Ra’ mente, ganda praga!
Estas pancadas linguísticas.
Uma época houve, em que discurso para ser discurso tinha de comportar o “efectivamente”. Desde o político, mais ou menos mediático, até ao cidadão anónimo entrevistado na rua a propósito de um atropelamento, lá vinha o “efectivamente”. De tal forma que Rui Reininho, então na sua fase áurea de letrista mordaz e perspicaz observador dos comportamentos, imortalizou o termo em disco com os GNR.
A moda mudou; aliás como qualquer moda que se preze. Depois da fase em que toda a gente começava o parlapié com o inevitável “é assim”, atravessamos agora a fase do “ra’ mente”. Há bocado vi uma reportagem sobre qualquer coisa que nem lembra ao diabo, mas que lembrou ao repórter, onde uma “tia”, com ar de quem nutre grande admiração pela Teresa Caeiro, utilizava em cada frase sem verbo, no mínimo, 5 vezes o termo “ra’ mente”. (Agora por isso, ra’ mente a Teresa Caeiro também está sempre a dizer “ra’ mente”.
Ra’ mente, ganda praga!