"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Lamentavelmente, desde a altura em que fiz essas declarações até hoje, ao contrário do que seria desejável para o país, e não apenas para nós, as condições têm vindo a degradar-se. A produtividade — um fator determinante para a melhoria da nossa competitividade –, tem vindo a degradar-se já desde o ano passado. De facto, os sinais não são positivos para que possamos alimentar essa esperança"
"A Standard & Poor's constata que os custos laborais em Portugal continuam muito abaixo da média da zona euro [...]. Os aumentos consecutivos do salário mínimo, acompanhados de medidas para compensar em parte os custos dos empregadores, dificilmente enfraqueceram a competitividade dos produtos e serviços portugueses."
Primeiro baixam-se os rating aos Estados, às regiões, às cidades, às empresas, a tudo o que mexer à face da terra, como forma de provocar uma escalada dos juros e, por consequência, os ataques especulativos financeiros que levam ao pedido de resgate - pago com a venda dos anéis e dos dedos, ao desemprego, ao empobrecimento e à miséria. Depois vêm-se alertar, com ar cândido, para «o perigo de explosão social na Europa, por causa do elevado nível de desemprego». A Standard & Poor’s até nem tem nada a ver com os Pobres & Estandardizados que agora somos todos, não é? E se fossem gozar com a puta que os pariu?
O cão de Pavlov ou a reacção de quem está mal habituado a escrutinar e a não ser escrutinado, a mal avaliar e a não ser avaliado, a exigir responsabilidade e a passar pelos intervalos da chuva.
Teixeira dos Santos ontem já tinha deixado cair que «“é tempo de o Governo e os partidos, em especial o PSD, se entenderem quanto a isto: há que executar as medidas necessárias”» e hoje os jornais fazem primeira página com José Sócrates e Pedro Passos Coelho. Não sei se era bem isto que o líder do PSD desejava: apanhar o caminho minado e armadilhado e ver o seu nome associado ao “odioso” da questão. Seja como for é uma boa prova de fogo e vamos ver o que é que o homem vale agora que a política está de volta.