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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

||| A tralha cavaquista, os alunos da "escola alemã", e a "escola alemã" ela própria

por josé simões, em 17.02.14

 

 

 

Corria o ano de 1980 e Francisco 'o pensamento político' Sá Carneiro, primeiro-ministro, e Cavaco 'nascer duas vezes' Silva, ministro das Finanças, assinam um decreto-lei a estabelecer que aos membros do Governo que «não tenham residência permanente na cidade de Lisboa ou numa área circundante de 100 quilómetros poderá ser concedida habitação por conta do Estado ou atribuído um subsídio de alojamento».

 

Decreto-lei que, 30 anos depois, havia de dar um jeitaço do caraças à tralha cavaquista, entretanto recuperada para o Governo da Nação pelo passismo [rima com passadismo], apesar da habitação própria e permanente em Lisboa, a vida custa a todos, a prestação ao banco e o IMI, e tal, mas que, assim que caiu em público, abdicou dos direitos adquiridos, pelo exemplo que vem de cima e os sacrifícios pedidos aos portugueses e a imagem e a imagem do Governo e a imagem da coligação e "por decisão pessoal minha, amanhã mesmo, e eu vou abdicar de um direito que tenho, faço-o porque entendo que devo fazê-lo", prontes.

 

E eis que chegados ao ano de 2014, e chegados os alunos da "escola alemã", que viaja de avião em económica e que acha absolutamente natural que alguém a ganhar o salário mínimo nacional vá trabalhar para 50 ou mais quilómetros de casa, sem subsídio de transporte nem subsídio de alimentação, quanto mais subsídio de residência, apesar da mulher e dos filhos que ficam lá e da casa ao banco para pagar, a mobilidade social, e tal também, e alarga o raio de acção do decreto de Francisco 'o pensamento político' Sá Carneiro, primeiro-ministro, e Cavaco 'nascer duas vezes' Silva, ministro das Finanças, de 100 para 150 kms e a comparticipação reduzida de 75% para 50%, também o exemplo que vem de cima e os sacrifícios pedidos aos portugueses e a imagem e a imagem do Governo e a imagem da coligação, decreto mesmo à medida de Agostinho 'roubaram-me a password do Twitter, who the fuck is the Ongoing?' Branquinho.

 

Não fora o caso, e o exemplo, dos alemães, os "donos da escola", e tudo isto era tudo absolutamente normal, assim é só conversa de taxista, porque a política precisa dos melhores e dos competentes e os melhores e os competentes fazem-se pagar, a cousa pública não tem nada a ver com isto e já chega de conversa populista e nas próximas eleições a abstenção vai ser outra vez recorde e "será sempre a subir até ao cimo de ti", como na canção da ex-deputada do CDS e ex-pivot de um telejornal que apresentava com um megafone de vender cuecas nas feiras, "e leva mais este par de meias e estes atoalhados e os turcos para a casa de banho".

 

Até um dia.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

 

 

|| De Cascos de Rolha para Alguidares de Baixo

por josé simões, em 07.08.12

 

 

 

Não seria nada de especial, tudo absolutamente normal, não se desse o caso de ser [n]um Governo que, a bem da badalada mobilidade social, não vê impedimento de maior a que um cidadão vá todos os dias trabalhar para 50 ou mais quilómetros de casa, de Cascos de Rolha para Alguidares de Baixo, a ganhar o salário mínimo nacional e com os transportes e a alimentação às suas custas [não incluindo na equação o factor família], tudo por causa da competitividade da economia e dos custos do trabalho:

 

«O Estado gasta mensalmente 15.800 euros com o subsídio de alojamento que é pago aos membros do governo (e chefes de gabinete) que têm a residência de origem a mais de 100 quilómetros de Lisboa.»

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Agit-prop manhosa

por josé simões, em 24.10.11

 

 

 

A seguir vão poder dizer que até perdem dinheiro para estar na política, esquecendo-se dos milhões de portugueses que perdem dinheiro para trabalhar, aqueles que ainda têm um trabalho. Tal como já foram esquecidos em mais uma acção de agit-prop manhosa: a solidariedade não é para com quem, a viver no limiar da pobreza, perdeu o subsídio de férias e de Natal, depois de ter perdido o abono de família e ter visto todas as taxas e impostos aumentados, a solidariedade é para os «outros membros do governo». Goebbels não teria orquestrado melhor.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| O Verdadeiro Artista

por josé simões, em 24.10.11

 

 

 

O Ângelo Correia que aceita o «corte de 14% nas subvenções vitalícias de ex-políticos que trabalhem no sector privado» mas não a sua eliminação por se tratar de um "direito adquirido", é o mesmo Ângelo Correia que no dia 14 de Junho de 2010 defendeu no Correio da Manhã que o direito à saúde, ao ambiente, à habitação e à educação deve estar dependente da capacidade financeira do Estado, acrescentando que «Em boa verdade, e numa democracia, "adquiridos" são os direitos à vida, à liberdade de pensamento, acção, deslocação, escolha de profissão, organização política e outros direitos correlatos. […] Continuarmos a insistir em "direitos adquiridos intocáveis" é condenar muitos de nós a não os termos num qualquer dia do futuro. E isso seria muito mau.»?

 

Se calhar por serem Notas ao Fim da Tarde e derivado ao cansaço de um dia de trabalho…

 

 

 

 

 

 

|| Vitória! Vitória! Acabou a nossa história

por josé simões, em 23.10.11

 

 

 

A blogosfera [a de Direita excluída] goleou o ministro. É por estas pequenas-grandes coisas que vai valendo a pena continuar a escrever umas linhas nos blogues.

 

Parabéns ao Câmara Corporativa que soube trazer o caso até às primeiras páginas dos jornais.

 

[Na imagem Cary Grant em North by Northwest]

 

 

 

 

 

 

|| Gentinha

por josé simões, em 21.10.11

 

 

 

Já não vou pelo sururu que esta gentinha fez por causa da deputada que tinha residência oficial em Paris. Era legal, mas não era moral, diziam. Se calhar a legalidade e a moralidade é contabilizada até ao limite máximo €1400, em low cost. Limito-me a recordar a campanha que esta gentinha [e a gentinha do cê dê esse camarada-de-coligação] fizeram durante a campanha eleitoral, por haver quem prefira continuar a receber o subsídio de desemprego em vez de aceitar um trabalho, muitos quilómetros fora da área de residência, “só” porque o patrão não paga subsídio de transporte e subsídio de residência.

 

Esta gentinha argumenta com a legalidade num caso de moral. E religião.

 

[Imagem de autor desconhecido]