"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quando o ‘colonel’ montou um circo no “parque de campismo” de S. Julião da Barra e depois quando «quatro F16 da Base Aérea Nº5, em Monte Real» voaram para Tripoli para prestar honras à bancada VIP, nunca se lhe ouviu um piu. Ou porque desconhecia a realidade dos factos, ou porque andava atarefado a comprar viaturas blindadas para a Unidade Especial de Polícia para prevenir motins e atentados terroristas, ou porque estava a dormir a sesta.
Aquele senhor, Rui Pereira de sua graça, sempre lesto a marcar presença em frente dos microfones e das câmaras das televisões, seja por causa de meia dúzia de badamecos apanhados a assaltar uma estação de serviço, seja por causa de um C 130 com ajuda humanitária para o Haiti, ultimamente anda muito arredado, diria mesmo desaparecido.
Se há coisa que nunca percebi, foi a razão para que em todos os cafés e restaurantes haja sempre um Correio da Manhã em cima do balcão, gentilmente dispensado pela gerência, para usufruto e consulta pelos clientes.
“Oh sôr fulano, tem aí o Correio da Manhã?” perguntava ao balcão a meu lado, um cliente do café onde costumo ir de manhã. “Levou uma senhora lá para fora pá esplanada…” respondeu o empregado. “Oh que chatice!” pensava eu para com os meus botões. Como é que há alguém que consegue ler um jornal que, há excepção de algumas poucas colunas de opinião, tem no mínimo 20 páginas com crimes, assaltos e assassinatos? As outras são com futebol e mais um suplemento com anúncios de “convívio”; leia-se prostitutas.
Chego agora à conclusão que eu é que andava ao contrário do resto da maralha.
De repente vejo o país transformado num enorme Correio da Manhã. A página um fica ali na A2; a página 2 fica em Loures. E por aí fora.
O papel de director está entregue a um senhor de nome Rui Pereira. Compila as notícias e manda publicar.