"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No dia 27 de Novembro, 19 dias depois, Siza Vieira, o ministro da Economia do Governo do líder do PS, António Costa, vai à câmara alta não eleita do Parlamento, a Concertação Social, dar aos patrões o referencial de 2, 7% de aumento salarial para o ano de 2020, abaixo do que já está a ser negociado em algumas empresas, e quando para atingir a meta proposta por António Costa ao país a fingir que falava para aos militantes os salários só recuperaram para valores pré-crise com subida de 4%.
Portugal não pode regressar ao nível salarial nem ao nível remuneratório das pensões de 2011 e, portanto, os salários e pensões têm de ser cortados "de forma permanente".
E Cavaco Silva até está prenhe de razão quando na homilia do 5 de Outubro disse "ah e tal os políticos são mal pagos" porque se os políticos fossem bem pagos os melhores até vinham para a política e além do Pires de Lima e do Paulo Macedo que são do melhorio que há ainda vinham o Belmiro de Azevedo o João Duque o Alexandre Soares dos Santos o César das Neves o Zeinal Bava o Medina Carreira e o Horta Osório que é tão bom tão bom tão bom que até anda a despedir bifes a eito lá no Loyds em Inglaterra enquanto recebe uma pipa de massa do contribuinte inglês que não recebia se estivesse na política portuguesa. E depois disto ideologias à parte fica já aqui escrito e sublinhado que é por causa das moscas um gajo vê que o PCP tem os melhores do PCP na política a ganharem o que os bons políticos não querem ganhar e por isso não vêm para a política e que os melhores do PCP no final do mês ainda entregam o remanescente do ordenado de miséria ao partido. Se calhar é por causa daquela coisa da cousa pública e do bem comum que só se usa nos livros do Rei Artur e do Lancelote e nem sequer se fala disso nas aulas da disciplina de Educação Cívica. Ou se calhar sou eu que ouvi muitas histórias do avô Augusto e do amor à camisola e de andar a construir o estádio do Bonfim depois de sair do trabalho e antes de jogar no domingo contra o Barreirense e irem todos de comboio com o bilhete pago do próprio bolso.
Não encontro aqui nada que não possa (e não deva) ser aplicado a todo e qualquer trabalhador em toda e qualquer profissão. Mas isso agora também não interessa nada, pois não?