"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Post-scriptum: Depois do post publicado chamam-me à atenção no tuita de que esta figura, a do “reformado do Estado em part-time”, já existe na figura do Presidente da Republica e da presidente da Assembleia da República.
Paulo Portas é confiável [adjectivo [con.fi.á.vel]: fiel, seguro, leal] porque os seus princípios político-ideológicos são simples: aceita tudo e qualquer coisa pela vaidade de ocupar um cargo governativo, aparecer. E isto serve para todos.
O Governo decidiu dividir por 14 meses o pagamento da actualização das pensões relativas a Dezembro, que ficou por fazer em 2007 por as actualizações terem passado para Janeiro. Trocado por miúdos, isto significa que, numa pensão média de 400 euros, os pensionistas, em vez de receberem de uma só vez os 9,6 euros de "atrasados" a que têm direito, vão recebê-los em 14 suaves prestações mensais de 68 cêntimos. Os pensionistas protestam, mas os pensionistas são burros e não percebem que é para seu bem. Conforme o secretário de Estado da Segurança Social ontem explicou, em 2009, se lá chegarem, os pensionistas, em vez de 2,4%, vão receber aumentos de mais, humm, basta fazer as contas, como diria Guterres, humm, deixa cá ver… 0,0072% (0,3% de 2,4%), o que, na tal pensão média de 400 euros, representará, humm, deixa cá ver outra vez… 2 cêntimos e tal, quantia que, devidamente poupada, em trinta ou quarenta anos lhes permitirá comprar uma máquina de calcular em qualquer loja chinesa. Deste modo, lá para 2050, os pensionistas perceberão que fizeram um grande negócio. O problema dos pensionistas com reformas de 400 euros (já não falo dos que têm reformas inferiores) é que, além de não serem fortes em aritmética, são pouco dados a fazer aplicações financeiras.
Logo no primeiro dia do ano não houve canal de televisão, rádio ou jornal que não falasse nos aumentos: o pão 30%; o leite 12%; electricidade e gás 3, 6% (apesar de este último aumentar mais numas regiões do país que noutras); os transportes 3, 9%. Do aumento do tabaco – 30% –, não falo, por ser substância ilícita…
Ontem fomos informados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, que 90% dos reformados não irão perder poder de compra em 2008. O que no mínimo significa que 90% dos que viviam mal em 2007, vão continuar na mesma em 2008; não ficam pior, o que na perspectiva do Ministério (que até é solidário e social no nome…), não deve ser mau. Do mal, o menos, devem pensar os reformados…
Também ontem, o “camarada” Jerónimo que nestas coisas de salários não costuma ser mau de contas, apesar de só ter a 4ª classe, tirada no tempo de Salazar, em que quem não soubesses a tabuada levava umas reguadas e ia para o canto da sala com “orelhas de burro”, apareceu nas televisões para dizer que os aumentos dos reformados serão este ano entre os 19 e os 32 cêntimos diários.