"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ainda sou do tempo da maior manifestação desde o 1.º de Maio de 1974, contra a intenção do Governo da direita radical – PSD/ CDS, de aumentar a Taxa Social Única [TSU] dos trabalhadores e baixar a dos patrões.
O CDS apoia o corte de 600 milhões de euros nas pensões porque «há um problema de sustentabilidade do sistema de pensões» e porque o CDS é favorável à descida da TSU, com a luz verde e irrevogável de Paulo Portas, sem custos para o utilizador os trabalhadores, o que faz toda a diferença, olarilas, a descapitalização da Segurança Social não é tida nem achada, olarilas mais uma vez, e porque os jovens não descontam porque no país da retoma e do milagre económico e do exemplo para a Europa e para o mundo emprego não existe, quanto mais trabalho, e porque os que que descontam fazem-no nos países de destino, para onde emigraram, e porque como ninguém desconta voltamos outra vez ao princípio que é a descida da TSU sem custos para o utilizador os trabalhadores e porque uma maioria absoluta não chega para levar a cabo tão hercúlea e patriota tarefa é preciso um consenso alargado na forma de um «compromisso com o principal partido da oposição» - o PS, para que a culpa tenha marido e não morra solteira. São demasiados "porque" para um partido de pantomineiros – o CDS, propriedade de um pantomineiro – Paulo Portas.
Depois não digam que não foram avisados porque assim é que desde o dia 21 de Junho de 2011 e nem sequer podem agora alegar que foi uma verdade a coberto do Dia das Mentiras.
[O pormenor de, no linguajar de Passos Coelho e Paulo Portas, ontem as pensões eram despesa do Estado, ideia difundida e papagueada por toda corte de aios e escudeiros na comunicação social e de hoje, por causa dos aumentos, que são "para proteger a sua pensão amanhã, não é para a despesa do Estado". É o "chamar a atenção para o que é que as coisas servem"]
…Ou continua a ser pago principescamente pelos impostos dos contribuinte para fazer o trabalho sujo de um ministro não nomeado e que escapa ao escrutínio dos cidadãos?
- Os patrões, quer dizer, os empresários, preocupam-se com a saúde dos trabalhadores, quer dizer, dos colaboradores, e querem que deixem de fumar;
- Os donos das tabaqueiras não são sócios do sindicato dos patrões, quer dizer, do sindicato dos empresários, quer dizer, da Confederação da Indústria Portuguesa.
Horas antes do final da reunião do Conselho de Estado o Expresso conseguiu fechar a edição com… as conclusões da reunião do Conselho de Estado. É fazer as contas, que é como quem diz, encaixar as pessoas nos seus lugares. Comparado com isto, as fugas de informação em segredo de justiça para as primeiras páginas do Correio da Manhã, é limpar o cu a meninos.
Pedro Passos Coelho garante confiar em Miguel Relvas que, por sua vez, garante confiar em Paulo Portas. Se ao menos houvesse um Estatuto dos Açores a interromper o retiro do senhor Presidente da República nas paredes do Facebook, ainda antes da primeira-dama começar a montar os presépios em Belém…
Um Governo de perfeitos incompetentes e ideologicamente obcecados, consegue, em um ano e picos, unir patrões e sindicatos, o RALIS e os Comandos da Amadora. A verdadeira união nacional. Parabéns!
Ouvido ao balcão do café: "O segredo da 3.ª temporada da Casa dos Segredos é um concorrente que percebe e sabe explicar as alterações à Taxa Social Única".
Primeiro estão as pessoas, depois os bens e, por fim, a floresta. Fungou. Com patriotismo. Fungou. Com "sentido de Estado". Fungou. Mais patriotismo. Fungou. Podia ter-se assoado à gravata que ninguém reparava nem tinha vergonha alheia. No final o speaker teria dito, “senhoras e senhores, meninos e meninas, bem-vindos ao Circooooo Cardinaliiii” e ninguém teria levado a mal. Paulo Portas pariu um Paulo Portas. Patético.