Procissão do Senhor do Bonfim
(Procissão em Setúbal, ano de 1939. Fotografia de Américo Ribeiro)
Realiza-se amanhã em Setúbal, e pelas 16 horas, a tradicional procissão do Nosso senhor do Bonfim. Segundo o trissemanário O Setubalense, “a procissão sai da Igreja de S. Julião, com a imagem do Senhor do Bonfim, de Nossa Senhora de Tróia e de Nossa Senhora da Arrábida, passando pela avenida Luísa Todi, rua Cláudio Lagrange, Jardim da Beira-Mar e Senhora do Cais, onde haverá bênção às actividades marítimas e exortação aos homens do mar. A acompanhar estarão a banda Musical das Caldas da Rainha e a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.”
O blogue, que se orgulha de ser agnóstico, não pode, no entanto, deixar de referir a cerimónia e assinalar a data, como parte integrante da cultura popular Setubalense, e, acima de tudo, pela educação recebida e pelas recordações de infância que me traz esta procissão, na qual cheguei a participar com a minha avó. Aqui fica a evocação, pela escrita de António Lopes Ribeiro, imortalizada nas palavras de João Villaret:
Procissão
Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim p’lo chão
Na nossa Aldeia que Deus a proteja
Vai passar a procissão
Mesmo na frente marchando a compasso
De fardas novas vem o Solidó
Quando o Regente lhe acena com o braço
Logo o trombone faz pó-pópó
Olha os bombeiros tão bem alinhados
Que se houver fogo vai tudo num fole
Trazem ao ombro brilhantes machados
E os capacetes rebrilham ao Sol
Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim p’lo chão
Na nossa Aldeia que Deus a proteja
Vai passando a procissão
Olha os Irmãos da nossa Confraria
Muito solenes nas opas vermelhas
Ninguém supôs que nesta Aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas
Ai que bonitos que vão os Anjinhos
Com que cuidado os vestiram em casa
Um deles leva a Coroa de Espinhos
E o mais piqueno perdeu uma asa
(Refrão)
Pelas janelas as Mães e as Filhas
As colchas ricas formando troféu
E os lindos rostos por detrás das mantilhas
Parecem de Anjos que vieram do Céu
Com o calor o Prior vai aflito
E o Povo ajoelha ao passar o Andor
Não há n’Aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor
Tocam os sinos na torre da Igreja
Há rosmaninho e alecrim p’lo chão
Na nossa Aldeia que Deus a proteja
Já passou a procissão
(Procissão em Setúbal, ano de 1950. Fotografia de Américo Ribeiro)