"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Reduziram-se os dias de férias, eliminaram-se dias feriados, proibiram-se as pontes e as tolerâncias de ponto, excepto no dia de Natal amém, aumentou-se o horário de trabalho, reduziu-se o preço da hora extra e a produtividade não aumenta para se aumentarem salários e o salário mínimo nacional?
Não questionado a efectiva "redução da população" escolar, nem sequer o argumento de que o Estado não é, nem deve ser, uma "agência de colocação de emprego", há professores a mais e aumenta-se o número de alunos por turma, com claro prejuízo para o aluno, para o processo de aprendizagem, para a qualidade do ensino, e para o professor? Qual foi a parte que eu não percebi?!
O que o ex-presidente do PSD e comentador televisivo e Conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa não disse foi que a administração da RTP se pronunciou sobre um cenário, lançado para cima da mesa pelo exemplo acabado do que é a concessão de um serviço público a uma entidade privada, António Borges, prontamente desmentido por ministros do próprio Governo e por um dos partidos da oposição, o CDS/PP, como se de uma decisão, um facto consumado se tratasse, não entrando com isso em "choque" com a tutela e, como neste país ainda há, oficialmente, liberdade de expressão, a demissão nem sequer deve ser equacionada, nem pela administração da RTP nem pelo Governo. Não disse porque não lhe convém ou porque não sabe do que fala.
A que se deve a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros português na cerimónia de formalização do acordo de financiamento entre uma empresa nacionalizada pelo Estado chinês, a EDP, e um banco estatal chinês, o China Development Bank?
A directora do FMI chega e alerta para os riscos da austeridade, o FMI chega e impõe a austeridade. Quantos éfe éme is é que há, o éfe éme i é bipolar, o éfe éme i anda ao Deus dará e cada um diz e faz aquilo que lhe apetece? Qual foi a parte que eu não percebi?!
Os que passam a vida a criticar o secretismo da vida interna do PCP são os mesmos que acham natural e democrático a opacidade da maçonaria.
No entanto o PCP vai a votos e não ocupa cargos de governação [nem de administração pública e empresarial por nomeação], enquanto a maçonaria, que não vai a votos, divide o Estado de direito entre a família e os amigos. Um pormenor.
Suspeito de crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e burla qualificada fica a aguardar julgamento em liberdade, depois de ter pago uma caução de 500 mil euros. Dinheiro que juntou num pé-de-meia após uma vida inteira de trabalho árduo ou que é fruto dos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e burla qualificada pelos quais é acusado?
Regionalites futeboleiras à parte, confesso não conseguir perceber o “affair” Porto-Vigo. O contribuinte português paga uma ligação ferroviária, que dá um prejuízo mensal de €19. 600, sem que se perceba se serve para os espanhóis entrarem no país ou para os portugueses fugirem para Espanha. Aparentemente as duas hipóteses são válidas, se bem que a que nos possa favorecer economicamente [a entrada de espanhóis] só seja válida durante os meses de Verão, uma vez que a Renfe só suporta os custos até ao final de Setembro…
O “affair” Porto-Vigo, e até prova em contrário, é um pouco como as portagens nas SCUT que são boas [por omissão, uma vez que não se ouve uma única voz de protesto do lado de cá da fronteira] na Galiza, e más, muito más, no Norte de Portugal [pela unanimidade de protestos que conseguiram gerar desde Aveiro a La Coruña].
Adenda: quando escrevia o post, o Word corrigiu-me "Porto-Vigo" para "Morto-vivo". Faz sentido.
Há força da repetição, em todos os sítios, todos os dias e a todas as horas, fomos obrigados a decorar que “foi a maior crise dos últimos cem ianos (sic), e que o Governo teve de tomar as medidas necessárias para acudir a situações de emergência, e às famílias carenciadas, e para salvar os empregos e as empresas e os bancos e mais o Estado Social, e foi por isso, e só por isso, que o Orçamento ficou fora de controlo”. E tudo isto enquanto ouvíamos as notícias, todos os dias e a todas as horas, sobre as empresas que fechavam portas e os empregos que se esfumavam.
Aumentar o IVA para não cortar nas pensões e reformas significa que as pensões e reformas mais baixas, que não serão cortadas por via do aumento do IVA, vão ter um cabaz de compras [alimentação, medicação, bens de primeira necessidade] e pagamentos [rendas, água, luz, etc.] específico, com IVA reduzido para não perderem poder de compra?
Brincar com as palavras, ou Pedro Passos Coelho em modo Harry Houdini:
Já que falamos em justiça e em "auto-estrada da justiça", o eixo Évora-Beja (Vila Verde de Ficalho)-Faro continua, não esquecido mas ignorado, talvez porque pela densidade populacional dá poucos votos (isto sou eu a especular). E Beja que vai ter aeroporto, além de não ter auto-estrada a ligar a Lisboa e a Espanha (Sevilha é mesmo "ali ao lado") não tem comboio, pelo menos um comboio pelos padrões europeus dos finais do séc. XX. Visão estratégica.