Circo de Natal
A Ordem dos Médicos abriu um inquérito disciplinar a um médico por decisão política tomada enquanto titular de cargo político. A seguir à silly season vem sempre o circo de Natal.
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A Ordem dos Médicos abriu um inquérito disciplinar a um médico por decisão política tomada enquanto titular de cargo político. A seguir à silly season vem sempre o circo de Natal.
E depois há o fantástico argumento, invocado, mais rápido que a própria sombra, pela brigada do spin de serviço às "redes", do direito à reserva e à privacidade quando a reserva e a privacidade são pagas pelo contribuinte em classe turística e em hotel de 5 estrelas em terras de Vera Cruz.
Duas notícias interessantes sobre o estado da saúde em Portugal:
O Governo para as empresas e corporações, eleito pelo voto popular, não quer acabar com o "abono de família" das clínicas, laboratórios, e hospitais privados, a pretexto da qualidade do serviço do Sistema Nacional de Saúde, que o Governo para as empresas e corporações, eleito pelo voto popular, quer desmantelar.
Mais importante do que saber que a indústria farmacêutica gasta num só ano 20 milhões de euros em publicidade e marketing era saber qual o retorno para a indústria farmacêutica dos 20 milhões de euros investidos gastos, só num ano, em marketing e publicidade.
A língua portuguesa é maravilhosa. Até tem expressões tipo "ler nas entrelinhas" e "emprenhar pelos ouvidos".
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Ou continuar a fumar e a beber e assim contribuir para que o Estado siga arrecadando milhões em impostos e, na melhor das hipóteses, morrer cedo, libertando com esse acto a segurança social de mais pensionistas e reformados e o Serviço Nacional de Saúde de velhos que insistem em ficar doentes, com doenças que costumam dar nos velhos, esses inúteis que cada vez morrem mais tarde, ou continuar a fumar, a beber e a não ter cuidado nenhum com a alimentação e, se conseguir chegar a velho, ou quando cair na doença e tiver de recorrer aos serviços de um hospital público ou de um posto de saúde, não ser atendido pelo médico nem pelos enfermeiros porque há já muito que havia sido avisado para os riscos que corria e, se ficou doente, não foi por falta de informação, porque a fatia do Orçamento do Estado para a Saúde é para tratar os obedientes e os bem comportados, e para pagar aos hospitais e clínicas privadas que gerem a saúde pública.
«Frisando que a manutenção do SNS é indiscutível para o Governo»
Resumindo: num futuro mais ou menos próximo, o Serviço Nacional de Saúde gerido por companhias de seguros, bancos ou empresas privadas de saúde, vai recusar tratamento a utentes/ beneficiários com determinadas doenças, à imagem do que já acontece neste momento com os seguros de saúde privados.
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A ideia [porque há uma ideia] não é acabar pura e simplesmente com o Serviço Nacional de Saúde, a ideia é arranjar maneira de os profissionais de saúde não quererem trabalhar no Serviço Nacional de Saúde de forma a acabar com ele.
No final da legislatura o serviço vai ser tão mau, mas tão tão mau [mas tendencialmente gratuito e inscrito na Constituição], que só os "pobrezinhos" vão fazer uso dele. Depois entram as IPSS e as Misericórdias. E a miséria.
(Na imagem Bela Lugosi em Dracula, 1931)