"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Agora que vai por aí grande frenesim e excitação com as comemorações dos 40 anos do Maio de 68 que amanhã se iniciam (confesso que tenho descoberto e aprendido bastantes coisas sobre o acontecimento aqui e aqui), até por ser um acontecimento que me passava completamente ao lado – “coisa de hippie”; pensava – e é sabido da fricção que a minha geração fazia com esses cabeludos da paz e do amor; aproveito para chamar aqui às páginas do blogue um acontecimento que marcou profundamente a minha geração; a data em que a grande maioria ganhou consciência política e uma causa, e aprendeu a canalizar toda a raiva e revolta para um objectivo comum.
Falo dos 30 anos do festival Rock Against Racism, com, entre outros, The Clash, Tom Robinson Band, Specials, X-Ray Spex, e que juntou 80 000 pessoas em Victoria Park/ Londres no dia 30 de Abril de 1978.
Rapidamente alastrou por toda a Europa, quer com festivais similares, quer por ter sido o impulsionador da adesão de milhares jovens a organizações anti-nazis e anti-racistas; um movimento completamente fora do controlo das organizações e partidos políticos tradicionais.
Seria o precursor de outros festivais, por outras causas, dos quais o Live Aid é o mais mediático.
Rock Against Racism, o acontecimento que marca o casamento entre a música e a defesa de causas políticas e sociais.
“In 1978, race relations in Britain were in crisis. The National Front was gathering power and immigrants lived in fear of violence. But that year also saw the rise of a campaign aimed at halting the tide of hatred with music - a grassroots movement culminating in a march across London and an open-air concert in the East End.”
“Rock Against Racism had started as a grass-roots movement in late 1976, in reaction to the infamous remarks by Eric Clapton at a concert in Birmingham, when he told the audience that Enoch Powell was right and that there were too many "foreigners" in Britain.”