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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Procissão do Senhor do Bonfim

por josé simões, em 12.05.07

(Procissão em Setúbal, ano de 1939. Fotografia de Américo Ribeiro)

 

Realiza-se amanhã em Setúbal, e pelas 16 horas, a tradicional procissão do Nosso senhor do Bonfim. Segundo o trissemanário O Setubalense, “a procissão sai da Igreja de S. Julião, com a imagem do Senhor do Bonfim, de Nossa Senhora de Tróia e de Nossa Senhora da Arrábida, passando pela avenida Luísa Todi, rua Cláudio Lagrange, Jardim da Beira-Mar e Senhora do Cais, onde haverá bênção às actividades marítimas e exortação aos homens do mar. A acompanhar estarão a banda Musical das Caldas da Rainha e a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.”

 

O blogue, que se orgulha de ser agnóstico, não pode, no entanto, deixar de referir a cerimónia e assinalar a data, como parte integrante da cultura popular Setubalense, e, acima de tudo, pela educação recebida e pelas recordações de infância que me traz esta procissão, na qual cheguei a participar com a minha avó. Aqui fica a evocação, pela escrita de António Lopes Ribeiro, imortalizada nas palavras de João Villaret:

 

Procissão

 

Tocam os sinos na torre da igreja

Há rosmaninho e alecrim p’lo chão

Na nossa Aldeia que Deus a proteja

Vai passar a procissão

 

Mesmo na frente marchando a compasso

De fardas novas vem o Solidó

Quando o Regente lhe acena com o braço

Logo o trombone faz pó-pópó

 

Olha os bombeiros tão bem alinhados

Que se houver fogo vai tudo num fole

Trazem ao ombro brilhantes machados

E os capacetes rebrilham ao Sol

 

Tocam os sinos na torre da igreja

Há rosmaninho e alecrim p’lo chão

Na nossa Aldeia que Deus a proteja

Vai passando a procissão

 

Olha os Irmãos da nossa Confraria

Muito solenes nas opas vermelhas

Ninguém supôs que nesta Aldeia havia

Tantos bigodes e tais sobrancelhas

 

Ai que bonitos que vão os Anjinhos

Com que cuidado os vestiram em casa

Um deles leva a Coroa de Espinhos

E o mais piqueno perdeu uma asa

 

(Refrão)

 

Pelas janelas as Mães e as Filhas

As colchas ricas formando troféu

E os lindos rostos por detrás das mantilhas

Parecem de Anjos que vieram do Céu

 

Com o calor o Prior vai aflito

E o Povo ajoelha ao passar o Andor

Não há n’Aldeia nada mais bonito

Que estes passeios de Nosso Senhor

 

Tocam os sinos na torre da Igreja

Há rosmaninho e alecrim p’lo chão

Na nossa Aldeia que Deus a proteja

Já passou a procissão

 

 

 

(Procissão em Setúbal, ano de 1950. Fotografia de Américo Ribeiro)