"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Já tínhamos tido o taberneiro em Espanha a fazer vénias ao partido que suprimiu Portugal no mapa da Península Ibérica, é tudo Península Hispânica e não se fala mais nisso, o que Filipe IV não soube fazer. Agora tivemos Abascal, líder do partido que recebeu vassalagem do taberneiro, feito sabujo na tomada de posse de lunático eleito POTUS, que não sabe o que são os BRICS nem sabe apontar Espanha no mapa, e já agora os BRICS também, e faz gala da sua estupidez perante a estupefacção dos jornalistas presentes. Para a comédia ser completa, Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, a nex big thing do PP espanhol, aquele partido que vende a alma ao Vox para se alçar ao poder onde quer que seja, saiu em defesa do tiny fingers culpando Sanchez pela estupidez de Trump. Cada vez mais direita é sinónimo de estupidez e obscurantismo.
Nos 50 anos do 25 de Abril pela primeira vez um primeiro-ministro com um discurso de miss Mundo no acto da tomada de posse. Tudo e o seu contrário, tudo e o que quiserem que seja, que a margem é larga, tudo o contrário do que se defendeu durante o percurso enquanto líder de bancada parlamentar. Ah e tal, os jovens emigram. Porque é que os jovens emigram? Adiante que é preciso baixar o IRC, o patrão vai abdicar do aumento da mais-valia para aumentar o salário. "O trickle dowm é liiiiindo!", em pregão de peixeira. "Não queremos as fronteiras fechadas mas também não queremos as fronteiras escancaradas, queremos uma imigração de qualidade e qualificada". Quais são as qualificações necessárias para carregar baldes de massa nas obras, conduzir um Uber Eats, trabalhar nas estufas de Odemira? Adiante que se este Governo cair não é por incompetência, falhanço do primeiro-ministro, mas por culpa do maior partido da oposição, outra inovação introduzida na tomada de posse de um Governo. 50 anos do 25 de Abril. Os paineleiros com avença nas televisões conseguiram ver um grande discurso com grande estratégiuca política de sobrevivência. 50 anos do 25 de Abril.
A polícia de choque do ministro Dias Loureiro em cima de tudo o que mexesse ou cheirasse a protesto, jovens e estudantes incluídos; os incentivos à não produção e ao abate na agricultura e nas pescas, disfarçados de fundos comunitários; 10 anos de Governo, 8 dos quais em maioria absoluta, ignorando tudo o que fosse opinião diferente e desprezando todo e qualquer tipo de consenso, e que foram o princípio do fim a que chegámos; o nascimento e apadrinhamento de toda uma classe de políticos, primeiro, e banqueiros depois, que tiveram o epílogo no BPP e no BPN. Cavaco Silva é a última pessoa com legitimidade neste país para lançar vibrantes apelos aos jovens e para falar em sobressaltos cívicos e em situação de emergência económica e financeira. Não apaguem a memória.
Uns encolheram-se e ignoraram, fingiram que não aconteceu nada; outros aproveitaram para malhar nos indefectíveis da esquerda que viam em Obama o “Salvador da Pátria”.