"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
[Não há erro de ortografia no título do post, é assim que os grunhos homofóbicos, racistas e xenófobos escrevem nas "redes" e nas caixas de comentários dos jornais].
- "me encaixaria na perfil da empresa e conseguiria um emprego", cobra criada
- "Não teria trauma em namorar homens brancos", fabualisso
- Iria num bom restaurante sozinha, Iria num supermercado sem segurança atrás, As pessoas não trocariam mais de calçada quando eu ando, nem mudariam de lugar no ônibus! Será que doeria menos viver?!, ada sak
- "eu ia me sentir de boa olhando na vitrine da loja sem os vendedores acharem que estou cuidando pra assaltar o estabelecimento", descolado
- "entraria de mochila em supermercados e lojas de conveniência sem me preocupar em ser seguidor por um segurança que acha que posso estar roubando.", bernardoalq
- "Parava de ensinar meu filho de como agir na rua sendo preto!", Sam Vargas
- "Eu poderia aceitar cargos sem saber que vai ter aquela pressão de ter um desempenho maior do que a média por que vão me "cobrar pela oportunidade", e por isso não vão ser tão tolerantes as falhas a que estão submetidos qualquer iniciante.", Tiago da Silva
- "Me sentiria protegido na presença da polícia.", Claudio
O pai que um dia vai ensinar aos filhos a coragem que é vir um magote de trogloditas de cabeça rapada rua abaixo a perseguir um preto indefeso só porque é preto e espancá-lo até à morte. Morre preto. Na televisão pública.
Trudeau não pede desculpa por um acto racista que não cometeu e que sabe não ter cometido, Trudeau reage à turba persecutória que tomou conta de todas as áreas e de todos os aspectos da vida e da sociedade neste princípio do século XXI, desde a literatura ao cinema, passando pela política ou até por uma simples máscara de Carnaval. E Trudeau ao fazê-lo está a dar ainda mais força a uma força que devia ser decapitada à nascença. Tempos perigosos estes.
O mesmo Passos Coelho que havia de patrocinar a candidatura do neofascista Ventura à Câmara de Loures, uma experiência trumpista caseira num subúrbio da capital para tomar o pulso ao eleitorado, e que teve a direita liberal, do "aliviar o peso do Estado na economia", toda em sua defesa nas "redes sociais".
O drama de Trump, também ele descendente de imigrantes, é o estar a mandar para "a terra deles" gente incomensuravelmente mais bem preparada, mais competente, com melhor formação, cultural, intelectual, moral, e com um QI superior ao seu [e à cambada de imbecis, com mais ou menos exposição mediática, que o rodeia] e que nos países de origem viu as oportunidades negadas, a si e/ ou aos seus pais e avós, por guerras inventadas pelos americanos onde elas não existiam ou por ditaduras militares, governos corruptos e cleptocracias aí instaladas pelos Estados Unidos para benefício de multinacionais e corporações ianques. É o drama por detrás do discurso do ódio.
Quando não tens nada para dizer mas tens de o fazer porque é mais forte que tu, não é defeito é feitio, tem gosto o burro em ouvir o seu zurro, mas ao dizeres tens de o dizer de forma embrulhada e a jogar com as palavras para que pareças muito sensato, e acima de tudo pietas para a gravitas do núcleo duro da tua base política de apoio, que pensa em privado o que os radicais que não podem ser vítimas de anti-radicalismo ousam dizer em público, e que até tem órgãos de comunicação social, e acesso ao prime time da televisão, para o dizer menos embrulhado que tu, com argumentos de revisionistas doutorados em História e de filósofos estruturantes do pensamento . Mais valia estares calado.
Faz hoje precisamente três anos que Portugal se sagrou campeão da Europa em futebol com uma equipa de pretos, ciganos e brasileiros, estranhos à "entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade", não herdeiros dos "Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789", e isto, como diz o povo, é do caralho!
Estrangeirada no sagrado solo pátrio, se calhar pretos e muçulmanos, à vez ou dois em um, e ladroagem na classe política. Os ciganos ficam para a próxima, não perdem pela demora.
Senhoras e senhores, o legitimador do franquista, racista, homofóbico e machista Vox, uma legislatura inteira sentado ao lado de Viktor Orbán, ambos muito preocupados com a democracia na Venezuela, candidato ao Parlamento Europeu pelo país que talvez mais emigrantes tenha dado à Europa e ao mundo, Nuno Melo no Twitter do CDS: