"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Por causa de Marisa Matias se ter reclamado da social-democracia vai grande rebuliço, indignação, revolta, galhofa, um cocktail de mixed feelings nas "redes", por parte de apóstolos e escudeiros do partido que só tem "social-democrata" no nome por antecipação à dissidência Sousa Franco, Magalhães Mota e Sérvulo Correia que ameaçava abarbatar-se com a DOC [Denominação de Origem Controlada] e que sem urticárias nem anti-histamínicos se senta na bancada do Partido Popular Europeu ao lado de Viktor Orbán.
Sá Carneiro era um social-democrata que se inscreveu no partido único de uma ditadura fascista para mudar o regime por dentro rumo à social-democracia, modelo corporativo.
Um cata-vento que corre atrás do tempo novo do novo Presidente cata-vento sem perceber que o tempo acabou e que o vento mudou. A esquerda da direita e a direita da esquerda e bola ao centro. O homem tem um designío e uma missão na terra.
«Passos recandidata-se na quinta-feira a líder do PSD: "Não me vou reiventar. O país é que mudou"»
Quando a direita, eufórica e ululante, aponta o dedo à Grécia e diz que os 18, por unanimidade, o que dá a exclusão da Grécia já como adquirida, impôs a continuação da austeridade ao Syriza, não ao Governo grego eleito em eleições livres e democráticas, e que entre esses unânimes 18 estão a França de François Hollande e a Itália de Matteo Renzi, que se reclamam do socialismo democrático e da social-democracia, isso significa o quê, a máxima de António Costa e que o há-de perseguir até ao fim dos dias da sua vida, «Não tenhamos dúvidas: se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou. A mudança necessária exige ruptura com a actual maioria e a sua política.», falta de visão política para a Europa e para o futuro do "projecto europeu", ou simplesmente cobardia política que nem os exemplos PASOK e PSOE fazem demover?
Já passou tanto tempo desde que Tony Blair quis dar um rosto humano ao neoliberalismo de Margareth Thatcher e desde o dia em que Gerhard Schröder ocupou a cadeira de chancheler da Alemanha e abriu, na Europa continental, as hostilidades contra o mundo do trabalho e o Estado social, pomposamente baptizadas de "reformas", que as pessoas já se esqueceram do que é a social-democracia, do que é ser social-democrata e que tudo agora é extremismo, é esquerda radical, perigosa, quase a roçar o terrorismo. Graças aos mercados a Deus que temos Matteo Renzi para esconjurar Alexis Tsipras e exorcizar os desvios à ideologia do pensamento único.
Quando os trotskistas, os da extrema-esquerda, os "irresponsáveis", os "aventureiros", os "arruaceiros", o terror dos mercados, da Alemanha, do FMI e da Comissão Europeia, não necessariamente por esta ordem, assumem e incorporam o discurso que, aS/ aB [antes de Schröder e antes de Blair], costumava ser o discurso da esquerda moderada, o discurso da Europa dos povos, o discurso da Europa do Estado social, a Europa construída para travar a ascensão dos radicalismo, da extrema-esquerda incluído. E parar pensar?
Não perceber as causas do processo de falência do socialismo e da social-democracia e porque é que a Europa, sem verdadeiras alternativas credíveis, vai caminhando alegremente para a desagregação e insignificância.
Vamos coleccionando nomes, François Hollande, Peer Steinbrucker, Matteo Renzi, Martin Schulz [?] …