"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Este foi o fim-de-semana em que os senhores Belmiros de Azevedos e Alexandres Soares dos Santos deste país ficaram com as contas bancárias mais recheadas graças ao espírito humanista e solidário dos portugueses e, lá do aconchego fiscal na Holanda, prenhes de patriotismo e preocupações sociais e propósitos de crescimento com muitos dígitos e recuperação económica para o país, vão continuar a insultar os compatriotas, de malandros e calaceiros para cima, enquanto exigem "reformas laborais" em benefício da rigidez patronal, eliminação das contratações colectivas e trabalho máximo para pagamento mínimo, que isto aqui não é a Alemanha para onde emigram os portugueses que não produzem nada em Portugal.
Este foi o fim-de-semana em que os senhores Belmiros de Azevedos e Alexandres Soares dos Santos deste país ficaram com as contas bancárias mais recheadas graças ao espírito humanista e solidário dos portugueses e, lá do aconchego fiscal da Holanda, vão continuar, prenhes de patriotismo e preocupações sociais e propósitos de recuperação económica e crescimento, a insultar os compatriotas, de malandros e calaceiros para cima, enquanto exigem reformas laborais, eliminação das contratações colectivas e trabalho máximo para pagamento mínimo.
Ia comprar um pacote de leite comprou dois – um para casa outro para o saco; ia comprar uma lata de conserva comprou duas – uma para casa outra para o saco; ia comprar um pacote de massa comprou dois; um saco de arroz vezes dois; uma lata de salsichas vezes duas; e assim sucessivamente, vezes euros, vezes milhões de consumidores.
Há gente que consegue fazer fortuna com tudo. Até a explorar o lado mais humano dos seus co-cidadãos.
O facto das campanhas já irem no seu 19.º ano não inibe os do costume de apontarem o dedo acusador uns aos outros sobre quem tem mais culpas no cartório da má governação e, em simultâneo, aparecerem nas vésperas e nos dias a enaltecer o trabalho de todos os voluntários envolvidos e a apelar à “piedade cristã” dos donativos dos cidadãos e ainda a medalhar e a comendar os dirigentes. A figura do bombeiro no nosso imaginário colectivo.
Dezanove – 19 – dezanove anos. Ora deixa-me cá fazer contas para ver se descubro quem, nos últimos xis anos de governação, foi mais responsável que os responsáveis, sendo que começo uns (muitos) anos antes dos dezanove porque as pessoas não ficaram pobres e com fome ao 19.º ano do dia para a noite.