"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No tempo em que as pessoas se encontravam nas colectividades e nos cafés para falarem umas com as outras e trocar ideias este personagem tinha sido internado compulsivamente num hospício, no tempo das "redes sociais" da cobardia anónima e o ódio acéfalo o personagem não só lidera um partido como é deputado eleito e arrasta atrás de si uma horda de alucinados que acredita piamente naquilo que o mestre diz.
Quando o imbecil ordena uma carga policial para limpar um protesto pacífico a decorrer na rua que depois atravessou para posar no átrio da igreja de Bíblia na mão, ele que mais que já várias vezes deixou escapar que gostaria de fazer mais que dois mandatos na Casa Branca, já consideraram a hipótese de com este acto querer passar a ideia de que é presidente por direito divino, à imagem das monarquias europeias até à Revolução Francesa?
"Woe to you, oh, earth and sea For the devil sends the beast with wrath Because he knows the time is short Let him who hath understanding reckon The number of the beast for it is a human number Its number is six hundred and sixty six
Já que o critério parece ser a "imposição de critérios", o que é que pesa mais: 150 bispos eleitos pelo método do centralismo democrático - o Papa nomeia os bispos que elegem o Papa, ou 150 deputados eleitos pelos cidadãos em eleições livres e democráticas?
Por muito que gostassem isto não é a rábula do "o que é que pesa mais: um quilo de chumbo ou um quilo de algodão?" sendo que, contra todas as leis da física, um dos quilos já pesou mais.
De certeza que há alguma explicação filosófica, que encaixa nalgum dogma da fé propiciador de boas palestras e óptimos sermões, capazes de meter igrejas inteiras a bocejar e a passar pelas brasas, que explicam esta brilhante consagração fora da compreensão do comum dos mortais por mais beato que seja.
"Por regra, havia humanidade no modo como as penas eram impostas pela Inquisição. Assim, por exemplo, houve cristãos detidos – só os fiéis podiam ser julgados por este tribunal da Igreja! – a quem se permitiu que fizessem férias, ausentando-se da prisão por um período de tempo determinado, com a obrigação de, expirada a licença, regressarem ao presídio, para completarem a pena.
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Permitiu-se igualmente que os condenados pelo tribunal da Igreja fossem dispensados, por razão de doença, do internamento penitenciário.
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Também se conhecem histórias de condenados que foram dispensados do cárcere por razões familiares.
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Quer isto dizer que a Inquisição era um exemplo de humanidade e não houve excessos na aplicação da justiça eclesiástica? Claro que não: certamente que houve abusos e a própria prática da tortura, como meio processual para a confissão do arguido, que tem a sua origem no direito romano, é abominável. Os inquisidores eram, como todos os homens, pessoas capazes do bem e do mal. Houve, com certeza, juízes do tribunal do Santo Ofício que foram rectos e justos na aplicação da lei eclesiástica então vigente, como também os houve que se excederam, sendo responsáveis por abusos deploráveis, que não podem ser justificados, nem esquecidos. Mas a Inquisição não só foi melhor do que os estabelecimentos prisionais do seu tempo e posteriores – piores foram, decerto, os tormentos infligidos aos Távoras – como também era mais humana do que muitas prisões contemporâneas como, por exemplo, a de Guantánamo."