Parece que foi ontem
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"O Presidente da República vai condecorar Fernando Salgueiro Maia com a Ordem do Infante D. Henrique"
Regressou 40 anos depois para dizer que "Não fiz nada de especial, cumpri a missão que tinha como português. Quando jurei bandeira jurei servir a Pátria, não destruir. Não quero ser herói. Cumpri a missão que tinha como português". E vai regressar à sua vida outra vez, de onde nunca mais vai sair até que algum jornalista um dia se lembre.
Por "serviços excepcionais e relevantes prestados ao País" Cavaco Silva, primeiro-ministro, atribuiu em 1992 uma pensão vitalícia a Abílio Pires e Óscar Cardoso, inspectores-adjuntos da PIDE. Também cumpriram a missão que tinham como portugueses. Os três. Cavaco Silva, Abílio Pires, Óscar Cardoso. Um ainda anda por aí. Convencido da sua predestinação e da Pátria.
Em lista de espera, e por ordem de prioridade, primeiro estão os PIDES de Cavaco Silva, António Augusto Bernardo e Óscar Cardoso.
«Manuel Alegre apela à trasladação de Salgueiro Maia para o Panteão Nacional»
"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"
Madrugada de 25 de Abril de 1974, parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém.
[Imagem de Carlos Gil]
1974 – 2012
Sempre
[Na imagem Salgueiro Maia @ Largo do Carmo, Lisboa, 25 Abril 1974, fotografado por Rui Ochôa]
“Antes tarde do que nunca”, lá diz o povo. Neste caso concreto não se aplica; é tarde demais. Pesa-lhe na consciência a atribuição por “serviços excepcionais e relevantes prestados ao País”, previstos no Decreto-Lei 404/82, uma pensão vitalícia a Abílio Pires e Óscar Cardoso, inspectores-adjuntos da PIDE, ao mesmo tempo que recusava uma pensão à viúva de Salgueiro Maia?
Um é porque foi bombista, outro é porque era comunista, o outro é porque era não sei o quê. O homem “fez” a Revolução e no dia 26 de Abril meteu a espingarda à bandoleira e rumou a casa de onde nunca mais saiu. Não havia por onde lhe pegar, logo só pode ter sido porque fez a Revolução. A haver Memória, no próximo dia 10 de Junho havia uma pessoa, e só uma, de coroa de flores na mão frente ao monumento a Salgueiro Maia: o actual Presidente da República. Mas como o povéu gosta é de festa...
(Imagem Getty Images via Independent)