"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ser disruptivo no Dia de Portugal era a RTP, televisão pública, em tempos de ódio ao estrangeiro como os que vivemos, abrir o telejornal desde Lagos, como a terra onde chegavam os escravos para serem comerciados no mercado, e não a cidade de onde partiram portugueses para outras demandas na "aventura" dos descobrimentos.
Alguém devia, não digo avisar, mas ensinar, não o taberneiro, que esse sabe perfeitamente o que diz e não precisa de ensinamentos, mas os alegados jornalistas, que não há "líder da oposição" coisíssima nenhuma, quanto muito há o líder do maior partido na oposição. Isto não é tudo farinha do mesmo saco, mesmo havendo um escritor de livros a metro na apresentação do telejornal da televisão pública que de todas as vezes que se refere à esquerda à esquerda do PS usar "partidos da área socialista". Se não há misturas à esquerda ainda muito menos as há à direita extrema e à extrema direita. Como diria o outro, área socialista é a tua tia, pá!
A RTP foi em reportagem até a Beringel, terra natal da emigrante portuguesa mais famosa de sempre - Linda de Suza, e que votou maioritariamente no partido da taberna por não gostar de... imigrantes. Há por lá muitos, trabalham no campo, têm lojas, e não passam facturas como todo o bom português que se preze, foram rapidamente aculturados. E a RTP que foi em reportagem a Beringel não sabia que Beringel tinha dado Linda de Suza ao mundo, e assim a ignorância do alegado jornalista não pôde desmontar a ignorância do beringelense anónimo que no segredo da cabine de voto é finalmente o racista e o xenófobo que jura a pés juntos não ser, pode livremente transpirar o medo do outro, do diferente, rever-se no que o taberneiro grita nas televisões e que os seus olhos desmentem todos os dias quando sai à rua.
Propostas do partido da taberna para a habitação: nheca nheca o PS isto e o PSD aquilo, nheca nheca Pedro Nuno Santos aquilo e Luís Montenegro isto e nheca nheca, Cuba e Venezuela e nheca nheca.
Propostas do partido da taberna para a imigração: nheca nheca o PSD isto e o PS aquilo, nheca nheca Luís Montenegro aquilo e Pedro Nunno Santos isto e nheca nheca.
Propostas do partido da taberna para a segurança: nheca nheca o Irão, a Venezuela, a China, ali para o lado esquerdo e nheca nheca, o PS isto e o PSD aquilo, nheca nheca Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro e nheca nheca.
"Dê-me só 30 segundos" nheca nheca. "Agora vai ter de deixar-me responder a isto" nheca nheca. A Venezuela, a Rússia, o Irão, a China e nheca nheca. Barulho, bocas, apartes por cima dos outros e nheca nheca.
Calhou na hora da bola e o pessoal até pode ter andado distraído com um olho no debate e outro no pontapé no esférico mas não se ouviu uma, uma única, proposta para o país saída daquela boca. Diz que isto para o eleitorado base interessa nada porque ele é que sabe dizer as verdades. Para mim é um copo de três e nheca nheca.
O nosso "problema" com os ilusionistas liberais é que já nos conhecemos há demasiado tempo, tanto quantos os anos deste blogue - 19, dos confrontos de ideias através dos posts, nas caixas de comentário com os escribas do Blasfémias e d' O Insurgente, e depois em "confrontos" rápidos no Twitter a 140 caracteres. Na altura da memória difusa, para alguns, inexistente para outros, revista e lavada a OMO para a maioria , o Chile de Pinochet e dos Chicago Boys, que fica nas costas da Argentina, era do lado de cá do Atlântico, aqui mesmo ao lado. A ditadura um mal necessário. A tortura, os assassinatos, as violações, os desaparecimentos, efeitos colaterais, quando não mesmo um exagero da esquerda. O país aí estava, preparado, pujante, um exemplo para toda a América Latina cubana e guevarista, até mesmo para Portugal, alegavam os especialistas em economês. Agora que a memória está fresca, que todos os dias somos bombardeados com o desemprego, a fome, a miséria, a prostituição nas ruas e os sem-abrigo como factor estrutural e não conjuntural, o ataque às liberdades, as cargas da polícia de choque a qualquer pretexto sobre tudo o que respira, enaltecidas no Twitter por minions com cargos mais ou menos importantes dentro da agremiação, um palerma a distribuir réplicas da moto-serra de Milei na Reunião Geral de Alunos congresso da colectividade, a Argentina é do outro lado do Atlântico, lá muito longe, aquele sítio onde o Magalhães andou às voltas quase meio ano.
Um manhoso com carteira de jornalista entalou um anjinho, investido secretário-geral dos comunistas só Deus sabe porquê [mesmo partindo da quote "a religião é o ópio do povo"], impreparado, pobrezinho de léxico, crescido e educado na cartilha casseteira, de cassete, dos anos 70/ 80, à nora sem daí conseguir sair, e que no primeiro minuto não soube pôr logo cobro ao interrogatório. "Já está?!", dez minutos que pareceram um, até para quem estava em casa. Boa sorte com isso de accionar todos os meios legais.
A "provocação", o "agente provocador", o "sabotador", termos que passaram de Estaline até Brejnev, sempre invocados como desculpa para erros próprios, incompetência, e a teimosia do mundo em não se ajustar às teses do partido.
