Portugal não é um país pequeno
Ramalho Eanes, comandante da companhia onde Arnaldo Matos prestou serviço militar como Alferes, faz a evocação do "Educador da Classe Operária" no Expresso.
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Ramalho Eanes, comandante da companhia onde Arnaldo Matos prestou serviço militar como Alferes, faz a evocação do "Educador da Classe Operária" no Expresso.
40 anos depois o que há a assinalar é onde é que está hoje o "democrática e patriótica" depois da incubadora m-l, e quem é que hoje invoca o "democrática e patriótica" e que lá atrás, e um pouco mais à frente, acabaria a apoiar Eanes que continua no mesmo sítio.
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A lição de democracia dada, pro bono, a Cavaco Silva no dia 25 de Abril de 2015 pelo primeiro Presidente da República eleito democraticamente por sufrágio universal após o 25 de Abril de 1974 e que a direita, em geral, e Cavaco Silva, em particular, gostam de recordar como um homem do 25 de Novembro de 1975.
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Só quem nunca teve o jantar temperado todas as noites, durante meses a fio, com as imagens que chegavam nos telejornais dos confrontos no Soweto, com a polícia do apartheid a disparar a torto e a direito sobre tudo o que respirava [e quem nunca teve pode procurar no tubo ou nos arquivos das televisões para ter uma ideia] é que engole a pantominice das «reservas [pelo] incentivo à violência».
E nem vale a pena recorrer a Bertolt 'lugar-comum' Brecht "do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento, mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem", blah-blah-blah, ou à 3.ª Lei de Newton, "para toda interacção, na forma de força, que um corpo A aplica sobre um corpo B, dele A irá receber uma força de mesma direcção, intensidade e sentido oposto", blah-blah-blah também, para perceber onde é que estava a origem da violência.
É que há coisas que têm a ver com a ética, com a igualdade, com o respeito e com a tolerância, com o humanismo, ou para o caso e para os personagens em questão, com o "humanismo cristão", sempre mui pio na primeira fila da igreja mesmo frente ao ambão.
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Adenda: Outra pantominice, a da "preocupação da diplomacia de Lisboa em relação à comunidade portuguesa na África do Sul" foi desmontada por Ramalho Eanes, Presidente da República, depois de receber Thabo Mbeki com honras presidenciais no Palácio de Belém, com Mandela preso e o ANC na clandestinidade, mais ponto menos vírgula, porque "uma guerra revolucionária nunca é ganha pelo poder instituído e temos de projectar o futuro de 600 mil portugueses".
Explicado às criancinhas e a outros analfabetos, com um mural do MRPP do "dia 26 de Novembro de 1975".
A transição dos fiéis escudeiros de Mao, o maior genocída da história da humanidade [ao pé dele Pol Pot era um menino escuteiro], para a democracia, directamente, "sem passar pela casa de partida" e sem que na consciência lhes pese a cúmplicidade, sempre prontos a adjectivar todos os que pensam de modo diferente de "socialistas", "estalinistas" [oh ironia!] e, crime grave, de "keynesianos"; os actores políticos em lugares chave da governação, departamentos de Estado e instituições públicas, empresas públicas e empresas privadas, o que realmente importa reter está aqui tudo condensado.
A verdadeira homenagem a fazer no dia 25 de Novembro não é a homenagem a Ramalho Eanes e a Jaime 'Busca! Busca! Ataca! Ataca!' Neves, não. A homenagem a fazer no dia 25 de Novembro é a Arnaldo Matos, o grande educador do neo-liberalismo. Já merecia medalha ou comenda no Dia da Raça.
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Interessante verificar que aqueles que estão sempre a invocar "o pensamento político de Sá Carneiro" [ao fim destes anos todos ainda não consegui perceber qual era, mas isso agora também não vem ao caso] são aqueles que atiram para cima da mesa o nome de Ramalho Eanes como "personalidade de prestígio" para chefiar o “governo de salvação nacional” de Cavaco Silva, o Ramalho Eanes da caudilhização do regime, da escolha de governos e ministros, da interferência na acção governativa, que tanto irritava Sá Carneiro.
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Só se lembram do Syriza quando fazem faz trovões.
[Imagem de autor desconhecido]
Como é que se pode criticar o Presidente e o Governo por fugirem e se esconderem do povo e, ao mesmo tempo, sugerir que o Presidente governe sem ouvir o povo?
"em situações de emergência não pode haver tabus"
"É PRECISO RESPEITAR A VONTADE POPULAR", estava escrito no pano que servia de cenário ao comício do dia 19 de Julho de 1975 na Alameda D. Afonso Henriques em Lisboa.
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Para memória futura o dia em que 3 + 1 ex-presidentes da República, o melhor que arranjaram para mostrar ao povo foi uma aula de história recente de Portugal, em formato "se a minha avó não tivesse morrido ainda hoje era viva". Para o ano há mais, valha-nos isso.
Num período excepcional e único da nossa história, só comparável aos nos do “ouro do Brasil”, com os fundos comunitários para a modernização e integração a entrarem a rodos todos os dias do ano, a taxa de desemprego superior a 7%, a taxa de crescimento nos 0, 8%, a despesa pública acima dos 12%, e o nascimento do Banco Alimentar Contra A Fome. O senhor que à época era primeiro-ministro define «como um das suas prioridades o combate ao desemprego, “ o maior flagelo social da actualidade”» caso seja (re)eleito Presidente da República.
«podemos voltar a ter esperança». Já lhe tinha ouvido chamar muitas coisas…
(Imagem Caravana de traperos en la carretera de Madrid a Alcalá de Henares, el 14 de diciembre de 1951 Archivo Regional de la Comunidad de Madrid Fondo Martín Santos Yubero)