"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No discurso de encerramento do debate parlamentar na apresentação do Orçamento do Estado para 2021 a cargo do ministro da Economia, a páginas tantas Siza Vieira deixa cair "para ultrapassar esta pandemia que não criámos".
Depois do ministro que saiu do gabinete para se juntar à manif que protestava contra as políticas do seu ministério, o ministro que incentiva futuras greves. Como sói dizer-se, isto só neste país...
José Sócrates inaugurou a nova biblioteca de Viana do Castelo projectada por Álvaro Siza Vieira. Aos jornalistas o Primeiro-ministro disse que cresceu a ouvir dizer da boca do pai – arquitecto – que, a arquitectura “era a chave para todos os problemas da humanidade”, e que na altura as palavras do progenitor lhe soavam como “uma visão totalitária do mundo”.
“Só as cidades mais bonitas, atraentes e com qualidade de vida é que têm dinamismo económico capaz de fazer progredir o país”; Sócratesdixit.
É impressão minha, ou isto está tudo ligado? Cidades novas, bonitas e atraentes; homens novos, saudáveis, sem vícios e adeptos do “mente sã em corpo são”.
Podia começar para aqui a dissertar sobre a arquitectura de Siza Vieira; fechada, linear, fria e despida de sentimento. Sobra a nova China, o seu novo homem e a suas novas cidades, construídas sobre os escombros das milenares, entretanto arrasadas.
Ou sobre a visão arquitectónica de Alber Speer e o seu papel no Reich.
Valem mais estas pequenas coisas que as reportagens nos Expressos e nas Visões, com fotos e tudo, sobre a infância e a intimidade do nosso Primeiro. Ai não que não valem!