Trabalhar na Câmara
por josé simões, em 27.02.07
Vital Moreira que não é propriamente um debutante nestas cousas da política descobriu que, há “instrumentalização partidária dos serviços e empresas públicas”, “promiscuidade entre o desempenho de cargos públicos e o exercício de funções partidárias”; isto a propósito da notícia publicada pelo Público há poucos dias, de que “ a empresa municipal Gebalis, que gere o parque de bairros municipais de Lisboa, tem perto de 30 trabalhadores do PSD, cuja secção partidária é coordenada pelo próprio vereador do pelouro competente para essa área, trabalhadores esses recrutados pelo mesmo vereador quando foi director da referida empresa.”
Resumindo, o vereador Lipari da Câmara de Lisboa arranjou uns “tachos” para os seus amigos; no léxico de Guterres, uns jobs for the boys.
E, em artigo de opinião publicado também no Público, edição de hoje, disserta pelo tema e conclui que “O mínimo que se pode exigir é que os partidos políticos adoptem e façam cumprir códigos de ética política”.
A sério?
Vital Moreira que antes de pertencer ao PS, foi destacado militante e deputado do PC – partido com larga influência autárquica, descobriu agora o que era já do conhecimento público, de tal forma que passou a fazer parte do imaginário colectivo – trabalhar na Câmara; fazer pouco e ganhar muito, mais regalias.
O que importa que o vereador Lipari tenha “encaixado” uma gota de água no oceano que são os 30 amigos na Gebalis, quando no leque politico-partidário português, os encaixes começam logo ao nível dos varredores de rua e contínuos, passando pelos funcionários administrativos até aos assessores?
Novidade seria, Vital Moreira pedir auditorias independentes a todos os municípios do País, sem excepção, para se saber da real necessidade de funcionários em função dos serviços prestados e, os que as Câmaras realmente empregam.
Talvez aí sim, Vital Moreira tivesse algumas surpresas. Talvez viesse a saber que, a Associação Nacional de Municípios, por via das Câmaras que a compõem, é o maior empregador do País.