Do revisionismo histórico
[Por causa de Passos Coelho] "não tivemos de nos sujeitar às terríveis metas de austeridade aceites pelo PS em 2011", o historiador revisionista da direita radical, Rui Ramos.
[Imagem]
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[Por causa de Passos Coelho] "não tivemos de nos sujeitar às terríveis metas de austeridade aceites pelo PS em 2011", o historiador revisionista da direita radical, Rui Ramos.
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Nem terrorismo de extrema-direita nem terrorismo fundamentalista cristão. Nem terrorismo de Estado, amigo do liberalismo e do investimento, que o obrigava a ter de ir até à América Latina nos 70s do século XX, uma chatice. Apenas "terrorismo racista", "terrorismo islamista", "terrorismo da extrema-esquerda". Senhoras e senhores, o maior revisionista e limpador de imagens do rectângulo: Rui 'revisionista' Ramos.
[Anders Breivik na imagem]
A UDP tinha os bustos de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao na "bandeira". Depois veio o Bloco e ficou só uma estrela de 5 pontas. O PCP recuperou Estaline do quinto dos infernos para onde Álvaro Cunhal o havia remetido logo a seguir ao sapato de Nikita Khrushchov, que era suficientemente velho para se lembrar do 'Pai dos Povos' de tesoura da mão a recortar Trotsky das fotografias, onde o Bloco de Esquerda, muitos anos depois, os havia de juntar outra vez, em selfie, debaixo da estrela de 5 pontas que serve de bandeira e que serviu de capa ao Zé, que fazia falta para acabar com os brasões coloniais na praça do Império que, mais dia menos dia, também vai mudar de nome, não perdem pela demora. Revisionistas do caralho é o que é. E países com uma história tão higiénica como a nossa não há, disso podem ter a certeza.
[Na imagem Avante, Série VI, n.º 176, especial (Março 1953), "O Herdeiro (Estaline) e continuador genial de Marx, Engels e Lenine"]
A divisão da Polónia entre Estaline e Hitler só foi assinada «depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo», a ocupação das repúblicas bálticas [Estónia, Letónia, Lituânia] só aconteceu «depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo», o massacre de Katyn na Polónia só aconteceu «depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo», o compasso de espera ordenado por Estaline ao Exército Vermelho nas margens do rio Vístula para dar tempo enquanto os nazis na outra margem acabam a operação de limpeza só aconteceu «depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo», que quase metade dos 23 milhões de soviéticos mortos durante a II Guerra Mundial tenham sido vítimas de um Estaline paranóico e com a mania da perseguição, dedicado a purgar as cúpulas das forças armadas substituídas por fiéis e acéfalos comissários políticos que de guerra não sabiam nada, também foi só «depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo». A Pátria do PCP parece ser a URSS. É o que temos.
[Na imagem poster soviético de propaganda]
Independentemente da ideologia, independentemente das diferenças [que as há, e não são assim tão poucas] entre o nazismo e o comunismo, independentemente do nazismo e do comunismo eles próprios, a cegueira ideológica destas alminhas impede-as de perceber que a vitória do Exército Vermelho sobre o nazismo significou para os outros povos, os povos “libertados”, apenas uma troca de “libertador”, que é como quem diz apenas a troca de opressor. É que terminada a guerra os amAricanos foram embora, os russos ficaram. E impuseram o regime. Um pormenor.
«300 mil […] morreram a combater as hordas nazi-fascistas», falta a contabilidade dos centos de mil que morreram por não aceitarem a construção da «memória de um tempo novo» nem «a revisão da história» a partir do ano de 1924.
A independência, a soberania nacional e mais o direito dos povos à auto-determinação são coisas para português ouvir nos debates no Parlamento.
(Imagem de Jan van de Velde via Welcome Library)
Adenda: Fui tomado por um sentimento de nojo e repulsa e não consegui ler mais que o parágrafo transcrito.
Nas sombras do passado, Lenine está presente em espírito na fotografia, que faz sombra a Estaline, que por sua vez se ri enquanto faz sombra a Molotov e Ribbentrop: A Polónia foi responsável pelo deflagrar da II Guerra Mundial e a punição não se fez esperar. Dizer isto é revisionismo.
Adenda: Ver também
Se nos conseguirmos esquecer que antes de ser Chanceler e posteriormente Fuhrer Hitler escreveu o Mein Kampf onde definiu os seus objectivos para a Alemanha e delineou as teses anti-semitas e as bases daquilo que ficaria conhecido com A Solução Final e o Holocausto; se nos conseguirmos esquecer das espoliações e expropriações e do trabalho escravo que desenvolveu e impulsionou a Economia e a máquina de guerra alemã em busca do chamado Espaço Vital; se nos conseguirmos esquecer dos cerca de 70 milhões de mortos da II Guerra Mundial causada pela Alemanha de Hitler; se nos conseguirmos esquecer de que sensivelmente na mesma época e com melhores resultados Franklin Delano Roosevelt aplicava o New Deal nos Estados Unidos.
O problema é esse: se nos conseguirmos esquecer…
«Russo responsabiliza Polónia pela II Guerra»
Não foi um russo qualquer. Foi um historiador do Ministério da Defesa. E acontece, não por acaso, em vésperas das comemorações do Dia D. E é como se tudo o mais não tivesse acontecido e como se não houvesse muito mais na forja. Uma espécie de revisionismo mais refinado. Perigosos, muito perigosos, estes novos soviéticos.
(Na imagem a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop com a bênção e o sorrido de Estaline)
Graças a um comentário na caixa de comentários deste post, com dois links que remetem para dois textos, descobri que o revisionismo não é exclusivo daqueles que negam o Holocausto.
Reabilitados, ainda que demasiado tarde para a devida referência nas Teses ao Congresso. Aguardemos pelo próximo Avante! É que os descendentes políticos de Vladimir Ilitch Ulianov no ex-país dos Sovietes continuam a afirmar não ter nada a ver com o caso. Foram mortos pelo povo, dizem. O povo tem as costas largas…
Quem é do povo e tem as costas largas - suficientemente largas para abarcarem 50 milhões de mortos, mais coisa menos coisa - é Jamil Ziyadaliev, georgiano de 64 anos que ganha a vida a vestir a pele do seu ídolo Estaline. De manhã à noite, todos os dias da semana. E não está só. A sua conterrânea Liana Imanidze de 71 anos que tem no quintal uma máscara mortuária do ditador, lamenta a ignorância da juventude georgiana, seus netos incluídos, por estarem mais interessados na Paris Hilton que na Segunda Guerra Mundial:
“lamented that younger Georgians were ignorant about Stalin, including her own grandchildren, who she complained were more interested in Paris Hilton than in World War II”
Talvez por não ter bigode; penso eu de que. (Ou então se tem, pelo menos faz a depilação).