"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A questão que se colocava era se a Rússia, enterrada até aos cabelos na Ucrânia, tinha capacidade para aguentar mais que uma frente de batalha. O Azerbeijão chegou-se à frente e acabou com o separatismo fomentado aliado arménio de Putin, não era de estranhar que a seguir fosse a Moldávia e a Geórgia voltasse ao terreno.
"a Ucrânia e o poder ali instalado" [...] que não pode ser dissociado "do golpe de Estado de 2014, protagonizado por grupos fascistas" julgou um soldado russo - a potência agressora e invasora, que confessou o assassínio de um cidadão ucraniano num julgamento aberto, assistido e acompanhado pelo media e organizações internacionais, de onde resultou uma condenação a prisão perpétua, decisão passível de recurso pelo condenado; por comparação com os três soldados - dois britânicos, casados com ucranianas, a viverem há décadas na Ucrânia, soldados do exército ucraniano, condenados à morte por atentarem contra a ordem constitucional de uma república separatista - fomentada e armada pela Rússia, que só a Rússia reconhece, a Rússia que invadiu a Ucrânia ao arrepio do direito internacional, num julgamento à porta fechada, do qual não se conhecem detalhes, com pena definitiva, sem direito a recurso, uma região onde desde 2014 se dão sucessivas "fracturas e divisões, por perseguições, pela discriminação e negação de direitos fundamentais e de cidadania de populações" pelas tropas pró Kremlin num regime imposto, cuja acção violenta tem sido sistematicamente denunciada por organizações não governamentais independentes e pela ONU.
Putin ordenou ao exército russo entrar em Donetsk e Luhansk para restaurar a ordem e paz que não há desde o dia em que Putin decidiu fomentar a desordem e a guerra como forma de desestabilizar um país e uma região.
Está bem que antes de Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco terem dado às ilhas adjacentes nos idos de 1419 não havia por lá ninguém, indígenas, nada, só mato e árvores. Daí que até se falar em colonialismo e opressão parece-me um 'cadinho exagerado. Mas em nome do direito dos povos à autodeterminação e independência, e se for essa a vontade do povo, expressa por exemplo em referendo, aceita-se. Por quem sois, que viva Zapata!
“O que o PS está a fazer é ressuscitar a actuação da FLAMA dos anos de 74, 75 e 76. Depois não se queixem do que pode ocorrer. Quando digo que Sócrates está a ressuscitar a FLAMA é porque tenho informações. Estejam atentos à actuação do SIS na Madeira”.
Quem assim falou foi Coito Pita, vice-presidente da bancada PSD, no Parlamento Regional da Madeira, a propósito da discussão da alegada inconstitucionalidade da Lei das Finanças das Regiões Autónomas.
FLAMA – Frente de Libertação da Madeira, organização clandestina separatista que lutava pela independência do arquipélago nos anos de 1974 a 1976.Recorria a ameaças pessoais, intimidações e atentados à bomba, criando um clima de terror e instabilidade nas ilhas durante os anos da sua actuação.
Nem é preciso ser bom aluno a matemática para saber somar dois e dois:
- Com a chegada de Alberto João Jardim ao poder a FLAMA cessou actividades.
- Coito Pina, aquele que diz que se está a ressuscitar a FLAMA, em 1993 num comício do PSD em Chão da Lagoa, gritou: “Contra Lisboa, Contra Portugal!”.
- Existe uma foto de Alberto João envergando uma t-shirt da FLAMA.
- Alguns dos suspeitos como operacionais da organização são hoje militantes do PSD Madeira.
De cada vez que se negoceia um Orçamento de Estado, lá vem o fantasma do separatismo.
Sócrates já disse “BASTA!”, mas pelos vistos o basta, não basta.
Partilho da opinião que deveria ser proposto um referendo à população do arquipélago sobre a questão da independência, para arrumar de vez com esta questão e colocar definitivamente o “soba” Jardim e a sua corte de bajuladores no lugar que lhe compete.
Entretanto foram feitas declarações gravíssimas que põem em causa a unidade nacional, tal como consta na Constituição da República. Feitas não por um qualquer Zé da Esquina, mas por um deputado, num Parlamento Regional. Se sabe o que sabe, não o devia ter dito onde disse, mas nos locais apropriados que são os Tribunais, o SIS, a Policia Judiciária ou a Procuradoria-geral da República.
Agora a bola está no campo do Governo, e o Presidente da República como representante máximo da unidade nacional, também devia ter uma palavra sobre o assunto; há que esclarecer estas afirmações, doa ao PSD que doer.
Nota: Marques Mendes vai à Madeira apoiar Jardim. Leia-se: Prestar vassalagem.
O mesmo Marques Mendes que excluiu Isaltino e Valentim em nome da credibilidade do rigor e da transparência, exclui-se agora da oportunidade de ouro de chamar à razão os seus boys nas ilhas.
Ou vale tudo só pelo poder?
Haverá alguém de bom senso no PSD que explique a Marques Mendes que vai ficar muito mal na foto para a opinião pública, com esta atitude?
Os cidadãos estão fartos dos carnavais de Jardim e principalmente de verem o dinheiro dos seus impostos esbanjado sem pudor e sem controlo.
Com beija-mãos desta natureza não se espante de não subir nas sondagens; e de Sócrates também não descer.
Post-Scriptum – Luís Marques Guedes, líder parlamentar do PSD, instado a comentar as declarações do seu camarada de partido sobre a FLAMA e o separatismo, responde “não vou comentar política local”.
Importa-se de repetir?! Focos de separatismo são politica local?