"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um secretário de Estado com negócios ligados a empresa de lixos e resíduos, incluindo importação de lixo radioactivo, depois de um ministro do Ambiente que autorizou um outlet em reserva natural, depois de um ministro do Ambiente que autorizou o abate de sobreiros para construção de um campo de golfe, para depois aparecer a pedir que o preço da água reflicta a escassez do recurso, por curiosidade, e só por curiosidade, todos do Partido Socialista. Não há nada a que o ser humano não se habitue.
"O despacho foi assinado a 1 de março pelo primeiro-ministro. Nessa data, António Costa decidiu conceder subsídios de alojamento de 25,1 euros por dia a cinco membros do governo. Um deles é Carlos Martins, nomeado secretário de Estado do Ambiente no mesmo dia em que todos os seus colegas também tomaram posse, a 26 de novembro de 2015."
"António Costa tinha definido bem uma bitola ética do que não era aceitável: o que não podia existir mesmo era o caso de um governante nomear diretamente um familiar. No sábado passado, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, António Costa desvalorizou as contas feitas ao número de socialistas com relações familiares no Governo e nos gabinetes ministeriais [...]"
Se em Junho de 2016, quando a primeira notícia veio a público, António Costa tivesse cortado o mal pela raiz e dado uma vassourada no ministério do Ambiente [para já e até ver], poupava, o Governo e o partido, ao embaraço de Abril de 2018 e de mais uma relação familiar no executivo. Mas quem vier falar nisto corre o risco de ser corrido de populista para baixo ou até como mais um de direita sem tema nem argumento para as campanhas eleitorais que se avizinham, é tudo má vontade, campanhas orquestradas, ver coisas onde elas não existem, são só os melhores nos lugares e funções que lhes competem.