"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
100 anos separam estas duas fotos. Em 1923 Estaline apagava Trotsky da foto com Lenine no palanque, em 2024 os Estalininhos de trazer por casa, Montenegro & Melo, apagam Freitas do Amaral do acto da criação da Aliança Democrática. A foto é manipulada pelo Volksvargas, mas o princípio é o mesmo. Agora imaginemos que esta gente se alça ao poder.
[Por causa de Passos Coelho] "não tivemos de nos sujeitar às terríveis metas de austeridade aceites pelo PS em 2011", o historiador revisionista da direita radical, Rui Ramos.
Nem terrorismo de extrema-direita nem terrorismo fundamentalista cristão. Nem terrorismo de Estado, amigo do liberalismo e do investimento, que o obrigava a ter de ir até à América Latina nos 70s do século XX, uma chatice. Apenas "terrorismo racista", "terrorismo islamista", "terrorismo da extrema-esquerda". Senhoras e senhores, o maior revisionista e limpador de imagens do rectângulo: Rui 'revisionista' Ramos.
A UDP tinha os bustos de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao na "bandeira". Depois veio o Bloco e ficou só uma estrela de 5 pontas. O PCP recuperou Estaline do quinto dos infernos para onde Álvaro Cunhal o havia remetido logo a seguir ao sapato de Nikita Khrushchov, que era suficientemente velho para se lembrar do 'Pai dos Povos' de tesoura da mão a recortar Trotsky das fotografias, onde o Bloco de Esquerda, muitos anos depois, os havia de juntar outra vez, em selfie, debaixo da estrela de 5 pontas que serve de bandeira e que serviu de capa ao Zé, que fazia falta para acabar com os brasões coloniais na praça do Império que, mais dia menos dia, também vai mudar de nome, não perdem pela demora. Revisionistas do caralho é o que é. E países com uma história tão higiénica como a nossa não há, disso podem ter a certeza.
Independentemente da ideologia, independentemente das diferenças [que as há, e não são assim tão poucas] entre o nazismo e o comunismo, independentemente do nazismo e do comunismo eles próprios, a cegueira ideológica destas alminhas impede-as de perceber que a vitória do Exército Vermelho sobre o nazismo significou para os outros povos, os povos “libertados”, apenas uma troca de “libertador”, que é como quem diz apenas a troca de opressor. É que terminada a guerra os amAricanos foram embora, os russos ficaram. E impuseram o regime. Um pormenor.
Se nos conseguirmos esquecer que antes de ser Chanceler e posteriormente Fuhrer Hitler escreveu o Mein Kampf onde definiu os seus objectivos para a Alemanha e delineou as teses anti-semitas e as bases daquilo que ficaria conhecido com A Solução Final e o Holocausto; se nos conseguirmos esquecer das espoliações e expropriações e do trabalho escravo que desenvolveu e impulsionou a Economia e a máquina de guerra alemã em busca do chamado Espaço Vital; se nos conseguirmos esquecer dos cerca de 70 milhões de mortos da II Guerra Mundial causada pela Alemanha de Hitler; se nos conseguirmos esquecer de que sensivelmente na mesma época e com melhores resultados Franklin Delano Roosevelt aplicava o New Deal nos Estados Unidos.
Não foi um russo qualquer. Foi um historiador do Ministério da Defesa. E acontece, não por acaso, em vésperas das comemorações do Dia D. E é como se tudo o mais não tivesse acontecido e como se não houvesse muito mais na forja. Uma espécie de revisionismo mais refinado. Perigosos, muito perigosos, estes novos soviéticos.
(Na imagem a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop com a bênção e o sorrido de Estaline)
Graças a um comentário na caixa de comentários deste post, com dois links que remetem para dois textos, descobri que o revisionismo não é exclusivo daqueles que negam o Holocausto.
Reabilitados, ainda que demasiado tarde para a devida referência nas Teses ao Congresso. Aguardemos pelo próximo Avante! É que os descendentes políticos de Vladimir Ilitch Ulianov no ex-país dos Sovietes continuam a afirmar não ter nada a ver com o caso. Foram mortos pelo povo, dizem. O povo tem as costas largas…
Quem é do povo e tem as costas largas - suficientemente largas para abarcarem 50 milhões de mortos, mais coisa menos coisa - é Jamil Ziyadaliev, georgiano de 64 anos que ganha a vida a vestir a pele do seu ídolo Estaline. De manhã à noite, todos os dias da semana. E não está só. A sua conterrânea Liana Imanidze de 71 anos que tem no quintal uma máscara mortuária do ditador, lamenta a ignorância da juventude georgiana, seus netos incluídos, por estarem mais interessados na Paris Hilton que na Segunda Guerra Mundial:
“lamented that younger Georgians were ignorant about Stalin, including her own grandchildren, who she complained were more interested in Paris Hilton than in World War II”
Talvez por não ter bigode; penso eu de que. (Ou então se tem, pelo menos faz a depilação).