"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
«Cavaco reitera que única relação que teve com o BPN foi a de depositante». E reitera que só teve acções, por convite e sem preço de referência, da Sociedade Lusa de Negócios, não cotada em bolsa. Reitera que teve lucro mas que o lucro não é proibido por lei. E reitera que era professor universitário num caso e ainda não era Presidente da República no outro. E reitera que o BPN não é a SLN e que a SLN não é o BPN. E reitera que Oliveira e Costa e Dias Loureiro já não eram ministros dos seus governos quando fundaram uma associação de bandidos com nome de banco. E reitera que não sabe se Oliveira e Costa e Dias Loureiro criavam na mesma a mesma associação de bandidos com nome de banco caso não tivessem sido ministros de Cavaco Silva nem militantes do PSD. E reitera que não sabe se Dias Loureiro e Oliveira e Costa eram militantes do PSD quando fundaram uma associação de bandidos com nome de banco. E reitera que o PSD não é o BPN e que o BPN não é a SLN e que a SLN não é ser ministro de Cavaco Silva. E reitera que aguentou até ao limite do possível Dias Loureiro porque fazer parte de uma associação de bandidos com nome de banco não tem nada a ver com ser Conselheiro de Estado. E reitera que espera que o deixem terminar o seu mandato com dignidade. Amém!
Transitar do BPN ou da Sociedade Lusa de Negócios para ocupar cargos de secretaria de Estado ou desempenhar funções de assessoria a secretários de Estado e ministros, primeiro-ministro Pedro Passos Coelho incluído, do Governo PSD/ CDS-PP, omitindo cirurgicamente do curriculum o "lado negro" da história, não é nada de por aí além. Já ter sido "um dos principais responsáveis pela gestão do BPN no período pós-nacionalização" é motivo para que se questione a idoneidade.
[Imagem "Washington circa 1925. Y.W.C.A.", Circus Harris & Ewing Collection]
Até porque nem interessa nada para a opinião pública saber [nem sequer há relação nenhuma] o que é que os governantes andaram a fazer no intervalo preenchido entre desocuparem cargos públicos e ocuparem cargos e públicos, ocupado em funções privadas, cujo relatório e contas, coluna "Deve", é para ser depois nacionalizado pelo Estado, que temporariamente administram antes e depois da passagem pelo privado, e suportado com dinheiros públicos.
E até porque quando se "candidatam" a cargos no privado omitem no currículo a sua passagem pelos cargos públicos, e nem sequer foi devido a essa passagem pelo público que deram o salto para o privado. Nada disso. Foi pelos seus lindos olhos, no anonimato privado, à sombra do dinheiro público.
Se o naïf senhor Alves dispensar 3 minutos da sua vida à leitura da Fernanda, hoje no Diário de Notícias, talvez encontre umas pistas sobre o que na realidade sucedeu ao seu currículo. É só uma dica, escusa de agradecer.
Adenda: Jornalismo de qualidade, trabalho jornalístico bem feito era o Expresso publicar as respectivas cartas comprovativas, assim soa a mais um "O FMI já não vem" ou a outro "António Costa candidata-se a secretário-geral para unir o PS"
[Imagem "Annual Clowns Gathering", Felix Clay]
Post-scriptum: Algum tempo depois de ter publicado o post o Expresso alterou as notícia e, as cartas que tinham sido escritas por Franquelim Alves passaram a ser subescritas por Franquelim Alves. Como diz o anúncio, "Expresso, há 100 anos a fazer opinião".
"Quem escolheu (Franquelim Alves) não foi o CDS nem o PSD. Fui eu e o ministro da Economia. Espero que esse assunto morra depressa porque não tem nenhuma razão de ser"
O PS de António José Seguro, que se assume «como alternativa a primeiro-ministro», cortou a meta em 3.º lugar, atrás do Bloco de Esquerda e do PCP, na "corrida" Franquelim Alves.
Enquanto Pacheco Pereira no blogue, na televisão, nos jornais e revistas, e mais que haja, se dedica a descredibilizar e demolir a nova geração de militantes do Partido nascida sem filiação ou paternidade M-L ou UN, e, passe o pleonasmo, genuinamente genuína; o DCIAP continua paciente e meticulosamente a autopsiar o cadáver do Cavaquismo.
Eu quero acreditar que isto vai terminar ainda antes do fim do Verão para que Dona Manuela saiba quais os poucos com que vai poder contar para a elaboração das listas e para um possível futuro Governo.