Tementes a Deus
por josé simões, em 17.10.07
O “moço de recados” dos banqueiros portugueses, João Salgueiro, vem dizer “no passa nada!” e com ar cândido diz ser tudo uma “campanha de informação e desinformação”. Pois. Assim como aquela coisa dos arredondamentos nas taxas de juro, mais a taxa de utilização dos cartões Multibanco, e, agora, a contagem dos dias para efeitos de empréstimos: quando toca ao banco receber são 360, os dias do ano; quando é o banco a pagar a coisa pia mais fino, porque com o dinheiro dos accionistas não se brinca, e o ano como por artes mágicas passa a ter 365 dias. Não se terem lembrado que existem anos bissextos é que me dá que pensar… Em suma: tudo campanhas de desinformação.
No entretanto, o outro, o dois em um, porque consegue juntar na mesma pessoa dois anúncios de bancos diferentes: tem um pai rico e é dono do seu próprio banco, por via das mesmas artes mágicas que conseguem aumentar ou diminuir os dias do ano, vê uma dívida de 12 milhões de euros desaparecer. E essa é que é essa!
Eu que de bancos não percebo nada que vá além de conferir o saldo que me é enviado pelo correio, aprendi esta semana uma coisa; há uma Lei que proíbe este tipo de empréstimos e, mesmo seguindo uma determinada linha de raciocínio que ultimamente tenho lido por aqui e por ali; de que estamos a falar de uma instituição privada e só aos accionistas o banco deve prestar esclarecimentos, não iliba Jardim Gonçalves ética e moralmente perante a opinião pública. Quando se tem conhecimento que 500 trabalhadores da Maconde não recebem os seus salários desde Setembro devido ao passivo de 32 milhões de euros da empresa, e o respectivo plano de recuperação andar a ser empatado por um dos bancos detentor de 70% dos créditos – o BCP.
Safa-se um por 12 milhões. Que se danem 500 e respectivas famílias por 70% de 32 milhões. E o homem é católico, apostólico romano, temente a Deus e membro da Opus Dei…
(Foto via Le Soir)