"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Parabéns ao PCP, o da boca cheia de "piquenas" [não é gralha] e "micro" empresas. Com a pressão que a medida coloca na tesouraria das empresas, em meses fixos do ano, o que vai acontecer é um a dois meses de salários em atraso, na maioria das vezes nunca recuperáveis. Então no pequeno comércio, cada vez mais pressionado por hipers, promoções, shoppings e black fridays, e dependente das vendas do dia-a-dia para cumprir obrigações salariais, obrigações com a Segurança Social e obrigações com a Autoridade Tributária, vulgo fisco, vai ser o descalabro total.
Desfeito o mistério, os misteriosos "pareceres jurídicos aprofundados" revelaram que o Presidente que nos calhou em sorte tem dúvidas sobre se fez bem em optar pelas pensões que mal dão para sustentar uma esposa, professora universitária reformada ou se, antes pelo contrário, deveria ter optado pelo ordenado inerente ao cargo que desempenha e à instituição que representa.
Disfarçar um brutal aumento de impostos no recibo do ordenado no final do mês e libertar as empresas do pagamento de dois salários num só mês, como forma de atenuar as dificuldades de tesouraria causadas pela acção governativa. Um Govermo de Houdinis, cegos e surdos, e que nem lhes abrindo a cabeça lhes entra que quem cria a riqueza de um país são as pessoas e não as empresas.
E não fica por aqui. Em nome da igualdade ainda resta a ADSE, A Caixa Geral de Aposentações, a possibilidade de despedimento indiscriminado, o encerramento sem dar cavaco a ninguém e por dá cá aquela palha e, quiçá, os salários em atraso. De boas intenções está o Inferno cheio.
Quer então dizer que o administrador-delegado Vítor Gaspar pensa exercer funções até 2018, ou quer também dizer que, e se entretanto o PS for alternância no Governo, vai ser vira o disco e toca o mesmo? Convinha que estas coisas fossem esclarecidas. Não sei se ao PS convém esclarecer, mas convinha que o PS também esclarecesse estas coisas.
Para que conste, o problema não reside - e para ser educado - na violência do acto sexual ou sequer no acto sexual em si, mas na quantidade de lubrificante usado para o concretizar.
Vêm os malandros da Troika, na pessoa de Peter Weiss – o polícia mau, dizer que se calhar e tal o corte dos 13º e 14º meses para os funcionários públicos e pensionistas afinal pode não ser uma medida temporária e que é para manter para lá de 2014 é melhor começar a pensar nisso, a consolidação orçamental e o lado da despesa.
Vem logo a seguir o polícia bom – Carlos Moedas, que estava atrás da porta a ouvir a conversa do polícia mau, a dizer que não senhor, não foi nada disso que ficou acordado, é temporário e não se fala mais nisso e ainda por cima há o obstáculo epistemológico chamado Constituição e a consolidação orçamental e o lado da despesa.
E ainda as costas estavam a folgar no intervalo do pau ir e vir e entra logo o ajudante do polícia bom – Jorge Moreira da Silva, que andou na mesma academia de polícia que o chefe da polícia – Pedro Passos Coelho, dizer que sim senhor, que é não senhor, porque a Constituição e a prudência e honestidade intelectual e a consolidação orçamental e o lado da despesa e que terceiro, isso vai para além do memorando de entendimento, que é o único acordo que o Estado português tem.