"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A primeira conclusão a tirar desta produção de baixa qualidade que responde pelo nome de Tapgate é que há quem leve a sério, e até tenha medo, da anedota internacional que é a secreta tuga, também conhecida por Serviço de Informações de Segurança.
Ou quando o medo do fisco se sobrepõe a tudo o mais.
O advogado do espião português, do Serviço de Informações de Segurança (SIS), [...] admite que o cliente recebeu um pagamento do cidadão russo com quem se encontrou em Roma, mas insiste que nada tem a ver com espionagem e garante mesmo que o agente português passou recibo.
Por falar em espiões, como é que a televisão do militante n.º 1 sabia o voo em que o espião vinha detido, de modo a colocar um jornalista dentro do avião, pronto a filmar e a entrevistar, se preciso fosse, o "traidor à Pátria"?
Aqui não há compra e venda fuga de informação confidencial e comprometedora da segurança do Estado e/ ou da NATO?
Já está tudo arranjado explicado, Pedro Passos Coelho desmentiu o Público porque Miguel Relvas não passou cartucho, não ligou a ponta de um chavelho, ao correio electrónico enviado por Jorge Silva Carvalho para o gabinete do ministro da Propaganda. E é por isso que, genuinamente, não se recorda. Então não é que um qualquer maluco, ou nem por isso, se lembrava de tramar um qualquer ministro e, vai daí, enviava um e-mail, e depois o ministro tinha de se demitir. Tão simples quanto isso. O ministro não cai nessas esparrelas, que já têm barbas [as esparrelas], ao contrário do Ministério Público que, no fim das contas feitas, ainda vai ficar mal na fotografia.
"Then who the hell else are you talkin' to? You talkin' to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to?"
“Esqueceram-se” que nos idos do PREC havia uma míriade de grupelhos marxistas-leninistas-maoistas, com as efígies individualmente ou conjugadas na bandeira [por acaso de onde saíram a grande maioria dos paineleiros do comentário telivisivo, deputados, ministros dos Governos da “normalização”, e até um Presidente da República], com expressão residual nas urnas e impotentes na rua, muito, mas mesmo muito, pelo travão imposto pelo PCP e pela CGTP.
Aconselha-se que comecem a acompanhar os bifes com cogumelos de lata. É mais seguro.
Uma notícia que só é notícia porque, em Portugal, a memória da PIDE da Legião e da restante bufaria ainda está fresca, e porque em Portugal há – confusão é curto –, uma promiscuidade deliberada entre partido do Governo (qualquer que ele seja), Governo e Estado, e ainda porque não existe um sistema, eficiente e isento, de contrapesos entre os diversos poderes.
Aqui chegados importa pensar por que razão(ões) uma banalidade que é norma em todas as democracias ocidentais faz primeiras páginas de jornais, cá.