"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Pelo menos até à data da impressão do poster que ilustra o post, 1981, a religião era o ópio do povo. Dez anos depois, 1991, a pátria do socialismo desmoronou-se e as coisas ficam um bocado ao "deus-dará", sem ironia, até ao ano de 2006 onde temos um partido comunista a estabelecer relações diplomáticas com uma organização terrorista fundamentalista islâmica, dos inteligentes com trapos enrolados na cabeça, como no poster, um Estado dentro do Estado, com exército próprio, responsável pelo assassinato de um primeiro-ministro do próprio país, um ano antes da embaixada a Beirute. Tudo por causa da "luta contra o imperialismo" 'amaricano', contra o sionismo, e o caralho. Nada mal para quem anda sempre com a boca cheia de constituição, do respeito pela legalidade, pelas instituições e e pelo Estado democrático.
Quando Edwin Starr gravou War, canção dos The Temptations, que havia de se tornar num hit contra a guerra do Vietname e um dos melhores temas anti-guerra da história da pop-rock, recuperada anos mais tarde pelos Frankie Goes to Hollywood em plena guerra fria e ameça nuclear, nunca antecipou que anos mais tarde, numa outra latitude, Gaza, uma guerra ia ter utilidade: o mundo saber que nas guerras morrem crianças.
A woman sits on a beach as smoke billows over southern Lebanon following Israeli strikes, amid ongoing cross-border hostilities between Hezbollah and Israeli forces, as seen from Tyre, southern Lebanon, September 23. Reuters/ Aziz Taher
Mourners attend the funeral of Hezbollah member Ali Mohamed Chalbi, after hand-held radios and pagers used by Hezbollah detonated across Lebanon, in Kfar Melki, Lebanon, September 19. Reuters/ Aziz Taher
A cena da morte de crianças é uma coisa que nunca falha no coração de manteiga ocidental, dito de outra maneira, funciona sempre. Por outro lado morrerem crianças em explosões de beepers significa que os barbudos com trapos na cabeça também educam os infantes ao telemóvel como nós, os ocidentais com coração de manteiga? E podíamos discorrer sobre o que é que eles vêem quando estão de telemóvel na mão, o choque cultural e por aí. A globalização é tramada. E também por outra lado morrem crianças porque o Hezbollah diz que sim e morrem crianças porque o Hezbollah as armadilha e as faz explodir numa praça ou num mercado. Não são crianças são mártires. Há indignações e indignações e indignações mais indignações que as outras indignações. E depois há os sonsos do "a religião é o ópio do povo" no meio de uma guerra religiosa, numa manif com faixas a gritar por uma Palestina livre e laica. Laica. Ponto.
Com o historial hollywoodesco, e prontamente aproveitado por Hollywood, que Israel leva nos ecrãs, desde a primordial Operação Garibaldi que foi sacar Eichmann a Buenos Aires, passando pela Operação Cólera de Deus, durante anos atrás dos responsáveis pelo massacre dos atletas israelitas nos Olímpicos de Munique, à infiltração de um agente na estrutura político-militar síria, onde chegou a conselheiro-chefe do Ministro da Defesa, à em tempo recorde planeada Operação Entebbe de resgate de reféns israelitas de um avião desviado para o Uganda, ao assassinato de um dirigente do Hamas em plena capital do Irão, até à mais recente, e não menos espectacular e sofisticada, que foi colocar explosivos em 5000 - cinco mil - pagers para explodirem em simultâneo, é cada vez mais uma certeza que o ataque de 7 de Outubro de 2023 ao kibutz Be'eri e ao festival de música de Re'im podiam ter sido evitados, se é que não foram propositadamente ignorados por alguém na cúpula político-militar israelita como pretexto para o que se seguiu e segue.
Um dos maiores financiadores do terrorismo mundial. Os homossexuais enforcados em gruas nas praças públicas. As mulheres perseguidas por serem mulheres. As ordens dadas à polícia para disparar à cara dos manifestantes por formar a cegarem uma vista. As penas de morte por simples artigos de opinião ou posts nas redes sociais. As penas de prisão acompanhadas por centenas de chicotadas. Os crimes de honra com absolvição do marido. Agora pençem.
"Porto, 3 - A poucos quilómetros de Santa Marta de Penaguião, uma poderosa carga de trotil accionado pelo sistema de relógio, deflagrou, esta madrugada, no carro do ex-padre Maximino candidato da U. D. P. às próximas eleições pelo círculo de Vila Real, provocando-lhe a morte quase imediata e a de uma jovem que o acompanhava, Maria de Lurdes Ribeiro Correia, aluna liceal e simpatizante daquele partido de esquerda".
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"cerca de trezentos atentados terroristas perpetrados só no Norte contra sedes e veículos de partidos de esquerda"
"O Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) foi uma organização terrorista portuguesa ativa durante o período que se seguiu à revolução de 25 de abril de 1974.[1] Entre as ações atribuídas ao MDLP estão uma tentativa de golpe de estado em 11 de março de 1975, uma vaga de atentados à bomba a sedes de partidos de esquerda no início de 1976 e o atentado à bomba que vitimou o candidato a deputado Padre Max e uma estudante que o acompanhava.
Desde o início da guerra Zelensky veste a farda, verde ou camuflado, do exército. Desde o início da guerra Netanyahu veste negro. Integral. A fazer lembrar outros que vestiram negro noutras alturas. Coisa que lhe devia fazer comichão mas que pelos vistos não faz.
The Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) says that 80 percent of the population in the Gaza Strip was already food insecure prior to the start of the war on October 7. Nearly half of the population of 2.3 million people relied on food assistance from the UN Relief and Works Agency for Palestine Refugees (UNRWA). Mohammed Abed/AFP
The figure of a hand is marked with blood on the wall of a bomb shelter located in the Thai workers’ housing section of Kibbutz Nir Oz, Israel, near the Gaza Strip, Thursday, Nov. 9, 2023. The kibbutz was attacked on Oct. 7 by Hamas militants, who killed and kidnapped members of its community. AP Photo/ Bernat Armangue