Somos bons. Somos mesmo muito bons
Jogar 120 minutos com 10 contra 11, sem seleccionador, e só ser eliminado nas penalidades. Somos bons. Somos mesmo muito bons.
[A seleção no Euro numa só imagem]
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Jogar 120 minutos com 10 contra 11, sem seleccionador, e só ser eliminado nas penalidades. Somos bons. Somos mesmo muito bons.
[A seleção no Euro numa só imagem]
Da primeira vez que tivemos onze jogadores em campo a jogarem à bola entre si, e a divertirem-se, em vez de os habituais dez, em esforço, a jogarem a bola para um, Portugal deu chapa seis à Suíça, com Gonçalo Ramos, o jogador mais jovem depois de Pelé a assinar um hat trick em jogo de estreia num mundial, o gajo que só foi convocado porque é do Benfica, segundo os cabeçudos da clubite futeboleira, duas horas depois de terminado o match que consagrou Gonçalo Ramos o "Man of", nas televisões portugueses continuava-se alegremente a falar de Ró Náldo [com dois acentos, como eles pronunciam], a sua "mais que prevista e anunciada decadência", os mesmos que até anteontem juravam que o crack ia bater o recorde de Roger Milla. Numa coisa há que tirar o chapéu ao 7, sem que fique a descoberto a caspa e a oleosidade, é que nem Beckam, a solo ou em parceria com a posh girl, conseguiu alguma vez projectar a sua imagem desta maneira, que falem de mim, dele, bem ou mal, mas que falem.
Depois de uma magistral derrota frente à Ucrânia o melhor que ocorreu à única Selecção do mundo onde os melhores não jogam, vítimas dos medos de um seleccionador a que os comentadeiros e analistas chamam de conservadorismo, foi uma exaltação no Twitter do capitão e dos objectivos e metas a que se propôs. Não explica tudo mas ajuda a perceber a lusitana cultura e crença no homem providencial, o D. Sebastião que numa jogada genial do sistema de jogo de 9 para 1, nos vai guiar à glória só ao alcance das selecções nacionais que teimam em jogar num colectivo de 11.
Estão aí com toda a força os imbecis do "Portugal dos pequeninos", temos o melhor jogador do mundo, temos jogadores pagos a peso de ouro a jogar nas melhores ligas da Europa mas temos de ter medo, muuuuuito medooooo do Suarez do Uruguai.
[Imagem de autor desconhecido]
"Graças a Deus passámos", Fernando Santos na flash interview.
Os outros, como não estão nas graças de Deus, não passaram. E andamos nisto há 2 mil anos...
[Imagem "Seminario de Madrid 1960", Ramon Masats]
E, na operação "revitalizar o interior", fechamos a única agência bancária em Pedras Salgadas, do banco do Estado resgatado com o dinheiro do contribuinte.
Parabéns @selecaoportugal! Que seja um bom prenúncio para o Mundial #Russia2018 que aí vem! #Portugal está convosco.
António Costa, primeiro-ministro, no Twitter.
Da música de Pedro Abrunhosa, morte-lenta a embalar os adeptos e o futebol da Selecção, já ninguém se lembra. Nunca ninguém se lembrou. Apesar da insistência com o tema, nos écrans dos estádios em karaoke, antes, depois e em todos os intervalos possíveis dos jogos e com o próprio, em tournée de playback, aos saltos pelo relvado da Luz num amigável de goleada. Isso agora também não interessa nada, os milhares de euros metidos pela Federação Portuguesa de Futebol no bolso do homem que fala sobre músicas já lá estão. "Vamos lá cambada, todos à molhada", isto é business total, a vidinha custa a todos e os últimos discos têm sido um flop de vendas. Ter amigos é isto.
[A imagem é a primeira página do diário i]
Podem as primeiras páginas de um jornal explicar um país?
O futebol são onze contra onze e no fim o Benfica engana os alemães do Bayern. Alguém ainda se lembra?
O médio Renato Sanches, lançado a jogo ao intervalo, foi o melhor em campo no duelo com a Croácia, segundo revelou a UEFA pouco depois do apito final da partida realizada em Lens.
[Eddy Grant na imagem que era o que havia disponível no Google mais parecido com o 'musgas']
No cachecol é possível ler "não" e "milhões". Será em homenagem a Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças e ex-colega de governo no Governo da direita radical, que se notabilizou por esconder o Banif debaixo do tapete para não estragar a saída limpa e o relógio de Paulo Portas em marcha à ré e por ter fingido que não sabia nada de nada da Caixa Geral de Depósitos, que interessava/ interessa escavacar para dar de mão beijada a interesses privados com o nome de privatização?
[Via]
É o nosso capitão [Ró-nàldo, como dizem nas televisões], queremos muito ajudá-lo.
João Mário, na flash interview a seguir ao Hungria 3 – Portugal 3, a explicar a mentalidade de merda que se reflecte no futebol de merda e nas prestações sofríveis da selecção nacional de futebol desde o primeiro jogo da fase de apuramento para o Euro 2016.
Logo a seguir na flash interview falou Rebelo de Sousa, Marcelo, Presidente da República de Portugal, ainda antes de Fernando Santos, seleccionador. A sério.
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O curioso nisto dos futebóis fora de portas de quatro em quatro anos é que no intimo, mesmo lá no íntimo dos íntimos, e perguntem a qualquer emigrante, of the record, o que os emigrantes mais desejam nos dias de espera à porta do centro de estágio a gritar "Portugal!" é ver acontecer, step by step, as vitórias da selecção nacional que a hão-de levar até à vitória final, na final contra a França, para poderem atirar em cara aos colegas de trabalho, ao patrão, ao empregador, ao país que os acolheu, a superioridade de um país, o seu, que os desprezou, e isto é qualquer coisa do campo do realismo mágico protagonizado pelos deserdados do neo-realismo.
[Imagem “Immigrés portugais à Hendaye en transit pour Paris, Mars 1965”, Gérald Bloncourt]
É a diferença entre o futebol da selecção de Fernando Santos e o futebol da selecção de Paulo Bento.
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A gente podia imaginar a selecção nacional orientada por Joachim Löw. Agora transponham isto para o tecido empresarial.
Sermos a selecção de futebol que em França tem mais 'supporters' que o país organizador da competição é coisa que nos devia envergonhar, a todos, ao invés de andarem as televisões, todas, eufóricas em directos com o apoio da miséria por mares nunca dantes navegados que vai levar o futebol em ombros até à final e à taça.
[Imagem "Bidonville de Nanterre, 1971",Gérald Bloncourt]
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