[Imagem Stalin s inner circle during the last years of his reign: Anastas Mikoyan, Nikita Khrushchev, Joseph Stalin, Georgy Malenkov, Lavrenty Beria, Vyacheslav Molotov]
A RTP está a entrevistar os vários líderes partidários a seguir ao telejornal da 1, a propósito das eleições antecipadas que aí vêm.
Ontem, na entrevista ao taberneiro, líder do partido da taberna, foi "o combate à corrupção", "a bandidagem", "a corrupção", "a malandragem"; "o combate à corrupção". Siga. E seguiu para hoje, com o delegado de turma do Ilusão Liberal a dizer querer um "departamento de eficiência governamental", e não há sequer a hipóteses de ser lapso porque o disse duas vezes.
Isto da filha do deputado laranja Almiro Moreira vale o que vale: nada. Podia valer muito se a televisão pública tivesse ido pelo partido que trata toda a gente pelo "doutor" isto e o "engenheiro" aquilo e que agora se vê com uma "doutora" com um ano de osteopatia; tivesse a televisão pública ido pelo partido que durante oito anos mobilizou aios, escudeiros e minions nas redes socais para massacrar os governos PS com a hastag #ComPrimos por causa das nomeações e das dinastias governamentais. Assim é só uma RTP populista, em modo partido da taberna. Os governantes são livres de nomearem quem quiserem para lugares de confiança política. Com Primos ou Sem Primos. Com licenciatura ou sem licenciatura. Lula da Silva era operário metalúrgico e de Angela Merkel nunca ninguém soube o grau académico.
You had something to hide Should have hidden it, shouldn't you? Now you're not satisfied With what you're being put through
Terceiro single saído do Álbum Violator de 1990, Policy of Truth dos Depeche Mode, banda que andou sempre arredada das coisas da política, teve videoclipe assinado por Anton Corbijn, e foi o único da banda a atingir uma posição mais elevado no top dos Estados Unidos - 15.º, que no Reino Unido - 16.º.
"Quem tem medo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito?" era um excelente outdoor a enxamear o país de norte a sul , agora que já entrámos em modo pré-campanha eleitoral.
Things could be so different now It used to be so civilized You will always wonder how It could have been if you'd only lied
Policy of Truth é a banda sonora do separador da RTP para o "Tás Aqui, Tás Ali", perdão, para o "É Ou Não É" do Carlos Daniel sobre as trafulhices de Luís Montenegro em nome dos filhos.
It's too late to change events It's time to face the consequence For delivering the proof In the policy of truth
[Na imagem Policy of Truth, Depeche Mode vinil single]
Do Bloco de Esquerda ao PS, passando pelo PCP e pelo PAN (!), são "os partidos da área socialista, já os neo nazis da AfD são "os nacionalistas alemães". José Rodrigues dos Santos, um ser desprezível com carteira de jornalista, e agenda, no telejornal da televisão pública.
Na televisão pública, o taberneiro, assumido primeiro candidato presidencial para 2026, teve mais tempo de antena para comentar a na véspera anunciada candidatura de Marques Mendes que o próprio Marques Mendes. Um dia como outro qualquer na televisão.
Luís Montenegro diz que se propõe a acabar gradualmente com a publicidade na RTP, as televisões privadas aplaudiram. E Luís Montenegro diz que não vai haver aumento da taxa audiovisual para compensar a perda da publicidade, os do menos taxas e taxinhas disseram que sim senhor. E ainda disse Luís Montenegro que vai haver dinheiro aos potes para a RTP rescindir contrato com trabalhadores. Luís Montenegro não disse, como Passos Coelho, que a RTP era para privatizar. Não. Luís Montenegro propõe-se gradualmente acabar com o serviço público de televisão, asfixiar a RTP até a tornar insignificante e insustentável. A seguir Luís Montenegro vai meter os contribuintes a pagarem a privatização da RTP, darmos dinheiro do nosso bolso para que algum privado, por caridade cristã, fique com ela. O "rural" saiu melhor que a encomenda. E Luís Montenegro chamou "inimigas da democracia" às redes sociais, as redes sociais onde o Governo tem dezenas de contas a bombarem propaganda 24 horas/ dia e onde o PSD tem centenas de minons de plantão em acções de desinformação e bullying. A seguir Luís Montenegro fez saber como quer o jornalismo e os jornalistas, quietinhos e mansinhos, como na Venezuela. Depois Luís Montenegro desceu o palanque e foi sentar-se entre José Eduardo Moniz, director-geral da TVI, e Francisco Balsemão, filho, CEO da SIC.
"Morreram [em Tábua] a combater o fogo na floresta de uma multinacional que não quer saber". Ontem na RTP, na reportagem a seguir ao Telejornal. Ah, e tal, o problema não é o eucalipto, o problema é o eucalipto selvagem, o desordenado, do pequeno proprietário que não quer saber, só pensa no lucro, a floresta de eucalipto ordenada é que é. E coise. [Os grandes proprietários não pensam no lucro]. É o responso que há décadas nos tentam enfiar pelos ouvidos. "A empresa de celulose foi convidada a comentar mas não respondeu". Não sabemos se a dupla Procissão Cristas & Pires de Lima, os ministros do eucalipto no Governo da troika de Passos Coelho, foram convidados a comentar.