"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
É eticamente aceitável que Marcelo Rebelo de Sousa, na pele de Presidente da República do Estado laico [como o próprio sublinha no início do spot], a propósito de uma boa causa – ajudar os bombeiros, não se limitar a dar a cara e a voz pela campanha mas também fazer publicidade, todos os dias e a todas as horas, a uma rádio, entidade privada propriedade de uma confissão religiosa?
Debates radiofónicos matutinos. Para velhos. E desempregados. Não abrangidos por estágios e acções de formação avulso. Faz sentido no pós troika. É que mesmo nos 70's os folhetins passavam na hora do almoço. Portugal, século XXI, internet, online, redes sociais, interactivo, stream, iPhones e androides e tablets e isso e recibos e facturas electrónicas.
Pleno emprego alcançado através da erradicação, ou censura, das "redes sociais", estão explicados os dígitos de crescimento económico da Turquia, China, Arábia Saudita e et cætera.
Desempregados a quem já não sobra dinheiro para a prestação da casa, mais água e luz, mas que ainda vão aguentando a dose diária de feice coise e tuita para a veia, os manhosos.
Desempregados recentes na bloga e no feice coise e no tuita, os calaceiros, à procura de informação e opinião isenta, fora do circuito da comunicação social câmara de eco e capturada pela agenda ideológica que caiu sobre a Europa.
"A greve é fundamental, as pessoas devem ter direito à greve, mas não é por dá cá aquela palha". Não explicou, também não lhe perguntaram, como é que com uma Lei da Greve dos idos do PREC conseguiu cobrir o país de Norte a Sul com uma cadeia de supermercados, chegar a segundo homem mais rico de Portugal, 609º mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em 2,8 mil milhões de dólares, e ainda internacionalizar a empresa para a Polónia e tentar a América Latina.
Como ex-combatentes, pensionistas, contribuintes, famílias, lavoura, segurança dentro e fora das muralhas da urbe, e parece que não me esqueci de nada, já não colam, reinventou-se como "direitos de Portugal" vírgula irrevogáveis. Até o pagode perceber, se é que já não percebeu, que no Portas Translate "direitos de Portugal" dá "vaidade; peneirento; aparecer; sorriso Pepsodent; corte italiano; botões de punho; saltitar levemente de nenúfar em nenúfar; debaixo dos holofotes".
"Será mais fácil fazer aliança, mais à direita, com uma direita que entretanto, se terá aaaaa… aaaaa… livrado da tentação neoliberal que hoje marca claramente a actual maioria de direita". Depois enaltece Paulo Portas em quem deposita esperanças…
A páginas tantas Susana Martins da Rádio Renascença pergunta a José Sócrates, mais ponto menos vírgula, se não tinha receio dos processos judiciais que podiam surgir, Face Oculta e etc.