"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
«"Portugal está a liderar" a negociação do tratado transatlântico». E, enquanto lidera e o menino aparece nos jornais a dizer que lidera, e antes que o menino caia do alto dos tacões ou que o menino dobre os dedos dos pés com o peso do corpo muito tempo em cima dos bicos dos ditos, o menino pode explicar ao cidadão comum, ignaro, algumas minudências e peru menores do referido tratado que Portugal, por interposta pessoa, o menino, lidera, e que é muito bom para toda a gente na Europa, Portgual incluído.
«Exemplo 1: O governo do Uruguai emite leis antitabagistas mais rigorosas. Com base na cláusula do acordo que protege os investimentos, a empresa Philip Morris está a processar o Estado, devido aos lucros que perde. O valor em causa atinge 14% do PIB do Uruguai.
Exemplo 2: Devido a preocupações ambientais, a província canadiana Quebec decide não autorizar o fracking. A empresa americana Lone Pine processa o Estado canadiano em 250 milhões de dólares, devido à quebra de lucros esperados, com base no NAFTA de 1994 (acordo de livre comércio entre o México, o EUA e o Canadá).
Exemplo 3: A Alemanha decide abandonar a energia nuclear. O grupo Vattenfall processa o Estado em 3,5 mil milhões de euros (para comparação: a cidade de Lübeck não tem dinheiro para consertar os telhados das suas escolas primárias), com base na "Carta Energética Europeia".»