"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O advogado de Salazar n' Os Grandes Portugueses indignado com a [falta de] democracia e a manipulação do judicial pelo poder político a propósito das eleições na Roménia. Estas coisa não se inventam...
Nos idos de Sócrates era a "deslealdade institucional" e a "magistratura de influência" desconsiderada. Ele ou uma mosca é quase a mesma coisa, que a mosca ainda incomoda. O "provedor do povo", o "supremo magistrado da Nação", o "comandante supremo" das Forças Armadas e o supremo lol.
«Presidente ficou a saber pela imprensa que se preparava uma missão militar no estrangeiro ainda não aprovada«
E depois ainda há o escritório de advogados que vai redigir o contrato, o banco "não nomeado", ou antes pelo contrário, que vai intermediar a operação, as comissões e as luvas para os peritos em diplomacias várias, e que vão andar numa azáfama, com prejuízo da sua vida profissional e familiar, a "olear fechaduras" e a "inspeccionar carris", o excelentíssimo senhor Jacinto Leite Capelo Rego e, quiçá também, o excelentíssimo senhor Passos Dias Aguiar e a não menos excelentíssima senhora Maria Gustava dos Prazeres, mais o trabalho dos jornalistas de investigação, e o trabalho dos magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal quando os pormenores vierem a lume.
Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Quer dizer, a parte do "nada se perde" já a gente conhece de outros carnavais.
Uma multinacional sueca comercializa refeições congeladas, cozinhadas por uma empresa francesa numa fábrica no Luxemburgo, que contratou uma empresa cipriota para comprar a carne que, por sua vez, subcontratou outra na Holanda que fez a encomenda na Roménia.
Há quem ache isto normal, é o mercado a funcionar, dizem. Descontando a novidade de acontecer na Europa [costumava ser no Sudoeste Asiático e na América Latina], e descontando a parte do "quem se lixa é o consumidor", nesta cadeia tudo funciona correctamente e na perfeição, desde a desresponsabilização social das empresas, até à inexistência de vínculos contratuais, passando pelo aumento das mais-valias e pelos respectivos baixos salários para horários de trabalho "alargados" e sete dias por semana, mais a ausência de direitos e garantias para quem está no fim da escala da cadeia de produção. Resumindo, uma major, sueca, europeia, da Europa do Estado social, do ramo da alimentação, com lucros fabulosos para distribuir pelos accionistas e que, para todos os efeitos, só tem "meia dúzia" de funcionários nos seus quadros…
A Naomi Klein, que explicou tudo isto há muitos anos, sofreu um ataque cerrado dos paladinos do neo-liberalismo e do capitalismo desregulado e foi dada como louca e ignorante.
Há quem ache isto normal. Desculpem, mas não acho nada disto normal.
Faz em Agosto 43 anos que Richard Nixon visitou a Roménia de Nicolae Ceausescu. O Nacional Comunismo. «Ele pode ser um comuna, mas é o nosso comuna». E o mundo não mudou. Antes pelo contrário. Que o digam os romenos com um ditador legitimado pela the land of the free and the home of the brave.
Uns milhares de miseráveis, ao abrigo da livre circulação de pessoas e bens, fugiram dos seus miseráveis países para a Europa rica e próspera, na esperança de continuar com o way of life que os miseráveis governos lhes negavam nos miseráveis países de origem. Mas o racista e o xenófobo é o filho dos imigrantes que chegou a Presidente de uma das maiores potências da Europa e do mundo.