes de estar disponível no tubo, o The Independent ofereceu o Kennedy vs. Nixon com a edição em papel, mas no Rato ninguém fala 'amaricano' desde que Mário Soares começou a ler o Le Monde. Não há um segundo debate para Pedro Nuno Santos.
António Costa deu entrevista e espremido saiu em todos os jornais e televisões que o salário mínimo pode aumentar acima dos 810 euros até 2024 [e ainda dizem que o PS tem má imprensa], nada que a direita não reverta quando se alçar ao poder, mais cedo que tarde, com um congelamento a propósito das contas certas, da competitividade, do crescimento económico e o caralho, como já anteriormente o fez.
Entretanto a saúde está para lá do caos, e idem idem aspas aspas com a educação, num estado tal que quando a direita se alçar ao poder , mais cedo que tarde, pode entregar tudo de mão beijada tudo ao privado santo milagreiro e ainda leva aplauso da populaça que pelos cabelos está com paralizações de doutores, faltas de médicos para tudo e mais algumas especialidades, encerramentos a eito a pretexto da reestruturação, greves de stores, embeiçados que estão com as propostas do pantomineiro que foi líder da bancada para lamentar [não é gralha] de suporte ao governo do ministro Crato para reposição do tempo, faltas de stores em todo o lado, e a olhar para o ranking das escolas mais a "excelência do ensino privado", cof, cof, e com o PS a gritar "aqui-del-Rei!" que a direita está a desmantelar o Estado social, fazendo de conta que não teve nada a ver com isso, com todo um caminho que foi preparado. Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta", lá diz o pagode.
Mas fica para a História, com agá grande e tudo, o PS e António Costa e António Costa e o PS, mais o ministro das Finanças prémio de consolação por ter perdido a câmara da capital, por terem reduzido a dívida, em percentagem do PIB, que a dívida real, essa, continua lá e até a subir, fazendo de conta que os juros quando são pagos não o são em percentagem do PIB mas no seu valor nominal.
"Cristina quer Sócrates no próximo BB" ou a certidão de óbito na réstia de decência e credibilidade política e humana que só existe na cabeça de José Sócrates e de alguns indefectíveis, e que ainda lhe[s] alimenta alguma esperança num regresso ao activo. Dando como exemplo dois actores políticos que têm a imagem mais de rastos aos olhos da opinião pública, alguém imagina uma manchete qualquer com "Cristina que Durão Barroso no BB" ou "Cristina quer Paulo Portas no BB"?
O bufo, o chibo, o garganta funda, o informador, pago ou por desporto, que viola o segredo de justiça e dá as primeiras páginas ao Correio da Manha [sem til] e aberturas de telejornais à televisão do dito, está dentro do Ministério Público. Não há notícias de jornalistas homem-aranha a escalar paredes e a arrombar secretárias, como nos filmes 'amaricanos', para obtenção de provas. E o que faz o Ministério Público? Persegue e fotografa jornalistas à socapa, vasculha o correio electrónico e as contas bancárias, também como nos filmes 'amaricanos', sem o crivo de um juiz. No Estado de direito democrático isto tem um nome: ataque à liberdade de imprensa.
"Tento dar o exemplo de respeitar os confinamentos". "Quero apelar aos portugueses que não estraguem aquilo que se está a fazer" e respeito pelo Serviço Nacional de Saúde.
Marcelo Rebelo de Sousa, que em Março se confinou 14 dias em casa a sete chaves havia meia dúzia de casos Covid-19 no país, vai agora, no pico da segunda vaga, alegremente saltitar de nenúfar em nenúfar a espalhar Covid por onde passa. O exemplo que o Supremo Irresponsável da Nação dá aos indígenas.
O líder do maior partido da oposição gastar vinte minutos de uma entrevista de quarenta e sete para se justificar justificar que um partido que vale 1% dos votos em urna, e do qual depende, qual Mephisto, para se alçar ao poder numa região autónoma, não é um partido neo-fascista e que até se modera quando chamado à razão.
Não é um subsídio é compra antecipada de publicidade. E além disso ainda não recebemos um cêntimo sequer, logo não conta. O Estado incumpridor a pôr em causa o salário dos estagiários e dos recibos verdes. Também não andamos aqui para perder o nosso rico dinheirinho e nunca contratávamos a Ronalda da televisão pimba se não tivéssemos o retorno do investimento proporcionado pelas audiências proporcionadas pelos palermas que se indignam muito no Facebook com as aquisições que fazemos.
Não ter a puta da vergonha na cara é isto: o canal, o Estado, e quem está no sofá com o comando da televisão numa mão e o android na outra, a meter likes no Facebook e selfies no Instacoise.
No dia seguinte nenhuma televisão se lembrou de convidar o Marega para dizer o que lhe ia na alma. Nem uma. A TVI, que se prepara para ser comprada pela Cofina, a do Correio da Manha [sem til], jornal e televisão, que promovem o Ventura e o Chaga [não é gralha] nas primeiras páginas, nos telejornais e nos programas do pontapé-na-bola, convidou o Ventas para uma peixarada de gritaria onde, em contínuo e em crescendo, gritou mais alto que Miguel Sousa Tavares, a quem coube o papel de idiota útil para o aprendiz de feiticeiro passar a sua mensagem racista e xenófoba. "Não sou racista, tanto aperto a mão a um branco como o pescoço a um preto, ou a um cigano".
Durante o debate #CatarinaBem #CatarinaMal na TVI, com Catarina Martins do Bloco de Esquerda, o Twitter esteve especialmente activo através de inúmeras contas falsas, com zero ou pouco mais que um ou dois seguidores, contas na sua maioria criadas nos últimos dias, a votarem desalmadamente #CatarinaMal ou com tweets negativos sobre a líder do BE. Nalgumas das contas que não apagaram posteriormente os tweets também é possível encontrar o mesmo tipo de actividade durante o debate com António Costa do Partido Socialista. E ainda só vamos no aquecimento.
O Tiago Teixeira deu-se ao trabalho de fazer aquele que devia ter sido o trabalho da TVI e identificou algumas das contas.
A casa da livre iniciativa privada e do empreendedorismo, com um corpo docente onde pontificam, entre outros, João César das Neves, João Carlos Espada, Vítor Gaspar, a ensinarem o Estado mínimo e que os subsídios, subvenções e rendas só minam a economia e só incentivam o cidadão a anichar-se nas zonas de conforto.
Miguel Sousa Tavares não só desmonta um pantomineiro em directo com uma só pergunta como obriga o pantomineiro a fazer jus ao epíteto de pantomimeiro quando, ao ver-se encurralado, apanhado com as calças nas mãos, como soi dizer-se, e sabendo do gosto do entrevistador pela caça, tenta introduzir o tema na conversa, como elemento de distracção que lhe dê tempo para respirar, recuperar o controlo e direccionar a entrevista para onde mais lhe convém. E este Circo Santana, com televisões em prime time, já dura pelo menos desde 1976.
"A menina é portuguesa?" pergunta a jornalista da TVI, uma pergunta que habitualmente deve fazer em todas as manifs para onde é destacada, desde as da Fenprof às dos estivadores, passando pelas dos enfermeiros.