"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Portugal À Frente, a aliança que nos restituiu a credibilidade lá fora, arranjou dinheiro para pagar salários e pensões cá dentro e ainda encheu os cofres para fazer face a algum imprevisto, nos intervalos de andar nas televisões a pregar moral ao PS e a chamar de irresponsável o PCP e o Bloco.
«“a Parpública não assegurou que os consultores financeiros (seja para a avaliação prévia ou a assessoria no decurso do processo de venda) ficassem impedidos de assessorar posteriormente os potenciais investidores, no mesmo processo, o que veio a acontecer com a contratação do BESI no processo de (re)privatização da EDP e da REN”»
«Não só o banco de investimento do antigo BES prestou serviços ao Estado como avaliador, como depois foi consultor financeiro dos compradores: a China Tree Gorges, no caso da EDP, e a State Grid, compradora da REN.»
«[...] as avaliações económicas e financeiras da REN e da EDP couberam ao Millennium BCP, Caixa Banco de Investimento (CaixaBI) e BESI, entidades que já estavam pré-seleccionadas para o efeito. Mas os restantes trabalhos de consultadoria financeira foram efectuados conjuntamente pelo CaixaBI e pela Perella, que foi subcontratada pelo banco de investimento da CGD “com o consentimento tácito da Parpública, sem estar incluída na lista dos pré-qualificados para a assessoria financeira aos processos de privatização”.»
«[...] a Parpública “não poderia, por acção ou por omissão, consentir a subcontratação por um candidato pré-qualificado de outra entidade que não figurava na lista”. Um subcontratado que agiu “de forma interventiva e autónoma (…) com o assentimento da Parpública”»
«“dualidade de critérios” no processo de selecção dos assessores. É que para a escolha dos avaliadores e assessores jurídicos foram várias as entidades convidadas a apresentar propostas, mas para a assessoria financeira, “cujo valor foi largamente superior ao dos dois primeiros” só foi convidada uma entidade: o CaixaBI.»
«“falta de transparência” no que toca à “contratação de consultores externos associados aos processos de privatização”; acusa-a de incumprir as orientações da Direcção Geral do Tesouro e Finanças (DGFT) em matéria de contratação de consultadoria técnica e também contesta o entendimento da Parpública de que não está sujeita ao código de contratação pública (CCP) e de que não tem por isso de publicar os respectivos contratos no portal BASE.»
Passos Coelho não terá "dado troco", essas coisas terrenas ficam a cargo dos assessores e restante entourage que têm uma interpretação muito própria do conceito "trocos":
Uma pessoa vê os frente-a-frente no telejornal do Mário Crespo na SIC Notícias e, quando calha ser o turno de José Luís Arnaut, uma pessoa pergunta quem é que no seu perfeito juízo vota num partido que tem nas suas listas um personagem daquele calibre, tal é o poder raciocínio, tal é a capacidade argumentativa, a coerência ideológica, a cultura política, para já não falar na cultura geral.
Uma pessoa vê depois José Luís Arnaut ser recompensado, tratar da vidinha, e tratar de ser um ponta de lança de um partido, do arco governativo e com sentido de Estado e assim, numa empresa estratégica nacional, privatizada a bem da Nação, e já não pergunta nada.
By the way, o PS faria bem melhor em ficar caladinho.
Já mais fácil é aumentar os custos extra na factura do consumidor, camuflados de incentivo ao investimento e, como que por artes mágicas, transformados nos salários e prémios obscenos recebidos pelas administrações e pelos accionistas da EDP e da REN.
(Na imagem “… drugs & rock n’ roll”, autor desconhecido)
Nos 50 anos da obra-prima de Fellini, os italianos olham com saudade para uma época que proporcionou a milhões um estilo de vida despreocupado e de prosperidade económica e que temem não mais voltar.